Indústria

Exportação de lactéos para a China impulsionará produção em Minas Gerais

Cinco das 24 unidades habilitadas do país por asiáticos são mineiras

Por Rafaela Mansur
Publicado em 25 de julho de 2019 | 03:00
 
 
 
normal

Dos 24 estabelecimentos brasileiros habilitados a exportar produtos lácteos para a China, cinco ficam em Minas Gerais. A abertura do mercado chinês, anunciada anteontem pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), foi bem recebida pelas indústrias de laticínios, que preveem aumento da produção e da venda de produtos como leite em pó, leite condensado e queijo, além de uma balança comercial um pouco mais equilibrada – em 2018, o país exportou US$ 58 milhões em lácteos, enquanto importou cerca de US$ 480 milhões.


Dos cinco estabelecimentos habilitados em Minas, três são da Itambé e estão nas cidades de Sete Lagoas (leite em pó), na região Central, Uberlândia (leite em pó), no Triângulo Mineiro, e Guanhães (leite em pó e manteiga), na região do Rio Doce. Os outros dois são da Tirolez e ficam em Tiros (queijo), no Alto Paranaíba, e Arapuá (manteiga), na mesma região. A maioria dos estabelecimentos está no Rio Grande do Sul – são seis no Estado.

O vice-presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg), Rodrigo Alvim, pontua que a medida é positiva, mas que é preciso aumentar a produtividade. “Exportar 2.000 toneladas para a China não quer dizer nada, eles são grandes importadores. Temos que ter matéria-prima para abastecer o país e exportar”, afirma.

Só de leite em pó, os chineses importam 800 mil toneladas, 25% mais do que toda a produção brasileira.

Para o diretor executivo do Sindicato da Indústria de Laticínios do Estado de Minas Gerais (Silemg), Celso Moreira, a abertura do mercado chinês vai impulsionar o aumento da produção.

“A produção leiteira tem como destino o mercado doméstico e, na prática, quando produzimos um pouco mais, há pressão pela redução do preço em razão do crescimento de oferta. Para aumentarmos a produção, temos que buscar o mercado externo. O fato de termos cinco plantas trará o equilíbrio de oferta e demanda que o mercado precisa”, diz Moreira.

Segundo o diretor do Silemg, a medida pode beneficiar produtores rurais, indústrias e consumidores, mas há desafios, como tornar o preço mais competitivo e a questão da logística.

Segundo o Mapa, a efetiva exportação dos produtos para a China ainda depende da confirmação da validade do Certificado Sanitário Internacional, que estava acordado com os chineses desde 2005. Procuradas, Itambé e Tirolez não se manifestaram

Sem Venezuela, venda para exterior caiu 90% em quatro anos

As exportações de produtos lácteos de Minas Gerais caíram significativamente nos últimos anos, com a perda do então principal comprador do Estado: a Venezuela.

Enquanto em 2015 foram exportados US$ 147 milhões, no ano passado, foram US$ 15 milhões, uma redução de quase 90%.

Para o subsecretário de política e economia agrícola da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), João Ricardo Albanez, como o principal produtor de leite do país, Minas tem uma oportunidade na abertura do mercado chinês.

“A demanda chinesa é muito significativa, temos produtos de qualidade para serem apresentados. Vamos fazer de tudo para termos uma fatia cada vez maior desse mercado”, afirmou, ressaltando que isso não ocorre “da noite para o dia”.

Segundo Albanez, Rússia, Angola, Taiwan, Estados Unidos e Tunísia são os maiores compradores de lácteos do Estado atualmente, e o queijo é o principal produto exportado.

“Tenho certeza que vamos exportar (para a China) e, com isso, teremos condições de aumentar a produção”, completa Albanez.

Notícias exclusivas e ilimitadas

O TEMPO reforça o compromisso com o jornalismo profissional e de qualidade.

Nossa redação produz diariamente informação responsável e que você pode confiar. Fique bem informado!