efeito cascata

Com piso da enfermagem, técnico pode ganhar mais que nutricionista e psicólogo

Aprovação da lei que estabelece menor nível salarial para a categoria pode fazer com que, em muitos estados, enfermeiros técnicos tenham remuneração melhor do que profissionais de cargo nível superior

Por Nubya Oliveira
Publicado em 09 de agosto de 2022 | 13:42
 
 
 
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Um dos principais pontos considerados pela Confederação Nacional Saúde (CNSaúde) como consequência da aprovação da lei que estabelece um piso salarial para a enfermagem é que, em muitos estados, os enfermeiros técnicos terão remuneração melhor do que profissionais de cargo nível superior como nutricionistas e psicólogos. 

A questão foi levantada por Breno Monteiro, presidente da CNSaúde, ao avaliar os impactos negativos para toda a rede de saúde em decorrência da sanção do presidente Jair Bolsonaro (PL) ao projeto que fixa em R$ 4.750 a remuneração mínima para os enfermeiros, R$ 3.325 para técnicos de enfermagem e em R$ 2.375 para auxiliares de enfermagem e parteiras.

“Temos realidades salariais diferentes em cada região do país. No Norte e Nordeste, onde a dificuldade do sistema de saúde é maior, o nível salarial é menor. Então, existirão estados que vão pagar menos por outros cargos de nível superior e mais para o cargo técnico de enfermagem,” ressaltou Monteiro. 

A insatisfação dos demais profissionais é considerada parte do efeito cascata. “Todas as categorias pleiteiam o piso salarial. Se uma sobe muito, por exemplo, obviamente vai haver uma pressão para a equivalência das demais,” informou Breno. 

O presidente da entidade ainda afirmou que o projeto é inviável. “Esse projeto não tem viabilidade de execução. Muito se falou de encontrar fontes para fazer frente aos impactos e surgiram algumas ideias, mas até agora nada concreto. Aprovaram o projeto e esqueceram como que se paga”, finalizou. 

“A conta vai chegar ao cidadão”

Segundo a CNSaúde, a sanção da lei do piso da enfermagem também  aumentará os custos para famílias que precisam de assistência domiciliar, podendo até inviabilizar esses serviços. A entidade também destacou que a medida ampliará as dificuldades de hospitais filantrópicos manterem as portas abertas e causará um aumento de 12% no preço dos planos de saúde.

De acordo com o presidente da CNSaúde, em vez de valorizar os profissionais de enfermagem, o projeto será “devastador” para os serviços de saúde, principalmente para as 292 mil famílias que dependem de enfermeiros para acompanhar parentes doentes em casa. “A conta vai chegar ao cidadão porque a criação do piso pode, em muitos casos, inviabilizar esses serviços dentro do orçamento familiar,” afirmou.

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