Mais econômico e limpo, etanol é aposta do Sebrae MG para futuro sustentável

Vinte anos após a chegada dos carros flex no Brasil, em 2003, o etanol traça um caminho para se consolidar como uma alternativa sustentável no processo de transição energética. Produzido a partir da cana-de-açúcar, o biocombustível é, por vezes, considerado mais economicamente viável e menos agressivo para o meio ambiente. Diante desse cenário, o Sebrae Minas lançou, nesta quarta-feira (13/03), a campanha “Nós usamos etanol – frota Sebrae mais limpa e renovável”.

A iniciativa consiste no abastecimento de todos os 140 veículos da instituição exclusivamente com etanol. Conforme a instituição, no ano passado, o Sebrae Minas registrou mais de 2 milhões quilômetros rodados por sua frota em todo o Estado. Foram 172 mil litros de etanol e cerca de 44 mil litros de gasolina consumidos, o que gerou uma emissão de 246 toneladas de CO². Se a entidade tivesse optado apenas pelo biocombustível, teria reduzido quase 63% da emissão ou 235 toneladas de CO².

“Ao adotarmos o etanol em nossa frota, estamos contribuindo ativamente para a redução das emissões de gás de efeito estufa e para a preservação de recursos naturais. O Sebrae Minas tem a convicção de que pode inspirar a sociedade e a comunidade empreendedora a adotarem práticas sustentáveis. Saliento que a nossa responsabilidade não se limita ao ambiente de negócios. O nosso compromisso é com a construção de um futuro mais justo e equilibrado para todos,” destaca o presidente do Conselho Deliberativo do Sebrae Minas, Marcelo de Souza e Silva.

O presidente enfatizou que a iniciativa foi idealizada em dezembro de 2023, na 28ª Conferência das Partes sobre Mudança do Clima das Nações Unidas (COP28), em Dubai. O Sebrae Minas esteve presente no evento, que contou com a participação de mais de 110 países. Durante o encontro, lideranças de todo o mundo assumiram o compromisso de triplicar o uso de energias renováveis no mundo, duplicar a eficiência energética até 2030 e zerar as emissões de carbono até 2050.

Valorização 

Para o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg), Antônio Pitangui de Salvo, a campanha do Sebrae Minas estimula o início da valorização dos produtos brasileiros. “Nós já temos a solução energética dos nossos combustíveis há mais de 40 anos. E só agora estamos reconhecendo isso. O Brasil é uma potência agrícola, tem um combustível renovável, limpo e que emite menos gás de efeito estufa. Além disso, o uso do álcool produz emprego e traz sustentabilidade para o campo, fazendo a economia circular dentro do próprio Brasil.”

Conforme Antônio, com a tecnologia do carro flex, a utilização do etanol se tornou uma solução mais sustentável. “Se você abastece com um combustível fóssil, no caso da gasolina, você vai jogar alguma coisa como 150 gramas de gás de efeito estufa na atmosfera por quilômetro rodado. E com etanol, isso cai para 62 gramas. Então, com os recursos que temos podemos tornar o combustível brasileiro altamente competitivo, melhorando não só o ar, mas a economia de Minas e do Brasil,” enfatiza. 

Competitividade

A respeito da competitividade citada pelo presidente da Faemg, em alguns Estados, o etanol se estabeleceu como mais vantajoso em relação à gasolina, mesmo no período de entressafra de cana-de-açúcar, que começou em dezembro do ano passado e deve terminar em meados de abril deste ano. Segundo o levantamento mais recente da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), na última semana, a média dos postos pesquisados no país apontou que o etanol tinha paridade de 62,37% ante a gasolina, abaixo do limite máximo de 70% necessário para considerá-lo viável.

Já em Belo Horizonte e na região metropolitana, o site de pesquisa Mercado Mineiro levantou valores em 200 estabelecimentos e apurou que, mesmo com um aumento de alguns centavos no último mês, o álcool corresponde a 64% do valor médio do derivado do petróleo. 

Produção 

Segundo a Associação da Indústria Sucroenergética de Minas Gerais (Siamig), Minas Gerais encerrou a safra de 2023/2024 com a maior produção da história do Estado, se tornando o segundo maior produtor de cana-de-açúcar do Brasil, ao ultrapassar o Estado de Goiás. Foram quase 80 milhões de toneladas de cana produzidas, provocando o aumento de 14% da produção de etanol em relação ao ano anterior. “Talvez neste ano, a gente não consiga repetir a mesma produtividade, mas a boa notícia é que, neste ano, aumentamos a área de cana-de- açúcar para processamento em Minas,” detalha o presidente da Siamig, Mário Campos. 

Segundo Mário, a expectativa é que a demanda pelo combustível continue em alta no Estado, uma vez que, em janeiro, Minas aumentou em mais de 60% o consumo de etanol, em comparação a janeiro do ano passado. “A tendência é que durante todo esse ano a gente tenha realmente um consumo mais elevado, visto que o biocombustível no Estado tem se mantido mais competitivo. Hoje, a gente tem praticamente R$ 2,00 de diferença entre o preço da gasolina e do etanol. E nós temos uma frota que é 85% flex. Lembrando ainda que temos 400 unidades agroindustriais no Brasil, gerando possibilidades de negócios para pequenos e médios negócios e promovendo o desenvolvimento econômico no país.”