Uma das atividades econômicas mais importantes do Brasil, o setor de mineração é um espaço predominantemente masculino. No entanto, o 3º Relatório da Women In Mining (Mulheres na Mineração) - WIM Brasil - divulgado na última terça-feira (28), mostrou que a participação feminina na força de trabalho e na liderança dentro das empresas vem apresentando avanços.
A pesquisa, realizada em parceria com a Ernst & Young (EY), revelou que 21% da ocupação nas 33 corporações participantes corresponde a mulheres. O número de contratações do sexo feminino subiu de 32%, em 2022, para 43% em 2023. Já no exercício de cargos de gestão, houve um leve progresso: o indicador passou de 22%, no ano passado, para 24%.
Esses resultados são, em grande parte, atribuídos a movimentos voltados para o impulsionamento da presença da mulher no setor mineral. Para além da equidade de gênero, estão nascendo projetos que buscam oportunidades igualitárias para as mulheres negras. O Rede Pretas na Mina representa bem esse cenário.
“Atualmente, a gente já tem metas para a presença da mulher nas diversas posições de trabalho do setor. Mas, ainda sem o olhar do recorte de raça. Esse marcador é tão importante quando a gente pensa no nosso país, que tem 56% de pessoas pretas e pardas. Por isso, não tem como você não olhar intencionalmente para essa questão,” destaca Ana Cunha, diretora de Relações Governamentais e Responsabilidade Social da Kinross e conselheira do Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM).
Segundo Ana, que atua no setor mineral e se declara uma mulher preta, esse tema está muito conectado à realidade dela. Por essa razão, a diretora se juntou a Laura Queiroz para criar o Rede Pretas na Minas. O movimento ainda está em desenvolvimento. O primeiro passo é a divulgação de um questionário, que deve ser respondido por mulheres que trabalhem dentro das mineradoras ou que prestem serviço a elas.
“Precisamos entender quantas somos, o que temos feito dentro da mineração e em quais posições estamos dentro dessa rede tão grande. A partir das respostas, vamos definir quais serão as nossas frentes de trabalho e de que forma iremos fortalecer ações afirmativas, para que esse grupo seja maior tanto em tamanho quanto em significância,” enfatiza Ana.
No formulário - disponível em docs.google.com/forms - há perguntas como:
“O Rede Pretas na Mina não tem a pretensão ou a intenção de ser um projeto fechado. A ideia é que ela esteja em constante evolução. O movimento não está vinculado a nenhuma organização ou grupo. É uma iniciativa voluntária, e esperamos que juntas consigamos mapear as principais demandas dessas mulheres,” finaliza a diretora.
O relatório da Women In Mining (Mulheres na Mineração) também mostrou que as pautas de Diversidade, Equidade e Inclusão (DEI) têm sido cada vez mais estratégicas no mundo corporativo. Conforme o levantamento, 97% das empresas possuem programas ligados a esses temas.
Dentre as ações desenvolvidas, 73% delas são formalizadas nas organizações, o que significa uma elevação de 17 pontos percentuais sobre o ano passado. Além disso, as pautas, que antes eram de responsabilidade exclusiva da área de Recursos Humanos, agora integra a agenda executiva de 78% das companhias.
Recentemente, a mineradora AngloGold Ashanti divulgou 22 vagas exclusivas para mulheres na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Intitulada de Mulheres de Ouro, a iniciativa faz parte de um programa que busca ampliar e fortalecer a participação feminina em suas operações. Segundo a empresa, atualmente, as mulheres representam 13,5% do seu quadro de trabalhadores.
"Estamos comprometidos em mudar o cenário da indústria de mineração e estabelecer um novo padrão de equidade de gênero. Acreditamos que as mulheres têm um papel fundamental a desempenhar na mineração e estamos determinados a criar oportunidades para que elas prosperem nessa área", afirma o vice-presidente de Recursos Humanos da AngloGold Ashanti, Felipe Fagundes.