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Balança comercial já tem superávit de R$ 287 bilhões; quem ganha com isso?

Saldo da balança comercial registrado entre janeiro e julho foi o maior desde 1989


Publicado em 15 de agosto de 2023 | 06:00
 
 
 
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Após bater recorde no saldo da balança comercial entre janeiro e julho deste ano, com mais exportações do que importações, o Brasil segue no mesmo caminho em agosto. Nas duas primeiras semanas deste mês, as vendas para o exterior cresceram 5,1% e as importações caíram 20,1%, gerando um superávit de US$ 57,88 bilhões (R$ 287,08 bilhões) entre janeiro e agosto. Até o mês passado, o saldo da balança comercial no ano estava acumulado em US$ 54 bilhões (R$ 267,84 bilhões), maior valor para o período desde 1989.

Os itens de maior destaque da exportação brasileira no ano são os produtos agrícolas e os minerais. Em agosto, o aumento do saldo da balança comercial está sendo puxado pela expansão das vendas no exterior de algodão bruto (129,7%), soja ( 27,2%) e café não torrado (17,5%) na Agropecuária; outros minerais bruto (121,9%), minério de ferro e seus concentrados (12,3%) e minérios de cobre e seus concentrados (19,9%) na Indústria Extrativa; e açúcares e melaços (65,4%), farelos de soja e outros alimentos para animais (excluídos cereais não moídos), farinhas de carnes e outros animais (45,6%) e tubos e perfis ocos na Indústria de Transformação.

No caso das importações, o país teve queda de 33,2% nos produtos agrícolas até o fim da segunda semana de agosto, redução de 21,1% na Indústria Extrativa e recuo de 19,6% na Indústria de Transformação. A combinação destes resultados motivou a queda das importações na primeira quinzena deste mês.

Quando a balança comercial fica positiva, uma das consequências boas para o país é a valorização da moeda. “O aumento das exportações costuma provocar uma queda do preço do dólar internamente porque entram mais dólares no país, os contratos de exportações são fechados em dólares, então com essa entrada de moeda estrangeira aumenta a oferta de dólares e o preço da moeda norte-americana acaba caindo. Ou seja, isso acaba valorizando a nossa moeda, o real, o que é bem importante, uma vez que o desenvolvimento de um país é dado pela corrente de comércio, que é a soma da importação com exportação”, afirma Carla Beni, economista e professora de MBAs da Fundação Getúlio Vargas (FGV).

O aumento das exportações também provoca um aumento da geração de empregos no agronegócio. “Dos cinco municípios que mais abriram novos postos de trabalho no país, quatro estão ligados à atividade agrícola. São cidades com até 50 mil habitantes que estão aumentando a procura por trabalhadores porque são direcionados para o agro. Isso melhora a renda e acaba, inclusive, atraindo pessoas de outros locais e outras cidades para essas que estão com mais vagas de trabalho”, explica a especialista. 

Projeção até o fim do ano

Por outro lado, a Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB) projeta que o Brasil vai exportar e importar menos em 2023 do que em 2022, considerando o intervalo de janeiro a dezembro. Neste ano, as exportações entre janeiro e julho estão com alta de apenas 0,1% em relação ao mesmo período do ano passado. E as importações estão com queda de 8,8%.

Por isso, a AEB prevê uma redução de 3% nas exportações em 2023, que chegariam a US$ 323 bilhões até o fim do ano, e um recuo de 12,9% nas importações, com um valor estimado de US$ 237,4 bilhões.   

A Associação de Comércio Exterior do Brasil até estima que o Brasil terá um saldo positivo recorde na balança comercial, com US$ 86 bilhões, alta de 40,5% em relação a 2022. No entanto, a AEB destaca que será um “superávit negativo”, gerado por fatores negativos e não positivos para a economia, sem a criação de mais empregos e sem um crescimento da atividade econômica.   

Exportações (dados fechados)

Janeiro a julho de 2023 - US$ 194,2 bilhões
Janeiro a julho de 2022 - US$ 193,9 bilhões

Importações (dados fechados)

Janeiro a julho de 2023 - US$ 140,6 bilhões
Janeiro a julho de 2022 - US$ 154,2 bilhões

Balança comercial (dados fechados)

Janeiro a julho de 2023 - US$ 53,5 bilhões
Janeiro a julho de 2022 - US$ 39,6 bilhões

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