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Empréstimo para compra de carro cai pelo 7º mês consecutivo

O saldo dos empréstimos pessoais para compra de veículos teve a sétima queda consecutiva em agosto, informou o Banco Central nesta sexta-feira (26)

Por DA REDAÇÃO
Publicado em 26 de setembro de 2014 | 15:05
 
 
 
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 O saldo dos empréstimos pessoais para compra de veículos teve a sétima queda consecutiva em agosto, informou o Banco Central nesta sexta-feira (26). Os bancos emprestaram R$ 184,6 bilhões para essa finalidade no mês, volume 0,3% inferior ao de julho. Em janeiro, começo da queda, esse volume foi de R$ 193 bilhões.

O volume total de crédito concedido no país em agosto -considerando outras modalidades de empréstimo- foi de R$ 2,86 trilhões, alta de 1% sobre julho, segundo dados do BC. As medidas do Banco Central de liberar parte do compulsório (dinheiro retido pelo BC) para estimular a concessão de crédito tinham foco na indústria automobilística.

Em agosto, o BC definiu que o banco que elevar em 20% a média diária dessas operações de financiamento até dezembro poderá descontar os empréstimos do compulsório. Quem não cumprir a meta, não poderá fazer a dedução. Nos últimos 12 meses, o saldo de crédito para veículos caiu 4,7%. Para Tulio Maciel, chefe do Departamento Econômico, há um "esgotamento" do crescimento do crédito para veículos.

Em 2010, o crédito para essa finalidade cresceu 49,1%. Em 2011, 26,6%, e a trajetória tem sido de queda até agora. Em 2013, houve retração de 0,2%. Nos últimos 12 meses, a queda foi de 4,7%. "Houve crescimento expressivo em anos anteriores, denota antecipação de compras nesse período e a modalidade se ressente dessas antecipações", afirmou Maciel.

O setor de veículos preocupa o Palácio do Planalto porque está em processo de demissões e pode prejudicar a campanha de reeleição da presidente. Segundo Maciel, as medidas anunciadas pelo governo ainda não tiveram efeito. "Em seis meses será possível fazer uma avaliação melhor", disse.

Segundo ele, essa evolução fraca do crédito para aquisição de veículo está segurando a expansão maior do crédito com recursos livres para pessoas físicas, que teve incremento de 0,5% em agosto.

Vendas

A expectativa de que o mês de agosto desse um novo fôlego à indústria automotiva foi frustrada: os emplacamentos de carros de passeio e comerciais leves registraram queda de 7,4% na comparação com julho.

No acumulado do ano, a redução do número de licenciamentos chega a 9,4% em relação a 2013. O setor esperava uma leve alta no primeiro mês "cheio" após o término Copa do Mundo, mas as vendas diárias mantiveram-se no mesmo patamar registrado durante o período de jogos.

Isso contraria as previsões da Anfavea (associação das fabricantes) que havia estimado um crescimento de 14% nos licenciamentos no segundo semestre em relação aos seis primeiros meses do ano.

Especialistas consultados pela reportagem preveem que os emplacamentos em 2014 deverão ficar entre 10% e 12% abaixo do registrado no ano passado.

Demanda fraca

Contrariando o discurso da Fenabrave (federação nacional dos concessionários), o presidente da Abeifa (Associação Brasileira das Empresas Importadoras e Fabricantes de Veículos Automotores) acredita que a retração do mercado se deve à falta de confiança do consumidor em comprar, e não à falta de crédito.

"Nosso problema é de demanda, muito mais do que de crédito. Não posso imaginar que um sistema bancário da envergadura do que temos no Brasil não está querendo emprestar dinheiro, se ele vive basicamente desta ação, de vender crédito", analisa Marcel Visconde, presidente também da Stuttgart Sportcar, importadora oficial da Porsche no Brasil.

Para Visconde, um dos fatores que poderão reaquecer o mercado é o lançamento de novos modelos, mais do que descontos fiscais.

"A introdução de novos produtos é sem dúvida alguma algo que chama a atenção do consumidor para entrar numa loja e eventualmente sair de carro novo. Questões de entrada e saída de IPI (Imposto Sobre Produtos Industrializados) já não estão caindo mais no gosto do consumidor final, porque não têm mais o efeito novidade", explica o presidente da Abeifa.

Ainda de acordo com os executivos da Abeifa, a principal razão da baixa demanda é a desconfiança do consumidor no momento econômico e político atual.
 

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