Celso Pinto, um dos principais jornalistas de economia do país e criador do jornal “Valor Econômico”, morreu nesta terça-feira (3), em São Paulo, aos 67 anos. Internado há 15 dias com um quadro de pneumonia, foi vítima de infecção pulmonar, segundo informou o jornal que adjudou a criar.
Ao longo de uma carreira iniciada nos anos 1970, Pinto foi repórter, correspondente, editor e colunista em veículos como “Gazeta Mercantil” e “Folha de S. Paulo”, destacando-se pela interpretação de um período especialmente turbulento da história econômica brasileira. Quando uma equipe de economistas elaborava o Plano Real, no início dos anos 1990, Pinto foi convidado para se juntar ao grupo. Sua função, segundo Pérsio Arida contou no prefácio do livro “Os Desafios do Crescimento: dos militares a Lula”, de 2007, seria privilegiada: ele seria uma espécie de cronista, participando das reuniões e contando todas as decisões da equipe num livro. Oportunidade única para um jornalista. Mas a resposta de Celso foi um não.
"Ele julgou a proposta fascinante, mas argumentou que o envolvimento com o governo, qualquer governo, afetaria a neutralidade que um jornalista deve ter”, escreveu Arida.
Filho do meio de Luiz Celso Pinto, comerciante baiano estabelecido em São Paulo, e de Wanda Campos, professora, Celso de Campos iniciou sua carreira na “Folha de S. Paulo”, em 1974. Depois da Folha, transferiu-se para a “Gazeta Mercantil”, o mais influente jornal de economia do país à época, onde foi editor de Finanças e de Nacional. Foi transferido para Brasília, em 1981, onde participou da cobertura das negociações entre o governo e as missões do FMI, além de acompanhar os sucessivos planos econômicos lançados para debelar a inflação.
Ainda pela “Gazeta”, foi correspondente em Londres, ocupando uma sala no prédio do Financial Times. Em 1996, voltou à “Folha”, desta vez como colunista, tornando-se referência de leitura para empresários, banqueiros e os próprios colegas de profissão.
Para a colega Miriam Leitão, colunista de “O Globo” e O TEMPO, Celso "foi o melhor jornalista de economia da minha geração".
“Era bom repórter, capaz de traduzir com exatidão os textos técnicos, analista lúcido, jornalista independente, executivo ousado, e influente entre os próprios economistas e jornalistas especializados. Conviver com ele na redação da 'Gazeta Mercantil' nos turbulentos anos 1970 e 1980 foi sobretudo um privilégio”, disse.
Após mais de duas décadas como jornalista econômico, Celso foi chamado, em 2000, para liderar a criação de um jornal especializado em economia, o “Valor Econômico”. Uma iniciativa dos grupos Globo e Folha, o projeto surgia em plena bolha da internet, onde a expectativa era de que os jornais impressos desaparecessem. Celso foi diretor de redação e liderou uma equipe que chegou a contar com 160 jornalistas, consolidando o jornal como principal fonte de informação de negócios, economia e finanças do país.
“Sentimos profundamente a morte do nosso companheiro. Celso criou o Valor com talento, energia e paixão pelo jornalismo. Perdemos não apenas o melhor articulista de economia. Nós, sua equipe do Valor, perdemos um grande amigo”, lamentou Vera Brandimarte, diretora de redação do “Valor Econômico”.
Segundo o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Braga de Andrade, Celso foi um “incansável defensor da agenda de desenvolvimento econômico e entendia como poucos os desafios da indústria nacional.”
Na tarde desta terça-feira, Celso Pinto, de 67 anos, morreu em São Paulo, vítima de uma infecção no pulmão. Ele estava afastado da redação do Valor desde 2003, depois de sofrer uma parada cardiorrespiratória durante uma partida de tênis. Nesses 17 anos, travou uma batalha pela vida. Deixa a jornalista Célia de Gouvêa Franco, sua mulher por 41 anos, os filhos Pedro e Luís, e o neto, Davi.