Mobilidade

Falta de ciclovias e custo alto barram adesão à bicicleta 

Veículo ainda não é encarado como meio de transporte

Por Ludmila Pizarro
Publicado em 19 de outubro de 2014 | 04:00
 
 
 
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Mesmo com várias campanhas de mobilidade realizadas em Belo Horizonte e a expansão de ciclovias, o mercado de bicicletas na capital mineira não está crescendo. Essa é a avaliação de Pedro Trindade, coordenador da câmara Duas Rodas Bike, da Câmara dos Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL-BH), corroborada por mais quatro lojistas do segmento, de diversas regiões da cidade, que foram ouvidos pela reportagem de O TEMPO.

“A realidade do comércio em geral, nos últimos oito meses, é de queda, em função do quadro recessivo da economia. Por isso, não podemos falar em crescimento e sim, em estabilização”, avalia Pedro Trindade, também proprietário da Ciclogiro, loja no bairro São Pedro.

Igual avaliação faz Alex Cheib, proprietário da Tripp Aventura, na Cidade Jardim. “O mercado está em crescimento, temos mais procura, mas isso não está refletindo em vendas”, opina Cheib, destacando que “o público feminino hoje é muito maior do que anos atrás”.

No caso da Mais Bike, loja na Savassi especializada em bicicletas para atletas e amadores de alta performance, a situação é ainda mais complicada em função dos impostos.

“O ano de 2014 está sendo péssimo. Hoje, quem importa uma bicicleta paga 123% só de tributos. Tenho notícia de dois importadores que estão desistindo desse mercado, porque o cliente vai para os Estados Unidos comprar a bicicleta lá, já que fica mais barato”, explica o dono da Mais Bike, Antônio Sérgio Barral.

Esporte. Segundo os lojistas, 90% das bicicletas vendidas em Belo Horizonte são destinadas ao lazer e à prática de esporte. “Poucas pessoas chegam à loja em busca de um meio de transporte. Mais de 90% querem uma forma de sair do sedentarismo”, diz Luiz Henrique de Souza, da By Bike, na Cidade Nova.

Para Igor Soares Teodoro, gerente da Ciclovia Bicicletas no Carlos Prates, falta estrutura para que a bicicleta seja vista como alternativa de mobilidade. “A ciclovia em Belo Horizonte liga lugar nenhum a nada. Não dá para fazer um trajeto longo na ciclovia, e é preciso criar alternativas ao trânsito da capital mineira”, afirma Teodoro, lembrando ainda a grande necessidade de os motoristas respeitarem os ciclistas nas ruas de Belo Horizonte. .

Infraestrutura. O presidente da Associação Brasileira do Setor de Bicicletas (Aliança Bike), Marcelo Maciel, explica que para a bicicleta se estabelecer como meio de transporte é necessário um tripé: infraestrutura, bicicletas mais baratas e campanhas de conscientização. “No caso da infraestrutura, falamos de ciclovias, ciclofaixas e estacionamentos para as bicicletas. Já o acesso à bicicleta tem que vir com a redução da tributação. Hoje no país uma bicicleta paga mais imposto que o automóvel. Por fim, precisamos criar uma relação pacífica e respeitosa entre motoristas e ciclistas”,ensina Maciel.

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