Em queda

Consumidor põe o pé no freio 

Dados da CDL-BH apontam para pior crescimento de vendas de Natal dos últimos 12 anos

Por Marco Antônio Corteleti
Publicado em 04 de dezembro de 2014 | 04:00
 
 
 
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Os belo-horizontinos devem apertar o cinto na hora de realizar as compras de Natal deste ano. Isso significa que 45,7% dos consumidores da capital devem gastar menos em relação ao ano passado, conforme apontou uma pesquisa divulgada nesta quarta pela Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL-BH). O levantamento ouviu 300 pessoas entre os dias 4 e 21 de novembro.


O principal motivo, alegado por 32,2% dos entrevistados, foi a necessidade de economizar. Já 24,07% pretendem consumir na mesma proporção que em 2013, e outros 24,4% disseram que vão gastar mais com presentes para parentes e amigos.

Com isso, o crescimento das vendas de Natal deste ano deve ficar entre 1,5% e 3,0% – o pior resultado desde 2002, quando o comércio de fim de ano aumentou 3,4% em relação ao ano anterior. Em termos de volume, o comércio da capital deve movimentar, no máximo, R$ 3,19 bilhões.

Para o presidente da CDL-BH, Bruno Falci, o baixo crescimento em relação a 2013 se explica por uma série de fatores como inflação, deterioração da renda do trabalhador e endividamento.
“Mesmo com a intenção de consumir menos neste ano, o valor dos presentes será mais alto por causa da inflação”, ressalta Falci.

Segundo ele, 73,1% dos entrevistados avaliam que o preço médio deverá atingir R$ 100. No ano passado, o valor médio dos presentes foi de R$ 89,77. Já 54,7% perceberam uma alta inflacionária e disseram que os preços estão mais caros que em 2013.

Falci chama atenção para outro dado da pesquisa: o fato de 65% dos entrevistados terem dito que pretendem pagar suas compras à vista, seja no dinheiro, seja no cartão, evitando fazer novas dívidas. “Isso mostra que o consumidor está mais consciente e que a taxa de inadimplência deve cair em 2015”, afirma.

Comércio local. A pesquisa da CDL-BH também mostrou que o consumidor irá privilegiar as lojas na região onde mora ou trabalha no momento de fazer as compras. Nada menos que 41,2% dos entrevistados pretendem evitar grandes deslocamentos. Já os shopping centers deverão ter a preferência de 23,9% dos consumidores. Em 2013, 34,3% preferiram os grandes centros de compras.

Para 2015, Falci espera um ano de ajustes econômicos fortes por parte da nova equipe econômica, encabeçada pelo futuro ministro da Fazenda, Joaquim Levy. “Será um ano de arrocho, com o governo segurando investimentos, mas importante para revigorar não só o comércio, mas toda a economia”, afirma o presidente da CDL-BH.

Lojistas já comemoram aumento das vendas

Os dados apresentados pela pesquisa feita pela CDL-BH sobre a cautela do consumidor com as compras deste Natal encontraram eco nas empresárias Laís Paulinelli e Daniela Gramiscelli.
Laís disse que pretende reduzir em cerca de 60% os gastos com presentes neste ano. “Está tudo muito caro. Hoje (nesta quarta) eu saí para comprar uma bolsa, mas acabei desistindo por causa do preço”, revela. Já Daniela faz coro com a amiga e disse que também vai rever a lista de presentes em função dos altos preços.

Se parte dos consumidores está reticente, alguns lojistas não têm do que reclamar. A gerente de uma confecção na Savassi disse que as vendas estão boas e espera um crescimento de até 15% em relação a 2013.

Outra gerente, agora de uma loja de calçados, Léia de Oliveira, disse estar surpresa com o volume das vendas, que aumentou 20% até o momento. “Além da primeira parcela do 13º salário, já paga, o aumento da segurança na Savassi certamente está influenciando no balanço positivo da loja”, afirma.

Presentes
Os presentes mais procurados pelos consumidores serão roupas (43,3%), calçados (16,4%) e brinquedos (14,4%). A preferência é por artigos úteis e fáceis de comprar. Uma das maiores quedas foi dos eletrodomésticos, de 4% em 2013 para 0,9% este ano, segundo a CDL-BH.

Gastador
Ao contrário do que reza a lenda, o homem pretende gastar mais que a mulher, pelo menos neste Natal. No total, 26,8% deles irão gastar o valor médio (de R$ 75 a R$ 100) contra 17,65% delas. A maior parcela das consumidoras (30%) comprará mais na faixa de R$ 30 a R$ 50.

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