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Dólar fecha a R$ 5,07 com aperto da política monetária

Moeda avançou 2,6% nesta segunda-feira e chegou a maior valor desde 16 de março de 2022

Por Agências
Publicado em 02 de maio de 2022 | 19:29
 
 
 
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Em uma semana marcada pelas decisões de política monetária no Brasil e nos Estados Unidos, os investidores adotaram uma postura de maior cautela nesta segunda-feira (2), refletida na alta do dólar e na queda das ações na Bolsa de Valores.

Após ter avançado 3,8% em abril, o dólar comercial operou em alta firme frente ao real durante toda a sessão, para fechar com ganhos de 2,60%, cotado a R$ 5,072 para venda. É o maior valor desde 16 de março, quando a divisa encerrou a sessão cotada a R$ 5,092.

Em um ambiente de alta dos juros tanto no Brasil como nos mercados desenvolvidos, matéria da Folha de S.Paulo mostra que, na avaliação de analistas, dificilmente o dólar voltará a oscilar muito abaixo dos R$ 4,70 até o fim de 2022, conforme ocorreu no primeiro quarto do ano, embora os fundamentos para a formação da taxa de câmbio - tais como as paridades entre países quanto ao comércio exterior, poder de compra e a relação entre juros e inflação - pudessem sustentar essa cotação por mais tempo.

Em contrapartida, eles consideram que há pouco espaço para nova escalada ao patamar de R$ 5,70, como registrado no início do ano. O cenário projetado neste momento é de uma taxa circundando os R$ 5, embora reconheçam que a imprevisibilidade das variáveis que influenciam o câmbio impeça mirar com precisão a cotação futura da moeda americana.

Na Bolsa, após fechar o mês de abril em queda de 10,1%, a maior baixa mensal desde março de 2020, o Ibovespa também voltou a operar no campo negativo nesta segunda.

O principal índice acionário do mercado brasileiro registrou desvalorização de 1,15% no primeiro pregão da semana, aos 106.638 pontos.

Com o aumento das preocupações do mercado acerca da nova onda de Covid-19 na China e dos impactos para o desempenho da economia global, ações de grandes exportadoras de commodities estão entre as que mais contribuíram para a queda do índice amplo -as ações ordinárias da Petrobras recuaram 1,8%, enquanto os papéis da Vale cederam 0,4%. Ações das companhias aéreas Azul a e Gol marcaram as maiores perdas do Ibovespa no dia, com baixas de 7,2% e 6%, respectivamente.

Na sexta-feira, foi divulgado que o índice de gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) oficial da indústria da China caiu de 49,5 pontos em março para 47,4 em abril, abaixo da estimativa de 48 e inferior à marca de 50, o que indica contração, reflexo das medidas de isolamento na região por conta da nova onda de Covid-19.

O processo de aperto monetário também é destaque na agenda do mercado nesta semana, com decisões sobre aumento de juros no Brasil e nos Estados Unidos nesta quarta-feira (4), diz Julio Hegedus Netto, economista-chefe da Mirae Asset Wealth Management.
"Na reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), o mercado já está precificando a elevação de 1 ponto percentual para a taxa Selic, a 12,75%, e no FOMC (Federal Open Market Committee), em 0,5 ponto, para 1%", aponta o economista em relatório.

A perspectiva de um aperto monetário mais agressivo nos mercados desenvolvidos para enfrentar a persistente pressão inflacionária na região foi o que mais pesou para as ações nos Estados Unidos no mês passado -as ações do índice Nasdaq, em que há maior concentração de empresas de tecnologia, tiveram um tombo de 13,3%, o maior de outubro de 2008.

"O aumento nos juros tem como objetivo o controle da inflação, mas traz pressão de curto prazo negativa para as bolsas, principalmente entre ações de tecnologia e de alto crescimento projetado para o futuro, ao elevar a taxa de desconto utilizada nas projeções de crescimento das companhias", diz Paula Zogbi, analista da Rico Investimentos.

Nesta segunda, após a forte queda da sessão passada, os índices americanos experimentaram alguma recuperação. O S&P subiu 0,57% e o Dow Jones avançou 0,26%, enquanto o Nasdaq fechou com alta de 1,63%.

Sinais sobre ajustes no ritmo de aperto da política monetária no Brasil e nos Estados Unidos estarão no radar dos agentes na próxima quarta, aponta o economista da Mirae Asset.

"O fato é que o risco inflacionário é global e muitos bancos centrais seguem "atrás da curva", precisando superar este atraso", avalia o especialista.

(Folhapress)

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