27 de novembro

Black Friday: intenção de compras está menor neste ano, diz pesquisa

Consumidores devem usar, principalmente, a internet para adquirir produtos; no comércio eletrônico, expectativa é de aumento de vendas

Por Rafaela Mansur
Publicado em 27 de outubro de 2020 | 12:00
 
 
 
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Seis a cada dez consumidores estão aguardando a Black Friday para adquirir um produto. A expectativa do comércio é de que a data impulsione as vendas, mas a redução da renda das famílias, provocada pela pandemia do coronavírus, deve causar reflexos no setor: neste ano, 54% dos brasileiros dizem que vão comprar algo no dia 27 de novembro, o que significa uma queda de oito pontos percentuais em relação a 2019, de acordo com uma pesquisa encomendada pelo Google e realizada pela Provokers.

Com a pandemia e as recomendações de distanciamento social, o meio online ganhou ainda mais força, e 40% dos consumidores pretendem comprar apenas pela internet, um aumento de 7% em relação ao ano passado. Enquanto isso, 26% das pessoas pretendem fazer transações apenas em lojas físicas. Quando se considera apenas o comércio eletrônico, as projeções são otimistas: a Ebit Nielsen prevê que as vendas do e-commerce no Brasil durante a Black Friday vão superar em 27% as realizadas no ano passado.

Segundo a pesquisa do Google, independentemente do canal de compra, 82% dos brasileiros vão pesquisar online antes de comprar. Desse total, 41% já iniciaram as buscas, e 62% vão começar a pesquisar agora, faltando um mês para a data. Os celulares concentram a maior intenção de compras, citados por 38% dos consumidores, seguidos dos eletrodomésticos (30%), itens de informática (28%), roupas femininas (28%) e TV (26%).

Em Belo Horizonte, ainda não há dados fechados sobre sobre as vendas na Black Friday, mas o vice-presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL-BH), Fernando Cardoso, acredita que elas podem chegar a um patamar próximo do ano passado. "A evolução das vendas vem melhorando ao longo dos meses, e Black Friday, com as promoções, vai ser uma forma de os empresários manterem essa evolução do faturamento e gerarem caixa para suas empresas, o que neste momento é importantíssimo", afirma. "Com empresas fechadas (por alguns meses, por causa da pandemia), eles têm muitos produtos para liquidarem, e a variedade pode ser um atrativo para o consumidor comprar mais", diz.

Na avaliação do economista-chefe da Fecomércio MG, Guilherme Almeida, certamente a Black Friday terá um desempenho positivo em comparação com outras datas do ano, mas, em relação ao mesmo período de 2019, alguns indicadores podem influenciar no resultado.

"A inflação começou a apontar no cenário, principalmente para o consumidor de baixa renda, o crédito segue com condicionantes para deterioração, porque o endividamento e a inadimplência estão elevados, e o desemprego ainda segue alto", pontua. "A recuperação do varejo nos últimos meses segue muito amparada por conta do auxílio emergencial, e o governo já sinalizou que vai até dezembro. Depois, como as famílias vão arcar com seus compromissos financeiros? Com essa dúvida, a tendência é que elas se tornem mais cautelosas e economizem nas compras", pontua.

De acordo com a pesquisa do Google, o preço ainda é o primeiro fator determinante para as compras, mas outros critérios têm ganhado relevância, como parcelamento e valor do frete.

Para o economista Guilherme Almeida, os lojistas devem apostar em promoções diferenciadas e sérias para atrair o consumidor, mas, para isso, é necessário um bom planejamento. "De nada adianta oferecer desconto agressivo em determinado item, se ele não consegue ter um fluxo de caixa para suportar operações a curto prazo. A ideia é que ele mapeie estoques e veja itens com maior possibilidade de redução da margem de lucro", conclui

Pesquisa de preços já deve começar

Para aproveitar bem os descontos da Black Friday e não cair em cilada, é importante monitorar desde já os preços e as condições de pagamento dos produtos desejados. Na data do ano passado, os consumidores bombardearam o site Reclame Aqui com reclamações referentes, principalmente, a propaganda enganosa, problemas na finalização das compras e divergência de valores. Além disso, para 81,5% dos entrevistados ouvidos pelo site no dia, os descontos ficaram abaixo do esperado (46,3%) ou simplesmente não existiram (35,2%).

"A principal fraude cometida nessa época é a maquiagem de preços, o lojista aumenta o preço do produto algumas semanas antes da Black Friday e, na data, volta a baixar o preço como se fosse uma promoção. A pesquisa de preços é a melhor ferramenta para o consumidor utilizar nessas semanas que antecedem a data. No dia específico da Black Friday, ele vai conseguir saber se aquela promoção realmente é verdadeira ou não", afirma Juliana Moya, relações institucionais da Proteste - Associação Brasileira de Defesa do Consumidor. A Proteste tem uma ferramenta de monitoramento de preços, que também pode ser realizado em sites como Buscapé, Zoom e Google Shopping.

Os cuidados devem permanecer também no dia da Black Friday, de forma a evitar sites falsos e fraudes. "Se o preço estiver muito abaixo do mercado, às vezes são produtos falsificados ou uma fraude. Nesta época aumentam as fraudes e o número de hackers que fazem páginas falsas para captar informações de pagamento dos consumidores, é bom ter atenção", alerta Juliana.

O site Reclame Aqui manteve o monitoramento de queixas relacionadas a Black Friday por dois meses e, nesse período, foram registradas 121.359 reclamações no site, um aumento de 24,7% em comparação com a edição de 2018. Os principais problemas relatados foram atraso na entrega (49,62%), propaganda enganosa (7,31%) e estorno do valor pago (5,44%). 

Juliana lembra que é obrigação da empresa cumprir o prazo de entrega informado. "Caso haja atraso, o consumidor pode pedir desconto equivalente ao abatimento do preço daquele produto ou cancelar a encomenda e obter a devolução do valor que ele pagou", explica.

Dicas para não cair em cilada na Black Friday

Use as próximas semanas para pesquisar a evolução do preço do produto em diferentes lojas. Guarde as informações por meio de print screen e, no dia 27 de novembro, verifique se os valores estão, de fato, mais vantajosos.

Recorra a sites de comparação de preços que fornecem o histórico do valor nos últimos meses.

Fique atento às ofertas ao longo do mês: os melhores preços podem aparecer antes da sexta-feira da Black Friday.

Verifique se o site é seguro: ao acessar o endereço eletrônico, veja se aparece um cadeado no canto esquerdo da barra de busca.

Suspeite de ofertas muito tentadoras e tenha cuidado com sites falsos, eles são praticamente idênticos aos originais. Em caso de dúvida, contacte a empresa.

Fique atento à reputação da loja. Verifique avaliações de consumidores em sites como Reclame Aqui e Consumidor.gov.br.

Guarde todos os dados da compra, como o endereço do site, os produtos adquiridos, o valor pago, a data de entrega e o número de protocolo.

Dê preferência a sites que possuem um sistema de pagamento, como PagSeguro ou PayPal, porque, dessa forma, existe outro intermediário na compra. Evite lojas que só aceitam boleto.

Certifique-se de que a empresa existe, verificando se o site possui endereço físico, canal de relacionamento com o consumidor e informações para que o fornecedor possa ser localizado.

Tenha cuidado com promoções enviadas por e-mail. Ataques de phishing, em que usuários são convencidos a revelar informações pessoais podem ser feitos por meio de e-mails falsos semelhantes aos originais

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