Risco à saúde

Leite 'fake' ou real? Aprenda com uma nutricionista como diferenciar o produto

Compostos lácteos que imitam derivados de leite estão por toda parte e são frequentemente confundidos; nutricionista explica diferenças e o risco de 'comprar gato por lebre'


Publicado em 07 de maio de 2023 | 09:00
 
 
 
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Quantas vezes você foi ao supermercado e comprou um requeijão, com um preço super satisfatório, e ao chegar em casa percebeu que, na verdade, era um composto lácteo “tipo” requeijão? Esses alimentos estão por toda parte e são frequentemente confundidos com derivados do leite. Na hora de comprar, é preciso ficar esperto, pois, apesar de estarem em embalagens muito parecidas, esses produtos são muito diferentes!

A nutricionista esportiva Renata Paz explica a diferença: “quando um alimento é derivado do leite, geralmente ele tem 100% de leite”, diz. “Já o composto lácteo tem que ter, pela regulamentação, 51% de leite”, pontua. “Mas a gente percebe que, na maioria dos compostos lácteos, são encontrados aditivos, açúcar, corante. Eles falam que é composto lácteo mas, na hora que a gente vai olhar a tabela nutricional, tem um monte de coisa, como a maltodextrina, que é um açúcar com outro nome, por exemplo”, completa. Renata lembra que, em muitos casos, o produto tem mais aditivo que o próprio leite.

Em resumo, o composto lácteo é um alimento industrializado ultraprocessado. Por isso, pode oferecer riscos à saúde. Segundo Renata, a presença de aditivos é a principal preocupação nesse caso. “Esses aditivos para o nosso organismo são como xenobióticos, são coisas estranhas, o organismo não reconhece aditivo químico, ele não reconhece corante e conservante, e esses aditivos se ligam no mesmo receptor dos hormônios, atrapalhando todo o nosso metabolismo”, explica.

Risco para crianças e idosos

A nutricionista lembra que, para crianças, o risco de consumir alimentos com muitos aditivos pode afetar o resto da vida. A maltodextrina, muito presente nesses alimentos, é um tipo de açúcar que pode ser prejudicial. “Tudo que tem excesso de açúcar faz com que a criança fique extremamente viciada”, afirma.

O consumo na infância faz com que, na vida adulta, o ser humano tenha dificuldades para conseguir fazer uma dieta à base de vegetais, por exemplo. “Para quem está acostumado com tudo muito doce, o vegetal é amargo”, ilustra.

Já para idosos, o consumo diário de compostos lácteos pode agravar problemas preexistentes, comuns da idade. “A digestibilidade dele já está comprometida, dependendo da idade, e as enzimas já não trabalham de forma correta. A absorção já está comprometida por ele ser idoso. E aí, esse idoso está comendo uma coisa que atrapalha mais ainda, elevando a glicose, elevando o colesterol”, comenta.

Ela lembra que a consequência natural será aumentar o número de medicamentos para corrigir o “estrago” feito pela má alimentação. “Muitas vezes o próprio geriatra vai ter que ajustar medicação, porque aquele idoso está comendo de forma errada”, pontua.

Como não confundir na hora de comprar?

Apesar de muito diferentes, compostos lácteos e derivados de leite costumam ter embalagens muito parecidas. Isso, inclusive, foi motivo de uma orientação do Ministério Público Federal ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento para que haja fiscalização nas empresas. A ideia é orientar que as embalagens sejam facilmente distinguidas pelo consumidor, com cores diferentes e informações claras.

Para não errar na hora de comprar (e a orientação vale para qualquer produto industrializado), Renata orienta seguir esses dois passos:

  1. Na lista de ingredientes, o primeiro que aparece tem que ser o que você está procurando. Exemplo: se é um requeijão, o primeiro ingrediente tem que ser leite
  2. Se os nomes dos ingredientes são muito estranhos (em Inglês, em Latim), se tem palavras que você não sabe o que significam, não compre!

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