Mensalidade

Escolas em BH ficam até 5,35% mais caras, mesmo com ensino remoto

Primeiro ano do ensino médio e sétimo ano do ensino fundamental têm os maiores reajustes

Por Letícia Fontes
Publicado em 17 de agosto de 2021 | 03:00
 
 
 
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Mesmo com a permanência do ensino híbrido, as mensalidades dos ensinos fundamental e médio nas escolas particulares de Belo Horizonte ficaram até 5,35% mais caras, em comparação a 2020, segundo uma pesquisa divulgada pelo site Mercado Mineiro nesta segunda-feira (16). O reajuste é ainda menor do que comparado a anos anteriores à pandemia, como em 2019, quando as mensalidades subiram 9%. Mas, de acordo com especialistas, o reajuste deste ano é um sinal para 2022, quando os valores devem ser ainda maiores por conta da inflação. 

"A perspectiva não é boa. Vai acabar sendo um aumento maior, as escolas vão justificar que acabaram não aumentando e estão atrasados com esse reajuste que está abaixo da inflação, então será preciso uma recomposição. Como o reajuste é feito no início do ano, é preciso considerar o risco inflacionário para que a escola não acabe ficando no prejuízo. É uma discussão difícil, porque os pais queriam a redução por conta do ensino remoto, até porque quando começou o ensino à distância, era uma modalidade mais barata do que o presencial com a justificativa de ser virtual, mas ao mesmo tempo as escolas tradicionais têm filas e provas para entrar, existe demanda", explica o coordenador no site Mercado Mineiro, Feliciano Abreu. 

Preços.
De acordo com a pesquisa, o maior aumento foi no valor médio da mensalidade do 1º ano do ensino médio, que passou de R$1.636,50 para R$1.723,99, uma alta de 5,35%. Nas escolas de ensino fundamental, foi o 7ª ano que registrou o maior acréscimo, de 4,24%, para 1.506,15, ante R$ 1.425,76 neste ano. 

Segundo o Sindicato das Escolas Particulares de Minas Gerais, os reajustes foram motivados devido a inadimplência e o aumento dos custos. Atualmente, o índice de inadimplência na capital é de 30%. "Esse momento de pandemia é um dos piores para as escolas em todos os sentidos. Fizemos a matrícula de 2021 com muitos alunos inadimplentes. Hoje, as escolas sofrem com um acúmulo de débitos de 2020 e 2021. Nenhuma escola tem interesse em aumentar a mensalidade além dos custos para cobrir despesa em função da concorrência", avalia a presidente da entidade Zuleica Reis, que ainda acrescenta os custos das escolas em manter o ensino híbrido. 

"Os custos de salários de professores e funcionários permanecem, são de 68% a 75% da folha, não tem como ser reduzido sendo remoto ou presencial. Os custos com energia elétrica, água e telefone também são os menores, não chega a 3% da planilha de custos. As escolas tiveram que investir em infraestrutura, equipamento e capacitação dos profissionais com o ensino remoto, além de atender os protocolos do ensino presencial, limpeza, álcool em gel, os testes dos funcionários", completa. 

O filho da empresária Bárbara Magalhães, 34, vai completar 6 anos em janeiro e vai cursar o primeiro ano do ensino fundamental em 2022. A procura por escolas já começou e os valores da mensalidade variam entre R$ 1 mil a R$ 2.500. "Já olhei a mensalidade de umas oito escolas. Comecei pesquisando pelo tipo de ensino que eu acredito, mas como vi que não tenho dinheiro, comecei a olhar pela questão da proximidade para pelo menos não gastar com transporte. Se colocar na ponta do lápis os gastos com material, uniforme e lanche a gente dá uma surtada", confessa a empresária que cogita, inclusive, parar de pagar o plano de saúde para dar conta das despesas.

"Muito provavelmente teremos que cortar o meu plano e o dele, porque é o nosso gasto fixo que dá para dispensar, mas não descarto a possibilidade também de encaminhar meu filho para a lista de escolas (públicas) que a Emei encaminhou por mais que não goste dessa alternativa", pontua. 

Variação é grande na capital

Os valores de mensalidade escolar variam até 161% na capital. É o caso do primeiro ano do ensino fundamental que, entre as 46 escolas particulares pesquisadas, custam de R$836,00 a R$2.189,00. No último ano do ensino médio, o preço varia até 127%, de R$1.219 a R$2.774.

“É importante pesquisar a escola com o melhor custo benefício”, afirma o coordenador do Mercado Mineiro, Feliciano Abreu, destacando que a qualidade de ensino, a infraestrutura e a metodologia das escolas podem justificar as diferenças. "A gente sabe que pedir um desconto para um filho dói mais do que pedir para você, é um desconforto, mas as escolas precisam estar abertas ao diálogo, muitas famílias perderam o emprego e o poder de compra. É preciso equilíbrio, porque as escolas precisam também pagar os salários dos funcionários", analisa. 

Escolas fechadas

Crise. De acordo com o Sindicato das Escolas Particulares de Minas Gerais, durante a pandemia pelo menos 125 escolas fecharam as portas no Estado, sendo 48 em BH

Na ponta do lápis 
Veja como foi o reajuste das escolas da rede privada em BH 

- Reajuste*

Ensino Fundamental 1° Ano: 2,50%
Ensino Fundamental 2° Ano: 2,61%
Ensino Fundamental 3° Ano: 1,38%
Ensino Fundamental 4° Ano: 1,32%
Ensino Fundamental 5° Ano: 2,39%
Ensino Fundamental 6° Ano: 2,90%
Ensino Fundamental 7° Ano: 4,24%
Ensino Fundamental 8° Ano: 3,81%
Ensino Fundamental 9° Ano: 3,65%
Ensino Médio 1° Ano: 5,35%
Ensino Médio 2° Ano: 4,81%
Ensino Médio 3° Ano:  3,31%

Variação de preço entre estabelecimentos 
Ensino Fundamental 1° Ano: 161,84% (R$836 a R$2.189)
Ensino Fundamental 2° Ano: 160,91% (R$839 até R$2.189)
Ensino Fundamental 3° Ano: 160,91% (R$839 até R$2.189)
Ensino Fundamental 4° Ano: 160,91% (R$839 até R$2.189)
Ensino Fundamental 5° Ano: 160,91% (R$839 até R$2.189)
Ensino Fundamental 6° Ano: 140,31% (R$965 a R$2.319)
Ensino Fundamental 7° Ano: 140,31%  (R$965 a R$2.319)
Ensino Fundamental 8° Ano: 140,31% (R$965 a R$2.319)
Ensino Fundamental 9° Ano: 136,15% (R$ 982 a R$ 2.319)
Ensino Médio 1° Ano: 115,73% (R$1.157 a R$2.496)
Ensino Médio 2° Ano: 115,73% (R$1.157 a R$2.496)
Ensino Médio 3° Ano: 127,56% (R$1.219 a R$2.774)

*Os dados levam em consideração os preços entre 2020 e 2021

Fonte: Mercado Mineiro

 

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