Chinesa State Grid já investiu R$ 1,36 bilhão em Minas Gerais

A maior linha de transmissão de energia do mundo de 800 kV, da Xingu Rio Transmissora de Energia (XRTE) – uma das empresas da State Grid Brazil Holding (SGBH) –, passa por 36 municípios mineiros. Da extensão de 2.540 km, 908 km estão localizados em Minas Gerais. Isso levou a gigante multinacional chinesa a destinar R$ 1,36 bilhão para a obra no Estado, que concentra escritórios da State Grid em Campo Belo, Patos de Minas e Unaí.

O vice-presidente da XRTE, Paulo Esmeraldo, calcula que a State Grid já investiu no Brasil cerca de R$ 30 bilhões somente em ativos de transmissão, quer sejam linhas de brownfield (projeto que se somou a algo existente), quer sejam linhas greenfield (projetos realizados a partir do zero). “O maior investimento externo da China é no Brasil”, afirma Esmeraldo, que participou do Seminário Nacional de Produção e Transmissão de Energia Elétrica no Expominas, em Belo Horizonte.

Focada na construção e na operação de ativos em concessões de transmissão de energia, Esmeraldo conta que a empresa tem um plano plurianual de investimento que está em constante revisão. “Mas não saberia dizer quais montantes estão reservados para 2020”, diz.

A State Grid foi fundada no Brasil em 2010 e é controlada pela State Grid Corporation of China. Tem 644 funcionários e é formada por 18 empresas com controle acionário de 100% mais cinco empresas de controle majoritário de 51%. Em 2018, a receita bruta consolidada no Brasil foi de R$ 8,82 bilhões ante uma receita bruta de R$ 3,51 bilhões em 2017.

Aquisições em Minas

A State Grid tem interesse na compra de outros ativos em Minas? Esmeraldo responde que o foco da empresa é na transmissão de energia. “Para geração, há outras empresas chinesas que têm esse foco na aquisição e na eventual competição para instalar novas usinas hidrelétricas”, diz.

Quanto ao fato de o Estado ter outras áreas com investimento em transmissão, Esmeraldo diz que o planejamento setorial tem sempre empreendimentos no sentido de aumentar a malha de transmissão no Estado de Minas. “Em leilões futuros, com certeza, havendo, a State Grid estará presente porque é esse o ramo de atuação dela. Com eventuais leilões, existe potencial de crescimento da State Grid”, observa.

Em relação ao interesse da multinacional numa futura privatização da Cemig, Esmeraldo avalia que as regras não são bem-definidas, nem o governo mineiro ainda está ciente de que isso vai acontecer no curto prazo. “Logicamente, tratando-se de negócio de transmissão, qualquer tipo de alternativa será analisada pela State Grid. Então, não posso dizer, no momento, se há interesse. Haverá interesse na medida em que as regras sejam conhecidas”, argumenta o executivo.

Foco é em empreendimentos de alta tecnologia

O vice-presidente da XRTE, Paulo Esmeraldo, conta que a State Grid busca empreendimentos que exigem tecnologia mais avançada, como foram os casos da Belo Monte Bipolo I e da Belo Monte Bipolo II. “A empresa é muito competitiva no cenário do setor elétrico brasileiro com linhas de transmissão de longa distância, malha importante para o atendimento aos principais centros de carga do Brasil. Destaca-se o bipolo que transmite parte da energia gerada em Belo Monte e tem 2.539 km, trazendo a energia de Belo Monte até a região Sudeste. É um dos principais ativos da State Grid”, avalia o executivo.

Esmeraldo diz que, daqui a um ano ou pouco mais, vai haver um leilão de um novo sistema de corrente contínua e que será de grande interesse da State Grid participar.

Poder da China

- A State Grid Corporation of China (SGCC), fundada em 2002 na China, é a empresa controladora da State Grid Brazil Holding (SGBH). Ela concentra-se na construção e na operação de redes elétricas.

- Na China, a SGCC fornece energia a mais de 1,1 bilhão de habitantes, cobrindo 88% desse território e com ativos totais de US$ 550 bilhões.

- No mundo, a SGCC está presente em Austrália, Filipinas, Grécia e Portugal.

Previsibilidade

Regras. Paulo Esmeraldo avalia que são muito claros os condicionantes impostos pela legislação atual para leilões de transmissão, prazos e contratos de concessão no Brasil.