O presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), e o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), estiveram em Ipatinga, no Vale do Aço, nesta quarta-feira (26) para participar da reativação do alto-forno 1 da Usiminas. As atividades do equipamento estavam paralisadas desde 22 de abril, devido à pandemia.
Em seu discurso, Bolsonaro elogiou a retomada do alto-forno e aproveitou o espaço para criticar a imprensa mais uma vez.
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Ele citou o anúncio da possibilidade de sobretaxação do aço brasileiro, cogitado pelos Estados Unidos no ano passado, para dizer que a atuação da imprensa brasileira tem sido em seu desfavor. “No dia em que eu for elogiado pela imprensa, pode ter certeza que o Brasil está indo mal”, afirmou.
Ao parabenizar a retomada da atividade e finalizar seu discurso, Bolsonaro se esqueceu do nome da cidade. Ele disse “Ipatinga” e sussurrou para o lado antes de voltar falar ao microfone: “É Ipatinga, né?”, e em seguida completou: “Ipatinga acima de todos”, em referência ao seu bordão de campanha.
Zema, por sua vez, defendeu a parceria entre o governo e a iniciativa privada, reiterando que sua gestão tem se dedicado a abrir espaços mais amigáveis para investidores. “O Brasil não pode criminalizar as atividades produtivas. (...) Falar que uma empresa é criminosa porque produz riqueza, não!”, defendeu.
Impaciência
Além do episódio durante seu discurso, Bolsonaro também demonstrou a impaciência costumeira com a imprensa ao caminhar por parte da usina enquanto respondia a perguntas dos jornalistas.
Questionado novamente sobre o suposto pagamento de R$ 89 mil feito por Fabrício Queiroz à primeira-dama, o presidente chamou um jornalista de “otário” e cessou a conversa com outro repórter quando perguntado se ele se arrependia das ofensas proferidas nas últimas semanas. A outra jornalista ele chegou a dizer que não era local para falar sobre o assunto.
Inicialmente, havia uma estrutura preparada para que o presidente respondesse às perguntas da imprensa. No entanto, segundo informações obtidas no local, a segurança de Bolsonaro barrou a entrevista. O mandatário, contudo, foi respondendo a algumas questões mais convenientes enquanto seguia seu trajeto pela usina.
Alto-forno
As atividades do alto-forno 1 da Usiminas, o primeiro da usina, foram paralisadas em abril devido à baixa demanda do mercado por seu produto, o ferro-gusa. O equipamento tem a capacidade de produzir cerca de 2.000 toneladas do produto por dia.
Além do alto-forno, a aciaria 1 também foi reativada. A usina no Vale do Aço tem outros dois altos-fornos, o 2 e o 3, com capacidade de produção de 1.900 e 6.900 toneladas diárias, respectivamente.
O alto-forno chegou a ser paralisado também em 2015, sendo a crise econômica vigente a causa da interrupção. Em 2018, o equipamento foi reaberto após investimento de R$ 80 milhões, segundo contou o presidente da Usiminas, Sergio Leite, a O TEMPO na ocasião.
Retomada
A expectativa da Usiminas com a retomada é que a empresa se alinhe às tendências do setor siderúrgico, que, de acordo com o Instituto Aço Brasil, viu seu índice de confiança aumentar 8,0 pontos em agosto. O chamado Índice de Confiança da Indústria do Aço (ICIA) e chegou a 70,8 pontos, superando o patamar pré-pandemia, de 70,2 em fevereiro, e atingindo o segundo maior patamar da série histórica.
* A jornalista viajou a convite da Usiminas