Racionamento

Horário de verão ineficiente  

Período será maior, mas seca e térmicas ligadas farão economia ser menor neste ano

Por Janine Horta
Publicado em 15 de outubro de 2014 | 03:00
 
 
 
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A economia de energia no horário de verão deste ano será bem menor que no ano passado, mesmo com uma semana a mais de duração. Cairá de R$ 405 milhões em 2013/2014 para R$ 278 milhões em 2014/2015. Os motivos para essa menor eficácia na redução de energia durante o período (que irá de 19 de outubro, próximo domingo, até 22 de fevereiro de 2015), de acordo com analistas do setor energético, são a seca prolongada e o acionamento das térmicas, que têm custos de produção de energia bem maior. Sem chuvas, as hidrelétricas, principais matrizes energéticas do país, das regiões Sul e Sudeste estão com os reservatórios vazios e com produção comprometida.
 

Ainda assim, a medida pode contribuir para diminuir o risco de um apagão energético, já que alguns reservatórios de barragens hidrelétricas – como Três Marias e São Simão, ambas em Minas Gerais – já estão operando com um nível de água, até abaixo do nível de 2001, quando houve o racionamento de energia. As estatísticas oficiais apontam que o risco de racionamento agora está na casa de 4%. Três Marias, por exemplo, que tem sete turbinas, está com apenas duas funcionando. Na semana passada, ficou definido pela Agência Nacional de Águas (ANA) e pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) que sua vazão será reduzida de 150 m³ para 140 m³ por segundo até o final de outubro, podendo chegar a 120 m³ após esse prazo.

Análise. “Temos um número de termelétricas hoje muito maior do que aquele que tínhamos em 2001. Por isso, é que nós conseguimos passar esse período seco sem a necessidade de racionamento. O período chuvoso de 2013 para 2014 foi um dos piores dos últimos 83 anos. Mas como nós temos um parque de quase 17 mil megawats médios de usinas termelétricas, isso fez a diferença”, analisa o presidente da Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (Abradee), Nelson Fonseca Leite.

Para Cláudio Sales, que é presidente do centro de estudos do setor elétrico Instituto Acende Brasil, o problema é a má gestão do setor elétrico. A situação só não está pior porque a indústria consumiu menos e o setor não cresceu em 2014. “O crescimento do consumo energético em relação ao ano passado deve fechar entre 3% e 4%, puxado pelas residências e comércio. Fecharemos o ano no limite do limite. O que nos deixa com dependência extremamente forte das chuvas”, revela.

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