Impacto nas vendas

Lojas de fogos amargam prejuízo com proibição de foguetes com barulho em BH

Fogos coloridos sem alto ruído ainda são permitidos, mas soltar foguetes com estampido é proibido desde o começo de setembro

Por Gabriel Rodrigues
Publicado em 30 de setembro de 2022 | 12:00
 
 
 
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Não importa quais candidatos vençam as eleições no próximo domingo (2), quem soltar foguetes com ruído em comemoração em Belo Horizonte estará fora da lei. A nova legislação municipal que proíbe foguetes e fogos de artifício que causam barulhos altos está valendo desde o dia 9 de setembro. Tradicionalmente, este momento seria de aquecimento do mercado de foguetes, em meio ao período eleitoral, à escalada do Cruzeiro no Campeonato Brasileiro e à aproximação do Dia de Nossa Senhora Aparecida, em 12 de outubro, e da Copa do Mundo. Mas, pelo contrário, o setor agora teme prejuízos enquanto tenta se adaptar à nova realidade. 

Segundo a Lei Nº 11.400 de 2022, só estão proibidos os fogos de artifício e os foguetes de estampido de “efeito sonoro ruidoso”. Mas outros artefatos, como os fogos de artifício coloridos, chamados "de vista", e com barulho de “baixa intensidade” continuam permitidos. Por enquanto, mesmo que proíba o uso de alguns itens, a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) não regulamentou a nova lei, por isso não há definição clara do que é “baixa intensidade” e nem de quais são as punições para quem descumprir a norma. Ainda nesta semana, foi possível ouvir foguetes na região central durante partidas de futebol. O governo municipal se compromete a publicar a regulamentação da lei até dezembro.

A lei restringe o uso dos foguetes, porém não proíbe a venda de nenhum artefato. Mas, mesmo antes de a Prefeitura de BH (PBH) definir quais serão os parâmetros utilizados para o uso de cada tipo de foguete, lojas especializadas registram queda de vendas. Na Casa do Fogueteiro, no Centro de Belo Horizonte, um quinto da cartela de produtos é de foguetes que produzem barulhos intensos. O proprietário, Eustáquio Gonçalves, estima que deixará de faturar o equivalente a isso no primeiro momento e relata que alguns clientes ainda não entenderam que alguns itens continuam permitidos na capital.

“O maior problema é que não está tendo uma divulgação correta de que há muitos itens que não são proibidos. Também vendemos fogos com barulho para a agricultura e para aeroportos espantarem pássaros, por exemplo. No futuro, acabaremos tendo uma adaptação. As fábricas estão começando a produzir fogos de baixa intensidade e baixo ruído”, avalia.

Proprietário da BH Fogos, hoje Rafael Ataíde mantém uma loja apenas em Contagem, na região metropolitana, já que a diminuição da demanda por fogos nos momentos mais graves da pandemia o levou a fechar a unidade na capital. Já que vende para o público belo-horizontino, ele diz também estar preocupado com o rumo das vendas. “Os fogos com estampido têm uma saída boa. Ele é um produto que se tornou cultural no dia 12 de outubro e em comemoração aos jogos de futebol. Com certeza, a proibição impactará as vendas, mas o que nos resta é nos adequar e trabalhar com os fogos coloridos”, diz. 

O Sindicato das Indústrias de Explosivos no Estado de Minas Gerais (Sindiemg) concorda que é necessário adaptar a produção para produzir foguetes menos ruidosos, mas cobra que a prefeitura seja mais clara e flexível no que poderá ou não ser utilizado. “Não queremos prejudicar e nem ser prejudicados, temos que encontrar um meio-termo. A indústria aceita tirar alguns produtos de linha, que sabemos ser mais expressivos e passam de um valor maior de decibéis, então vamos nos adequar, mas precisamos manter os foguetes ‘de tiro’. Nacionalmente, foguetes de estampido são 40% do nosso faturamento”, explica o presidente do sindicato, Magnaldo Geraldo Filho. 

Minas Gerais é o segundo maior polo mundial de fabricação de fogos de artifício, atrás somente da China. A produção se concentra em Santo Antônio do Monte, na região Centro-Oeste de BH. Cerca de 30 mil toneladas de foguetes são produzidos em Minas anualmente, segundo o Sindiemg.

Por que os fogos com barulho foram proibidos em Belo Horizonte

Os vereadores que propuseram o projeto que se tornou lei, Irlan Melo (Patriota), Miltinho CGE (PDT) e Wesley (PP), justificaram a medida pelos danos que o “foguetório” causa em animais e em algumas crianças autistas, além de danos ambientais potencialmente causados pelas substâncias dos foguetes e acidentes com os artefatos. Outros locais fazem o mesmo movimento de proibição. O uso de foguetes com estampido é proibido em todo o Estado de São Paulo, por exemplo, desde 2021. 

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