Mercado Financeiro

Ibovespa cai pressionado por ações da Vale e da Petrobras

O Ibovespa caiu 2,09%, fechando o dia aos 119.989 pontos, enquanto o dólar teve alta de 0,63%, cotado a R$ 4,758


Publicado em 27 de julho de 2023 | 19:02
 
 
 
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A Bolsa brasileira caiu e voltou ao patamar dos 119 mil pontos nesta quinta-feira (27), pressionada por ações da Petrobras e da Vale. Um movimento de realização de lucros após altas recentes também puxou o desempenho do Ibovespa.

Já o dólar começou a sessão em queda e chegou a ser negociado a R$ 4,709 na mínima do dia, mas firmou alta ante o real nesta tarde. Apesar do otimismo de investidores após a decisão da Fitch de elevar a nota de crédito soberano do Brasil, a moeda americana subiu no exterior após uma nova elevação nos juros dos Estados Unidos, realizada na quarta (26).

Com isso, o Ibovespa caiu 2,09%, fechando o dia aos 119.989 pontos, enquanto o dólar teve alta de 0,63%, cotado a R$ 4,758.

Para o analista Marco Monteiro, da CM Capital, a queda do Ibovespa nesta quinta é um movimento natural após as fortes altas recentes.

"É mais a correção de mercado, realização de lucros", disse ele, observando que os últimos meses do Ibovespa vêm sendo positivos. Só em junho, o índice teve avanço de 9% e, neste mês, acumula ganhos de cerca de 2,5%.

De acordo com Monteiro, essa correção é "saudável", já que abre espaço para investidores tomarem posição em alguns papéis que subiram recentemente.

Nesta semana, o índice alcançou seu maior patamar desde agosto de 2021, impulsionado principalmente por empresas de commodities, como a Vale, diante de promessa de estímulo econômico na China, e ao fortalecimento da perspectiva de corte de 0,50 ponto percentual na Selic na semana que vem.

Contudo, a Vale registrou queda de 1,86% nesta quinta, em dia de declínio do minério de ferro no exterior, sendo um dos pontos de pressão do Ibovespa na sessão.

Mas foram as ações da Petrobras que tiveram maior peso na queda do índice. A petroleira registrou baixas de 5,25% nas ações preferenciais e 5,68% nas ordinárias, mesmo em dia de alta do petróleo no exterior.
Na quarta, a companhia divulgou que sua produção de petróleo no Brasil teve queda de 0,6% no segundo trimestre deste ano, e que as vendas totais de petróleo, gás e derivados caíram 9,3%, o que pesou contra os papéis.

Segundo Lucas Almeida, especialista em mercado de capitais da AVG Capital, as ações da Petrobras também foram afetadas por especulações do mercado sobre reajustes de preços de combustíveis pela empresa em meio ao avanço recente dos preços do petróleo.

"Ainda existe um certo ruído sobre a políticas de preços de combustível da empresa, e esperar mais clareza sobre esse assunto pode ser um bom negócio. A maioria das grandes casas de análises estão com posição 'neutra' sobre Petrobras", diz Almeida.

Ele aponta, ainda, que o mercado espera divulgações sobre a nova política de dividendos e monitora possíveis mudanças na diretoria da estatal.
Outro destaque negativo foram as ações da Gol, que registraram as maiores perdas do dia ao caírem 5,83%, numa sessão negativa para o setor aéreo. A azul, que caiu 4,06%, também ficou entre os piores desempenhos da sessão.

Um operador ouvido pela reportagem aponta que as aéreas foram impactadas pela alta global do dólar e do petróleo, que atingem as projeções de companhias do setor. A Gol, por exemplo, cortou sua expectativa de crescimento da oferta de alta de 15% a 20% para expansão de 10% a 15%.

Na ponta positiva, os papéis do Assaí tiveram alta de 4,89% e foram os únicos com ganhos entre os mais negociados da sessão. A empresa divulgou na quarta seu balanço financeiro do segundo trimestre, que apontou alta de 20,3% na receita líquida, mas queda de 51,1% no lucro.
Nos mercados de juros futuros, as curvas para 2024 ficaram estáveis, enquanto as mais longas tiveram alta após fortes quedas recentes. Os contratos para janeiro de 2025 iam de 10,57% para 10,62%, enquanto os para 2026 subiam de 10,04% para 10,11%.

JUROS DOS EUA PUXAM ALTA DO DÓLAR

Nos EUA os principais índices acionários abriram o dia em alta, mas fecharam em queda, após a decisão do Fed (Federal Reserve, o banco central americano) de elevar as taxas de juros do país em 0,25 ponto percentual, em linha com as expectativas do mercado.

Além disso, os índices foram afetados por decisões de bancos centrais estrangeiros. O BCE (Banco Central Europeu) elevou mais uma vez suas taxas de juros em 0,25 ponto percentual, e o Banco do Japão, que não havia entrado na tendência de aperto monetário global, anunciou que está discutindo se deve permitir que suas taxas de juros de longo prazo subam além do atual limite de 0,50%.

Nesse cenário, o S&P 500, o Dow Jones e o Nasdaq caíram 0,64%, 0,67% e 0,55%, respectivamente.

A decisão do Fed também colaborou para a alta do dólar nesta quinta, já que juros maiores beneficiam a moeda americana aumentam o retorno da renda fixa do país, atraindo recursos.

O mercado acredita, porém, que o ciclo de aperto de juros nos EUA já acabou. Isso torna a perspectiva de retorno de investimentos em renda fixa denominados em dólar menos atraente, o que pode levar a um redirecionamento de dinheiro para praças mais rentáveis, como os mercados emergentes. Com isso, ainda haveria espaço para queda da moeda americana nos próximos meses.

Além disso, a performance do real sobre o dólar tem sido apoiada pelo otimismo de investidores com a economia brasileira. A moeda americana vem registrando seus menores níveis em mais de um ano no Brasil, e a tendência é que o movimento se mantenha.

Mesmo assim, o dólar fechou em alta ante a moeda brasileira nesta quinta, num movimento de correção e que acompanha o exterior. O índice DXY, que mede o desempenho do dólar ante outras moedas fortes, subiu 0,89%. 
(MARCELO AZEVEDO/FOLHAPRESS)

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