Há quase 40 anos no mercado, uma das mais tradicionais cachaças artesanais do país, feita em Salinas, no Norte de Minas Gerais, a Seleta contabiliza a produção e venda de 2 milhões de litros por ano, principalmente nos Estados da região Sudeste, além de Goiás e Bahia. Mesmo num mercado consolidado, a marca não para de fazer lançamentos e prepara novidades. “Temos um estoque de 6 milhões de litros, são mais de 200 tonéis gigantes, alguns em que cabem 200 mil litros”, contou o diretor executivo da Seleta, Gilberto Luiz de Lima Soares, durante a Expocachaça, feira do setor que aconteceu no Expominas, em Belo Horizonte.
Entre as diferentes tonalidades do líquido e formatos de garrafas, Soares mostrou os produtos e falou sobre os lançamentos para diversificar e atingir um público maior. Por isso, em julho, a companhia lança a Seleta prata, sem envelhecimento em madeira, que descansa em inox e é engarrafada, principalmente, para o consumidor que gosta de fazer drinks. Outro produto que vai ser lançado no final do ano é direcionado ao público feminino. Ele é mais doce, para ser consumido gelado, e tem mel na composição. “Cada pessoa tem um gosto, e é preciso diversificar a linha de produção”, justificou o executivo.
Com fábrica, engarrafadora e galpões próprios, a Seleta tem 180 funcionários diretos, todos da região de Salinas. Se contar os indiretos, por conta de toda uma cadeia produtiva que depende da atividade da marca, são mais de 300 pessoas envolvidas. “Até na compra de insumos, prestigiamos quem é da região para que isso movimente a economia local”, contou Soares.
Mercado externo
A Seleta já exporta diretamente para seis países – EUA, Alemanha, Japão, Paraguai e Espanha são alguns deles – e ainda para três países que exportam para outros. Mas a marca quer mais. “O percentual de exportação representa de 4% a 8% do faturamento. Ainda é muito pouco”, informou o diretor executivo.
Para ele, existe um mundo de oportunidades que a empresa pretende explorar como estratégia para ganhar mais participação no mercado. “A cachaça industrial ocupa um espaço muito maior do que a cachaça artesanal lá fora, e o público precisa conhecer”, avaliou. A Seleta já recebeu propostas da Nigéria e Polônia e continua buscando parceiros. A meta é crescer 10% neste ano, mas, diante do cenário econômico, se fechar em 5%, para Soares já está bom.
Empresa faz testes de qualidade para manter o padrão
Em 1980, o fundador da marca Seleta, Antônio Rodrigues, decidiu adquirir a cachaça Teixeirinha. Ele colocou a palavra Seleta no lugar e começou a fazer a prospecção do mercado para atingir o patamar que tem hoje. Numa das várias histórias do início da trajetória, sabe-se que Rodrigues foi a uma feira em Goiânia (GO) e tentou vender o produto. “Ele levou uma carga, um caminhão, e não conseguiu vender. No final da feira, ele distribuiu o produto, e a esposa reclamou, mas ele disse que da próxima vez eles iriam comprar. Hoje, Goiás é um dos principais Estados onde temos a venda consolidada. Ele (Rodrigues) é um visionário, vê o negócio antes, investiu muito no passado e hoje colhe os frutos da estratégia de marketing que implementou ao longo dos anos, que foi sensacional”, avalia o diretor executivo da Seleta, Gilberto Luiz de Lima Soares.
Diferenciais
Competindo num mercado com várias outras marcas, Soares diz que, ao longo dos 40 anos de história, a qualidade sempre esteve em pauta. “Buscamos fazer testes em laboratórios, medimos os índices de qualidade, fazemos experimentos para entender qual fermento funciona melhor, qual adubo é melhor, tipo de cana. É um produto padrão de lote após lote”, conta o diretor. De acordo com Soares, quem toma a Seleta reconhece o produto.
Portfólio variado
- A Seleta tradicional é envelhecida em tonéis de umburana durante dois anos.
- A Boazinha, marca que faz parte do grupo, fica em tonéis de bálsamo durante dois anos.
- A Saliboa, outro produto do portfólio, descansa três anos no tonel de ipê.
- Tem a edição especial Antônio Rodrigues, que ficou cinco anos em tonel de carvalho.
- A Seleta Mix é um líquido transparente e é envelhecida em tonel de jequitibá por dois anos.
- A garrafa Buteco do Gusttavo Lima é outro item do portfólio que é envelhecido em umburana.
Moagem
Cana. Neste ano, a moagem da cachaça Seleta deve atingir 15 mil toneladas de cana-de-açúcar na propriedade em Salinas. Isso representa 95% da produção, o restante conta com a participação de produtores parceiros.