Empreendedorismo

Daniela Medioli e outros gestores se reúnem para discutir desafios pós-pandemia

Novo modelo de trabalho híbrido, dificuldade de motivação de jovens funcionários e a falta de transparência fiscal foram alguns dos temas citados pelos empresários


Publicado em 19 de junho de 2023 | 21:25
 
 
 
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Cerca de mil empresários de todo o país discutiram nesta segunda-feira (19), em Belo Horizonte, as formas de enfrentar os novos desafios do mercado de trabalho. Essa edição do CEO Fórum 2023 foi promovida pela Amcham Brasil, maior Câmara Americana de Comércio fora dos Estados Unidos, e teve como tema "Liderança Consciente", novo modelo de gestão que busca unir aspectos como propósito, transparência, responsabilidade, inovação, visão a longo prazo e valorização do time.

O evento ocorreu na Sala Minas Gerais, na sede da Orquestra Filarmônica de MG, e teve a presença de grandes líderes como Gustavo Werneck, CEO da Gerdau; Ricardo Gontijo, CEO da Direcional Engenharia; Silvia Nascimento, CEO da AVB; Abrão Neto, CEO da Amcham; Felipe Rizzo, CEO da WeWork; o ator Caio Castro, CEO da C3 Group; e Guilherme Benchimol, CEO da XP Investimentos, que participou por videoconferência.  

Além dos líderes, o evento teve uma palestra do professor da Universidade de Nova York e autor do best seller do Wall Street Journal - "Work Without Jobs" e Global Leader da Mercer, Ravin Jesuthasan. 

“Um das coisas que a gente sempre tem que se perguntar, como líderes empresariais ou indivíduos, é como nos reinventar mais rápido. O que nós costumamos contar como principal vantagem competitiva da empresa é o legado. Meu legado de expertise, de experiências, de relação com os clientes, etc. Melhorar esse legado é o maior obstáculo para as empresas se manterem relevantes no mercado de trabalho", explicou Jesuthasan.

Uma pesquisa da Amcham Brasil com mais de 763 empresários, a maioria altas lideranças de grandes e médias empresas, identificou que os executivos brasileiros precisarão transformar seu estilo de gestão, incorporando atributos humanos de maior flexibilidade, colaboração e criatividade.

Segundo 54% dos executivos brasileiros, a prioridade número 1 para a liderança do futuro será o desenvolvimento de pessoas. Seguida pelo fortalecimento dos relacionamentos com clientes, fornecedores e demais contatos (44%), e a adoção de novas tecnologias e métodos de trabalho (39%).

Umas das dificuldades mencionadas pelo CEO da Amcham, Abrão Neto, foi a motivação dos funcionários da Geração Z, jovens que nasceram entre o fim da década de 1990 e 2010.

“Olha, a geração mais nova tem o desafio da motivação, do engajamento constante. E a forma de enfrentar este desafio é mantendo o contato permanente, buscando oferecer questões que interessem e incentivem esses profissionais e também um investimento no seu desenvolvimento como carreira e com um propósito muito claro. Isto é extremamente importante para todas as gerações, mas que talvez tenha sido muito valorizado pelas gerações mais novas: a clareza e o alinhamento de propósitos e valores”. 

Já Silvia Nascimento, CEO da Aço Verde do Brasil (AVB), primeira usina siderúrgica carbono neutro do mundo, destacou o trabalho em equipe e disse que o bom relacionamento entre os funcionários é fundamental para o sucesso da companhia. 

“A gente tenta ter um ambiente de trabalho harmônico, equilibrado, a gente promove muito evento de fim de semana de integração das equipes, a gente estimula muito o relacionamento fora da empresa através de corridas, eventos de esporte e de lazer, para transformar todos em grandes amigos, ter um trabalho em equipe. Acho que a palavra-chave é equipe. Um sempre ajudando o outro”.

E segundo ela, a Aço Verde do Brasil também se preocupa muito com as oportunidades para todos. “A AVB é uma empresa localizada no Sul do Maranhão e tem no seu grupo um contingente grande de mulheres, tem como CEO e líder uma mulher, então mostra que a empresa não está ‘engessada’ e que gosta de dar oportunidades para as pessoas”.  

Outro desafio para os gestores é a questão do trabalho híbrido. Durante a pandemia de Covid-19, a grande maioria das empresas precisou enviar seus funcionários para casa. E agora, após a vacinação em massa, muitas companhias não decidiram ainda se mantêm alguns funcionários no trabalho remoto ou se todos voltam ao regime presencial. O problema foi levantado por Felipe Rizzo, CEO da WeWork, que oferece escritórios compartilhados para as empresas.

“As pessoas de repente são convidadas a ficar em casa, começam a experimentar uma flexibilidade que elas não tinham antes e agora é muito difícil voltar atrás em algumas coisas que a gente aprendeu com esse processo. E o que a gente vê agora são muitas lideranças tentando entender como é esse novo modelo híbrido. Se vão continuar com as pessoas em casa, se vão disponibilizar outro espaço para elas estarem ou se vão exigir que elas estejam no escritório todos os dias”, afirma. 

E o líder da WeWork explica que esse processo é extremamente delicado. 

“O que a gente vem aprendendo é que as pessoas precisam de um propósito. Elas não estão mais dispostas a pegar um trânsito para ir e voltar todos os dias simplesmente porque alguém está mandando. Então essa cultura do comando e controle, do ‘eu quero vocês aqui para que eu possa ver vocês trabalhando’, isso é algo que vem sendo muito questionado. Dependendo da função que você tem, ela não pode ser remota. Dependendo até pode, mas aí você perde em criatividade, você tem perdas em relacionamento de confiança e como será a sua capacidade de transmitir a cultura da sua empresa e garantir que as pessoas estejam sendo treinadas e desenvolvidas”. 

Outro empresário que participou do evento foi o ator Caio Castro, CEO da C3 Group, especializada em marketing digital. Ele lidera oito companhias e emprega cerca de 3 mil pessoas. E uma das empresas dele nasceu em Minas Gerais. 

“Dentro desses 15 anos, eu já trabalhei na compra e venda de algumas empresas, mas hoje o que a gente mais tem atuação é na parte de imigração, principalmente as pessoas que veem outros países como um futuro para estudo ou até mesmo de moradia ou de empreender fora do país. Também atuo na alimentação. Hoje, inclusive, até nossa marca, Açaí do Jah, veio aqui de Conselheiro Lafaiete, e a gente está espalhado aí no país inteiro com mais de 150 unidades. Essa diversificação é muito interessante”.

Caio Castro considera que outros grandes desafios dos empreendedores brasileiros são a falta de transparência fiscal e a mudança de regras no meio do processo. 

“Ser empresário no Brasil, só de sobreviver já é uma grande vitória, mas existem várias questões que não ajudam muito o empresário, eu poderia até dizer às vezes um desentendimento e uma volatilidade fiscal, isso acaba atrapalhando. Muita gente está fazendo o caminho e tem que desestruturar tudo e depois reestruturar. E em vez de dar um passo para a frente, temos que dar um passo para trás para estruturar tudo de novo. Então acho que isso pode ser um ponto negativo”.

O Grupo Sada marcou presença com as vice-presidentes Marina Medioli e Daniela Medioli. 

"Encontros como este são fundamentais para empreendedores de todo Brasil. Reunir no mesmo fórum CEOs tão conceituados e experientes, e que enfrentam os desafios impostos pelo mundo atual, nos faz refletir sobre quais caminhos devemos seguir. Sem dúvida foram análises muito inspiradoras", avalia Marina Medioli.

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