A Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) anunciou que deve encerrar o ano de 2022 com um déficit orçamentário de R$ 11 milhões. O prejuízo ocorre mesmo com um corte de 25% no valor destinado a pagamentos de bolsas aos alunos. Os valores foram apresentados à comunidade na última sexta-feira (5), durante audiência pública que discutiu os cortes orçamentários vivenciados na instituição.
A situação começou a piorar a partir de 2016, como O TEMPO tem noticiado desde a última semana, a partir da implementação do teto de gastos públicos no Brasil. O que também impacta a situação das universidades é o contingenciamento de receitas, praticado pelo Ministério da Educação. Para este ano, a previsão é de R$ 1,6 bilhão a menos, conforme anunciado pelo ministro Victor Godoy em junho.
O problema afeta outras instituições, como a UFMG, que opera com déficit de mil servidores. Na UFJF, dados extraídos do painel de execução orçamentária da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) indicam que o orçamento discricionário, destinado ao pagamento de atividades extensão, pesquisa, manutenção de infraestrutura e assistência estudantil caíram, teve uma redução de R$ 58 milhões entre 2016 e 2022.
De acordo com o reitor Marcus Vinicius David, o futuro da universidade é preocupante, pois há acúmulo de déficits nos últimos três anos. “E apesar dessa diminuição, a instituição fez um esforço muito grande para se adequar, com sacrifícios da comunidade acadêmica, o que representou sérias medidas, como cortes de bolsas e demissão de trabalhadores terceirizados. Mesmo com esse sacrifício tão grande, nós ainda projetamos esse déficit”, disse em nota publicada pela UFJF.
O professor destacou ainda que após cada ano fechando no vermelho, a previsão para o período seguinte é pior. Para 2023, a previsão é de um orçamento ainda pior que o de 2022, com uma redução de 12%. “O arrocho orçamentário atinge as despesas discricionárias, ou seja, aquelas destinadas ao funcionamento da universidade, e não as destinadas ao quadro efetivo de servidores. Dessa forma, são afetadas áreas como a manutenção de bolsas acadêmicas, contratos de funcionários terceirizados, gastos com luz e energia elétrica, entre outras frentes”, salienta o reitor.
Conforme o reitor, a UFJF não tem como mais realizar cortes, sem que tenha um impacto à rotina acadêmica e administrativa. “Se não tivermos possibilidade de negociação, o ano de 2023 será muito grave”, projetou David. No campus de Governador Valadares, a universidade afirma que os gastos aumentaram desde 2016, para melhorar as condições de estrutura.
“Nós ampliamos a área locada em GV para que existissem mínimas condições de funcionamento. Consequentemente, aumentam as despesas. Somando essas despesas, estamos chegando a essa ordem de gasto de R$ 17 milhões”, informou o reitor, que projeta um déficit de R$ 2,5 milhões somente para a unidade.