Os preços das carnes seguem em disparada neste mês em Belo Horizonte e na região metropolitana. Uma pesquisa realizada pelo site Mercado Mineiro em 38 estabelecimentos, entre os dias 15 e 19 de setembro, mostra aumento nos valores de cortes de boi, frango e porco — em alguns casos, a alta chega a mais de 30% nos últimos três meses. Com a desvalorização do real em relação ao dólar, o crescimento das exportações e do custo de produção da carne, não há perspectiva de queda no valor cobrado aos consumidores nos próximos meses.
O quilo da fraldinha subiu de R$ 25,09, no final de junho, para R$ 28,24 em setembro, um aumento de 12,54%. O quilo da maminha avançou de R$ 29,67 para R$ 33,17, o que representa uma alta de 11,80%. Já o quilo da picanha passou de R$ 42,38 para R$ 47,29 em três meses, um crescimento de 11,58%.
Entre as carnes suínas, a pazinha registrou o maior aumento, de 33,63%: o preço do quilo passou de R$ 12,60, em junho, para R$ 16,84 neste mês. O quilo do lombo inteiro subiu de R$ 15,64 para R$ 20,52, uma alta de 31,22%. Já o quilo da bisteca avançou 29%, de R$ 15,20 para R$ 19,61.
Já entre as carnes de frango, a asa resfriada teve a maior alta: subiu de R$ 14 para R$ 17,56, um aumento de 25,42%. O quilo do frango congelado subiu de R$ 6,19 para R$ 7,25, uma elevação de 17,16%.
"Normalmente, há um equilíbrio, o boi sobe, e o frango, cai, por exemplo. Mas o que nós vemos agora é uma situação lamentável de aumento de preço em praticamente todos os cortes. Sabendo que a carne é um dos principais alimentos para as famílias, a preocupação é ainda maior", afirma o diretor do site Mercado Mineiro, Feliciano Abreu.
Segundo ele, o aumento do custo de insumos, como milho e soja, e das exportações de carne brasileira motivam as altas, que são negativas tanto para os consumidores, que têm o poder de compra reduzido, quanto para os donos de açougues, que não conseguem repassar o aumento na integralidade. De acordo com Abreu, não há expectativa de queda nos preços nos próximos meses.
"A gente tem uma pressão muito forte do milho e da soja, que aumentam muito o custo de produção e de engorda do frango, da carne suína e da carne bovina. E, hoje, o mercado externo está comprando muita carne brasileira. Com o dólar batendo recorde em relação ao real, fica muito mais atrativo para o produtor rural exportar do que manter o mercado interno abastecido", diz. "Infelizmente, não é do dia para a noite que voltamos a ter custos mais baixos de produção, isso demora. Mesmo que venha a chuva, com o mercado externo comprador do jeito que está, dificilmente neste ano vamos ter carnes baratas para consumo interno", explica.
Conforme Abreu, com todos os cortes em alta, a solução é pesquisar os preços. Segundo o levantamento do Mercado Mineiro, o preço do quilo da picanha pode variar até 170% entre os estabelecimentos, de R$ 36,95 a R$ 99,95. O quilo da bisteca com costela pode ser encontrado por R$ 14,99 a R$ 39,95, uma diferença de 166%. Já o quilo do coraçãozinho custa de R$ 15,99 a R$ 34,95 nos estabelecimentos, o que representa uma variação de 118%.
"Nós, consumidores, não temos opção. Temos que realmente pesquisar bastante o preço e comprar somente o necessário", conclui Abreu.