Expansão

Buser pretende dobrar cidades atendidas em Minas Gerais até o fim de 2024

Em entrevista para o Ricardo Sapia, na FM O Tempo, o co-fundador da Buser, Marcelo Coelho, falou sobre os planos de expansão da empresa


Publicado em 13 de junho de 2023 | 18:03
 
 
 
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A plataforma de transporte rodoviário por aplicativo Buser pretende dobrar o número de cidades atendidas em Minas Gerais até o fim de 2024. De acordo com o co-fundador da empresa Marcelo Coelho, a meta é passar de 100 para 200 destinos dentro do Estado. Em entrevista para o Ricardo Sapia, no programa “15 minutos com o Sapia”, da FM O Tempo, o executivo explicou que pretende atingir cidades onde o transporte rodoviário habitual apresenta falhas. “A gente quer chegar ao máximo que a gente conseguir”.

Confira a entrevista:

Sapia: Vamos começar falando sobre o setor de fretamento que continua crescendo, passou por uma pandemia, queria saber como está a situação da Buser hoje.

Marcelo: A Buser é um aplicativo que conecta quem está viajando com as empresas de fretamento turístico, que são aqueles ônibus que a gente sempre usou na escola para fazer excursão, para fazer romaria em Aparecida, ir ver um jogo de futebol com nossos amigos. Então, esse mercado é um mercado que, só em Minas Gerais, tem mais de 2 mil empresas, e tem mais de 50 mil funcionários que trabalham nessas empresas. Para você ter uma ideia, como o mercado de aviação é muito caro, esse é um setor que voltou a crescer, mesmo num cenário de inflação alta. A Buser está ajudando muito a democratizar esse transporte e esse acesso, as pessoas que querem viajar para visitar a família e amigos, e fomentar o turismo dentro de Minas.

Sapia: eu ia falar sobre emprego, vou falar ainda, mas queria aproveitar e falar primeiro sobre essa redemocratização do acesso ao transporte. Nós tivemos várias histórias lá no passado, com as linhas de trem e depois com os primeiros ônibus, aquela dificuldade, estrada de chão, de repente chegaram as empresas de ônibus, que fazem as ligações entre municípios. E, hoje, a gente sabe que tem muitas cidades que estão sem ligação, porque esse tipo de transporte, me desculpe os donos de empresas de ônibus, se tornou arcaico, obsoleto. A Buser vem pegando esses espaços? Botando o pé nesses locais?

Marcelo: sim, a gente tem alguns diferenciais. A tecnologia veio exatamente para suprir esses gargalos. O que no passado as empresas viam como uma rota de ligação A e B como deficitárias, e elas não queriam atender, a gente vê como uma malha toda de cidades que precisam ser atendidas. Para se ter uma noção, hoje a gente atende mais de 100 cidades dentro de Minas e nosso plano é chegar em mais de 200 no final do ano que vem. A gente atende cidades que são ilhadas, digamos assim, do contato com outras cidades, porque não tem nenhum tipo de transporte dessas empresas que cheguem lá. A gente tem, por exemplo, Abre-Campo, ligações até com a Serra para quem quer ir para a praia no Espírito Santo, que eram ligações que nunca existiram. E quando a tecnologia vem, a gente consegue ver onde está a demanda, aonde que essas pessoas querem ir, e conseguimos suprir coisas para empresas mineiras que trabalham aqui e trazer renda para o nosso estado.

Sapia: Você disse que conecta o passageiro com as empresas de transporte, que são as empresas que fazem viagens de escolar, o pessoal que sai num bate-volta para ver jogo, são os ônibus de turismo. Mas como é feita essa conexão? Como que eu consigo saber se eu posso pegar um ônibus hoje pela plataforma da Buser?

Marcelo: A Buser não tem nenhum ônibus, a gente pega com essas empresas que estão no mercado há bastante tempo. Elas são donas dos ônibus, elas que contratam os motoristas, que fazem manutenção, e o que a gente faz é conectar as pessoas que querem viajar para o mesmo destino com essas empresas. No nosso aplicativo, você vai entrar lá, vai colocar para onde quer ir, por exemplo Belo Horizonte a Rio de Janeiro, e a gente vai juntar essas pessoas que têm o mesmo interesse que você. E vamos organizar toda a parte de back office, verificar se essa empresa é regular, se ela pode prestar esse tipo de serviço, se está em condições, se a infraestrutura dela é boa. Então não é uma plataforma que qualquer empresa pode vender, a gente tem todo esse critério para escolher e garantir que a qualidade e segurança dela seja o que o cliente contratou.

Sapia: ou seja, você já tem mais ou menos pré-aprovada a empresa que vai ser contratada, já passou pelo crivo da Buser. Mas isso tudo, essa necessidade de estar correto, isso tem um custo, e mesmo assim tem a passagem bem mais em conta que o ônibus arcaico. Como?

Marcelo:  isso é uma pergunta interessante porque a pergunta correta seria: por que a rodoviária é tão cara? Quando a gente começou, a gente cotou essas mesmas empresas de fretamento e comparou com as empresas da rodoviária, e o que a gente viu é que se o ônibus fosse cheio, estava 70% mais barato do que comprar as passagens vendidas na rodoviária 

Esses grupos estão aí há 70 anos fazendo esse mesmo serviço sem nenhuma concorrência, sem nenhuma alternativa, a dúvida é: por que chegou nesse nível de elas estarem tão caras? E aí o interessante é que a gente tem até uma pesquisa, do check my bus. O que esse meta-buscador viu? Que de 2019 a 2021, nas rotas onde existem outras alternativas, outras de empresas de aplicativo como a gente, o preço da passagem chegou a cair até 60%, em relação ao que era em 2019. Com toda inflação que teve no período, as passagens caíram porque foram introduzidas outras alternativas e novas empresas prestando esse mesmo serviço.

