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ArcelorMittal registra aumento de 16% na produção, apesar da competição acirrada

Mesmo com a invasão do aço chinês no mercado brasileiro, siderúrgica avalia como positivo o desempenho no ano passado

Por Cinthya Oliveira
Publicado em 29 de abril de 2024 | 18:05
 
 
 
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Mesmo com a invasão do aço chinês no mercado industrial brasileiro, a ArcelorMittal Brasil obteve números acima da expectativa em 2023. Conforme balanço divulgado pela siderúrgica, a empresa registrou uma produção de 14,8 milhões de toneladas em 2023 (contando com os volumes de Argentina e Costa Rica), o que representou aumento de 16,5% ao ano anterior. E a perspectiva para 2024 também é positiva, já que na semana passada o Governo Federal anunciou novas regras para a importação do aço, fixando a taxa de 25% para quem importar acima de uma cota pré-estabelecida.

“A gente espera que a importação, ao menos, não aumente no segundo semestre, mas o melhor cenário é que reduza. E a expectativa é que a gente consiga efetivamente aumentar o mercado que vinha sendo abastecido pelo importado”, afirma Alexandre Barcelos, vice-presidente corporativo de Finanças e Tecnologia da Informação da ArcelorMittal Brasil. Vale lembrar que o mercado interno corresponde a 55% das vendas da empresa. 

Embora a produção da siderúrgica tenha crescido em 2023 - graças especialmente à aquisição da Unidade do Pecém, no Ceará -, a receita líquida foi de R$ 69,8 bilhões, uma queda de 2,6% em relação a 2022. O lucro líquido foi de R$ 4,1 bilhões, uma diminuição de 54,5% sobre o ano anterior, especialmente por conta da queda no valor internacional do aço e do aumento dos custos de produção. 

Barcelos explica que houve essa redução porque a base de comparação estava muito alta, já que 2022 foi um ano extraordinário para a siderurgia brasileira. “Entre o segundo semestre de 2020 e o primeiro semestre de 2022, a empresa teve resultados extraordinários, uma margem nunca vista no setor. Porque, durante a pandemia, a indústria siderúrgica foi muito beneficiada pelo aumento no consumo da construção civil e na indústria de forma geral. Mas no final de 2022, o mercado passou por uma volta à normalidade, as margens (de lucro) começaram a ser reduzidas”, argumenta. 

O aumento na produção e nas vendas ele atribui à aquisição da Unidade de Pecém por R$ 11,2 bilhões, em março do ano passado - descentralizando ainda mais as operações da empresa, que possui unidades muito importantes nas regiões Sul e Sudeste. A planta recém-adquirida tem uma produção média de 3 milhões de toneladas de aço por ano. 

A compra da unidade do Ceará é uma das ações de investimentos que a ArcelorMittal planeja fazer até 2026 - um valor total de R$ 25 bilhões. Além disso, está previsto o aporte de R$ 4,2 bilhões em um parque eólico na Bahia, a partir de uma joint venture com a Casa dos Ventos, para geração de energia limpa que vai abastecer as operações da siderúrgica. A expectativa é de que o parque eólico esteja pronto em 2025. 

Essa é uma das ações que visam um aumento de produtividade de um aço com maior valor agregado, especialmente pelos elementos de sustentabilidade tão cobrados pelo mercado. “Sabemos de nossa responsabilidade e temos objetivo de emissão líquida zero carbono até 2050, que não está longe e precisamos começar a pensar na sustentabilidade agora. A Europa está mais rígida e o Brasil também está caminhando para uma nova regulamentação, com todo debate sobre mercado de carbono”, afirma Barcelos. “Nossas ações não são só para atender as regulamentações, mas também para nossos clientes que querem um aço descarbonizado”. 

Mudança na taxa de importação

No último dia 23, atendendo ao pleito das siderúrgicas brasileiras, o governo anunciou a decisão de estabelecer cotas para a importação de aço e aumentar para 25% o Imposto de Importação sobre o volume excedente. Quem comprar dentro de uma cota pré-estabelecida, vai pagar as mesmas tarifas de hoje, entre 9% e 12,6%. A medida entra em vigor a partir de junho e deve ter duração de um ano. 

“A importação de aço dobrou no Brasil e ela vem de várias regiões, mas especialmente da China, que detém 50% da produção mundial. Com redução do crescimento interno, a China ficou com excesso de produção e, por isso, tem vendido mundo afora. Mas locais como Estados Unidos, Europa e México, possuem barreiras comerciais”, explica Alexandre Barcelos. 

Para o vice-presidente corporativo da ArcelorMittal Brasil, essa não foi a única medida governamental importante para o setor. “A regulamentação da Reforma Tributária é mais um passo importante para que tenhamos um sistema tributário mais alinhado com o mercado internacional”, diz Barcelos. “A inflação está caindo, os juros estão caindo e é importante que caiam mais, mas não através de um anúncio político, mas de medidas que observam as diversas variáveis, como o cenário internacional”, completa, lembrando que juros baixos favorecem especialmente a indústria automotiva, a indústria de eletrodomésticos e a construção civil, que estão entre os principais clientes da siderurgia.

 

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