BH é a capital com o menor percentual de pessoas em home office, revela pesquisa

Belo Horizonte é a capital com o menor percentual de trabalhadores totalmente remotos entre as principais do país, segundo uma pesquisa encomendada pelo QuintoAndar e pelo Imovelweb, plataformas especializadas em moradias. De acordo com o levantamento, apenas 15% das pessoas trabalham somente em casa.

A pesquisa traz dados sobre outras capitais do país, além da mineira, como São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba e Porto Alegre. Para efeitos de comparação, 23% dos trabalhadores da capital paulista e 26% daqueles que atuam na capital fluminense exercem atividades totalmente em regime remoto - mesmo percentual registrado nacionalmente. 

Segundo o levantamento, o modelo presencial predomina na capital mineira. Metade da população de BH já trabalha deste modo. Trata-se de um percentual maior que o registrado nas outras capitais e superior também à média nacional (41%). 

Uma das hipóteses para essa situação é que boa parte (31%) dos trabalhadores de Belo Horizonte, entrevistados para a pesquisa, afirma ter começado no emprego neste ano ou no ano passado. É um percentual acima do registrado em São Paulo (24%), cidade do país com a maior proporção de trabalhadores que trabalham em casa pelo menos um dia da semana. 

“Diversas pesquisas têm mostrado que as vagas híbridas ou totalmente remotas estão ficando cada vez mais escassas. Como Belo Horizonte possui um contingente expressivo de trabalhadores que começaram a exercer suas atividades neste período, pode ter impactado para o resultado da pesquisa”, afirma Pedro Capetti, especialista em dados do Grupo QuintoAndar. 

Como um grande número de pessoas trabalham somente no escritório, morar próximo ao trabalho é um dos principais critérios na hora de escolher a residência. Segundo a pesquisa, 63% dos entrevistados em BH afirmaram que a proximidade ao local do serviço influenciou na escolha do imóvel que habitam atualmente. É o maior percentual do país. 

Em compensação, estar próximo ao transporte público não é uma grande prioridade. Enquanto 32% dos paulistanos apontam esse fator na hora de escolher o imóvel, apenas 20% dos moradores da capital mineira afirmam ter levado em consideração este critério. 

“Isso mostra o quanto a proximidade com o trabalho é importante em Belo Horizonte na hora de escolher um imóvel, diante de um transporte público que é considerado ineficaz, com problemas de trânsito e grande contingente de pessoas trabalhando presencialmente”, diz Capetti. 

Mudança na rotina 

De acordo com a pesquisa, 45% dos trabalhadores totalmente remotos ou híbridos afirmam que procurariam outro emprego caso fossem obrigados a trabalhar exclusivamente no regime presencial em Belo Horizonte. Além disso, 67% dizem que teriam que adaptar bastante a rotina de casa para conseguir ir presencialmente. 

O analista de marketing Victor Almeida Soares, de 27 anos, mora em Belo Horizonte e adora trabalhar de casa. Ele está neste modelo de trabalho desde março de 2020, início da pandemia de Covid-19 no Brasil.

"O home office ajuda bastante a otimizar a rotina do dia a dia. Tirando o deslocamento para o trabalho, que muitas vezes pode ser longo, e também os gastos com alimentação na rua, sobra mais tempo de qualidade para a gente se preparar melhor para o dia de trabalho. Depois de acordar costumo arrumar o quarto, tomar um café com calma, um banho e aí me preparo para começar a trabalhar, sem os estresses de um dia na rua.”, afirma. 

No entanto, trabalhar de casa também não é tão simples. Segundo Victor, é preciso estabelecer uma rotina por conta própria.

“Um grande desafio é conseguir manter a disciplina para conciliar a atenção ao trabalho x casa. Às vezes até lavar pratos se torna tentador. Então busco sempre estabelecer metas de ações para o dia, me organizando com os horários de almoço e pausas e quando encerrar o dia para estabelecer esses limites”, explica.

Uma dica para manter a rotina de trabalho em casa, segundo o analista de marketing, é montar um escritório em um local diferente do quarto.

“Ajuda muito quando se tem um espaço próprio para o trabalho, diferente do quarto, conseguindo separar os momentos de trabalho e descanso fisicamente. No home office, sinto falta das trocas tête-à-tête e ágeis com colegas de trabalho, mas não sei se trocaria pelo modelo 100% presencial. Ter a liberdade de ir de vez em quando ao escritório é o modelo ideal", conclui. 

Metodologia da pesquisa

A pesquisa, encomendada pelo QuintoAndar e pelo Imovelweb, foi realizada pela Offerwise, por meio de um questionário online. Foram entrevistados 1.914 brasileiros, com 18 anos ou mais, de todas as classes sociais, nas 27 capitais do Brasil. 

Em Belo Horizonte, 200 pessoas foram ouvidas. O levantamento foi feito de 31 de agosto a 18 de setembro e tem margem de erro de 2 pontos percentuais, com um intervalo de confiança de 95%. 

Teletrabalho no Brasil, segundo o IBGE

O Brasil tinha cerca de 7,4 milhões de pessoas em teletrabalho em 2022, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), divulgados no dia 25 de outubro, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). É a primeira vez que um levantamento sobre o trabalho em home office é feito no país.