Sapia: quando a Buser entrou, ela entrou num mercado que eu sei que difícil, mas com ônibus de qualidade, com todo um atendimento, com diferencial. A Uber, por exemplo, deu uma queda em relação a carros. A Buser, em relação aos ônibus, existe essa preocupação com relação à qualidade e entrega do serviço?

Marcelo: A Buser está aqui em Minas desde 2017, a gente já convive com as empresas de rodoviária, assim como a Uber convive com o táxi desde 2017. E você não vê nenhuma história de empresa que quebrou, a gente vê até notícias que o setor já está operando em níveis pré-pandemia, o que a gente fez, inclusive, foi trazer novos passageiros, que não teriam condições de viajar se não fossem os preços que eles encontram .

Sapia: ou seja, vocês estão pegando novos passageiros. E no pós-pandemia, a Buser recuperou bem, está ajudando o PIB mineiro?

Marcelo: todas as empresas que a gente opera aqui são empresas cadastradas em Minas, pagam seus impostos em Minas. A gente traz, inclusive, turismo para Minas Gerais. A gente faz o dinheiro circular no estado e não ficar concentrado só na capital e nas grandes cidades, e isso é o que fomenta e faz a Buser crescer. Nosso plano de expansão é chegar no que os passageiros estão pedindo, quais cidades querem chegar.

Sapia: vocês têm alguma meta?

Marcelo: a gente prevê que, até o fim do ano que vem, a gente chegue em mais de 200 cidades. Minas é o Estado com maior número de municípios, é difícil chegar em tudo, mas a gente quer chegar ao máximo que a gente consegue, dadas as restrições, porque para a gente chegar em um lugar onde as pessoas não conhecem a gente, tem que investir em marketing, tem que criar toda uma infraestrutura.

Sapia: como faz com o marketing? Hoje vocês patrocinam o Galo.

Marcelo: a gente patrocinava o Atlético e o Cruzeiro até no final do ano passado. Aí, o Cruzeiro subiu, o Ronaldo chegou lá cobrando mais caro…

Sapia: você é atleticano e seu sócio é cruzeirense.

Marcelo: exatamente! E a gente tem uma história interessante: a Buser, quando patrocinou o Galo, ele foi campeão brasileiro e campeão da Copa do Brasil. E quando a gente patrocinou o Cruzeiro, ele subiu de volta para a primeira divisão.

Sapia: a grande queixa dos aplicativos é que eles não pagam impostos no Brasil e o dinheiro vai todo para fora do país. As pessoas querem equiparar a Buser com outros transportes de passageiro, não tem nada a ver.

Marcelo: para quem não conhece, eu e meu sócio somos nascidos e criados aqui em Belo Horizonte, uma empresa mineira que surgiu aqui. E todas as empresas recolhem pis, cofins, ICMS aqui dentro do Estado. Tem até uma peculiaridade que a empresas da rodoviária em Minas não pagam ICMS sobre os combustíveis, então a gente ainda traz mais receita para o Estado.

Mas a gente não quer subsídio, a gente quer é ter uma legislação própria, trabalhar em paz para prestar o melhor serviço para o passageiro, e temos que trazer receita para o Estado também. Eu acho que essa dinâmica funciona para todo mundo, cobrar menos do passageiro, pagar imposto para o Estado, e as empresas de turismo que operam com a gente vão ganhar mais também, com certeza.

Sapia: estou sabendo que vem uma campanha de marketing forte aí, você pode adiantar para a gente?

Marcelo: a gente está voltando a investir em rádio, TV, principalmente nas cidades do interior, onde a gente quer que as pessoas conheçam a gente, porque o nosso plano é expandir, investir em Minas, aumentar o número de cidades. A gente quer estar mais próximo das pessoas que precisam viajar. Igual falei, o preço da passagem aérea é caro, o ônibus voltou a ser a melhor alternativa para se viajar hoje em dia.

Sapia: existe um processo de abertura do setor de viagens rodoviárias de passageiros, me parece que tem novidades até no Supremo Tribunal Federal, você poderia adiantar pra gente como alguma coisa em relação a isso?

Marcelo: o STF votou, uns dois ou três meses atrás, que o regime de autorização é válido para o nosso mercado de transporte rodoviário. Antigamente, você precisava licitar uma linha, cidade A à cidade B, era um processo muito custoso, trabalhoso e que demora, e hoje em dia isso é passível de ser simplesmente autorizado. A empresa que tiver os requisitos necessários de segurança para prestar o serviço vai poder prestar. Então é um passo que o STF deu na modernização da legislação.

Sapia: e quem autoriza isso? Cada estado?

Marcelo: cada estado e, no âmbito federal, a ANTT. Como a gente é uma tecnologia nova, a legislação não foi feita para adaptar a isso, a gente precisa discutir, conversar, a legislação precisa se adaptar para as novas tecnologias, que são benéficas para o consumidor e que trazem riqueza para o estado, para o turismo, para as pessoas que querem viajar.

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