Pé no freio

Arcelor deve cortar produção em MG 

Companhia já reduziu turnos no Espírito Santo e negocia lay-off na unidade de Piracicaba

Por Juliana Gontijo Enviada especial
Publicado em 15 de julho de 2015 | 03:00
 
 
 
normal

São Paulo. Com a demanda fraca por aço no país, o terceiro laminador da ArcelorMittal em João Monlevade, na região Central de Minas Gerais – que consumiu investimentos de US$ 270 milhões – pode ser desligado, segundo o CEO da ArcelorMittal Aços Longos Américas Central e do Sul, Jefferson de Paula. A definição deve acontecer no prazo de um mês e meio a dois. “Quando nós definimos o laminador, foi há três, quatro anos, e o Brasil vinha crescendo. Agora, não cresce mais”, disse, no Congresso Brasileiro do Aço & ExpoAço, que terminou ontem.

O laminador está em fase de testes. “A gente tem outras alternativas de não parar o laminador, que é muito moderno e tem uma qualidade excepcional. Nós temos outras usinas e talvez a gente transfira produção de uma usina para outra”, observa. Durante um dos painéis de ontem, o executivo afirmou que é possível que o laminador possa ficar parado pelo prazo de um a dois anos, dependendo dos rumos do mercado.

As unidades mineiras da companhia, em Juiz de Fora (Zona da Mata) e João Monlevade, estão operando a plena capacidade. Entretanto, contou Jefferson de Paula, a empresa já fez adequações de produção. Em Cariacica, no Espírito Santo, foram reduzidos dois turnos. E, no próximo mês, um dos dois laminadores em Piracicaba, no interior de São Paulo, será parado, o que significa redução de 500 mil toneladas produzidas. “Tudo depende do mercado. Talvez, a gente tenha que parar mais um laminador. Se o mercado melhorar, a gente liga e opera”.

Lay-off. O executivo ressaltou que o foco da empresa hoje está em reduzir custos para ficar mais competitiva. Em Piracicaba, estão sendo realizadas negociações com o sindicato. A perspectiva é que seja adotada a suspensão temporária dos contratos de trabalho (lay-off) em parte da planta.

Para o executivo, o mercado doméstico não vai retomar o consumo de aço no prazo de dois anos. “A previsão é de queda no PIB de 2% neste ano. Em 2016, deve ficar em zero. Depois, nos próximos dois a quatro anos, crescimento na casa dos 2%”, diz. Ele afirmou que, se as perspectivas se mantiverem, o pico de consumo aparente do aço, que ocorreu em 2013, só deve ser atingido de novo em 2023.

Exportação. Diante do cenário fraco dentro do país, a alternativa para a ArcelorMittal é aumentar a participação no mercado internacional. Hoje, 15% da produção vai para o exterior. “Neste ano, as vendas externas devem representar de 15% a 16%. A perspectiva é passar para 20% a 23% em 2016”, disse Jefferson de Paula.

O CEO conta que vergalhões e commodities vão para os países vizinhos, como Bolívia, Paraguai, Colômbia, e Peru. Já os aços de alta qualidade têm como destino os Estados Unidos e o Canadá, além da Ásia. Para ele, o setor precisa recuperar mercado dentro do Brasil, que vem sendo reduzido em razão da entrada de produtos chineses.

A repórter viajou a convite do Instituto Aço Brasil

Notícias exclusivas e ilimitadas

O TEMPO reforça o compromisso com o jornalismo profissional e de qualidade.

Nossa redação produz diariamente informação responsável e que você pode confiar. Fique bem informado!