Como forma de prevenção ao novo coronavírus, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) tem feito, desde março, pesquisas à distância por telefone (ligação convencional ou ligação por Whatsapp) e por e-mail. A nova modalidade, entretanto, tem encontrado resistência de aproximadamente 30% dos entrevistados que não têm respondido aos questionamentos.

“A taxa de recusa e de não resposta principalmente para as pesquisas domiciliares, ou seja, as que são feitas com o cidadão por telefone está muito elevada, cerca de 30% para algumas regiões. É preciso reduzir muito este percentual de 'não resposta' para garantir uma boa consistência dos dados”, informou Fabiana Fábrega de Oliveira, técnica em pesquisas do IBGE há 13 anos e atual chefe da Agência do instituto em Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte.

A servidora informou que existem “diversas resistências” por parte das pessoas contactadas. “Muitas desligam depois que nos apresentamos e não nos atendem mais. Ou quando não temos o telefone, mandamos telegrama e as pessoas não entram em contato com o IBGE. Algumas até nos escutam, mas se negam a prestar informações e sequer conseguimos dizer que a prestação de informações ao IBGE é um dever previsto em lei”, disse.

Entre os motivos elencados por Fabiana para a resistência estão o medo de fraudes e golpes, a falta de conhecimento sobre as pesquisas que o IBGE faz e que se trata de um órgão oficial federal produtor das estatísticas do Brasil. “Há também o receio em relação à fiscalização e perda de benefícios, mas destacamos que todas as informações prestadas ao IBGE ao mesmo tempo que obrigatórias segundo a Lei 5.534 de 1968, são protegidas pela mesma lei. Ela garante que todas as informações são de caráter sigiloso e jamais serão usadas em qualquer processo fiscal, administrativo ou jurídico”, explica.

Fabiana afirmou que as pesquisas econômicas são feitas junto às empresas ou contabilidade que preenchem o questionário pela internet, com o contato inicial feito por e-mail ou por telefone. Já as pesquisas domiciliares, que são aquelas feitas com cidadãos, levantando dados sobre as famílias, são feitas por telefone e o contato inicial também pode ser feito por Whatsapp. “Oferecemos inclusive a chamada de vídeo se o morador se sentir mais seguro vendo o entrevistador”, afirmou.

O instituto alega que para as pesquisas econômicas, feitas com as empresas e contadores, são solicitados dados contábeis como receitas, despesas e afins. Quanto às pesquisas domiciliares, como a PNAD Contínua que está em andamento e é responsável por divulgar mensalmente os dados de desemprego no país, os questionamentos são feitos sobre moradia, escolaridade, trabalho, rendimento e outras similares. Não são solicitados documentos pessoais, dados bancários, senhas e códigos enviados por SMS.

Se alguém receber contato do IBGE, Fabiana diz que, na dúvida, o cidadão deve pedir o nome completo do entrevistador e o número de matrícula. Com as informações em mão, a pessoa pode acessar o site respondendo.ibge.gov.br , clicar na opção "verifique a identidade do entrevistador" e conferir os dados, além de ver a foto do entrevistador. O cidadão pode ainda ligar na central de atendimento 0800 721 8181.

Covid-19

A partir de maio, o IBGE vai iniciar a pesquisa PNAD-Covid em parceria com o Ministério da Saúde. "Nesta pesquisa ligaremos para um grande grupo de endereços selecionados em todos os estados do Brasil e pesquisaremos sintomas da Covid-19, a busca por atendimento em saúde e os impactos da doença sobre o trabalho e rendimento das famílias. Ligaremos para os mesmos endereços, monitorando-os ao longo de várias semanas por cerca de 4 meses", explicou Fabiana.