Durante anos, a imagem de Minas Gerais sempre esteve associada à qualidade de sua culinária e de seus queijos, cafés e cachaças. Porém, nos últimos tempos, esse “carimbo” vem sofrendo mudanças. Não que esses itens tenham perdido espaço. Pelo contrário, continuam em alta. Mas o que se vê é uma diversificação cada vez maior do mercado, com produtos que vêm conquistando o país e sendo constantemente premiados.
Para se ter uma ideia, somente nos últimos dois anos, a Backer, um dos principais expoentes do Estado no setor de cervejas artesanais, conquistou 35 prêmios, com destaque para a medalha de platina do Mondial de la Bière, em 2016.
Até mesmo o vinho, que quase nunca foi produto de destaque em Minas, vem ganhando notoriedade, seja por sua qualidade, como é o caso do Maria Maria Bel Sauvignon Blanc 2015, premiado no principal concurso do ramo, seja pelas técnicas inovadoras da Epamig.
Isso sem contar o já tradicional queijo, que teve 11 produtores laureados no último salão internacional, e o café, que bateu recorde no preço de venda.
Na avaliação do chef Edson Puiati, idealizador da Semana da Gastronomia Mineira, o diferencial no Estado é a busca por evolução, da produção à mesa.
“Vejo com muita alegria os resultados que estamos obtendo. Isso é fruto do esforço e do conhecimento dos nossos produtores, que vêm caminhando com as próprias pernas e obtendo resultados expressivos. Você pode ver: hoje, temos queijos premiados em todo o planeta, o café mais caro do Brasil, a ‘Bélgica brasileira’ no quesito cerveja, e por aí vai... ou seja, não faltam referências”, celebra.
Puiati não esconde seu otimismo. Para ele, a tendência é que Minas mantenha essa toada e vire referência em breve. “Isso mostra que os melhores produtos do mundo estão aqui. Em dez anos, vamos ser um Estado expressivo em produtos de alta gastronomia”, completa.
Para Alfredo Figueiredo, sócio da cervejaria Krug Bier, a diversificação de produtos de qualidade no Estado conseguiu mudar o comportamento do consumidor. “Vejo que os produtos artesanais de Minas conquistaram grande sucesso e espaço no mercado. Seja vinho, café ou queijo, nosso mercado gourmet está fantástico e tende a crescer ainda mais. É bom que esse movimento ocorra, pois reforça junto aos consumidores essa cultura de busca por itens de melhor qualidade”, destaca Figueiredo.
Números
35 prêmios foram conquistados pela Backer nos últimos dois anos
4 cervejarias artesanais estão instaladas em Minas Gerais
14% é a previsão de crescimento do setor em 2017 no Estado
Matéria-prima local também é destaque
No setor de cervejas artesanais, é comum a incidência de produtos incomuns misturados a água, cevada, lúpulo e levedura, ingredientes básicos da bebida. No caso das cervejarias, há sempre a busca pela valorização dos insumos locais.
Na Backer, na receita da Exterminador, o que se destaca é o capim-limão. “Buscamos sempre matérias-primas de Minas ou do Brasil, como madeira de imburana ou o capim-limão, que é a erva-cidreira. Eles se destacam, dependendo da composição da cerveja produzida”, explica Hayan Lebbos, mestre cervejeiro.
A Krug, por sua vez, foi à região do Norte de Minas para fazer a Submissão. “Buscávamos uma cerveja mais refrescante. E achamos no tamarindo, fruta bem comum no norte mineiro, um ingrediente perfeito para essa combinação”, destaca Alfredo Figueiredo, sócio da cervejaria artesanal.
FOTO: Fred Magno |
Experimentação. Cervejaria Backer usa ingredientes como capim-limão na composição dos produtos |
Qualidade faz de MG a “Bélgica brasileira”
A produtividade e a criatividade na elaboração da cerveja artesanal fez Minas receber o apelido de “Bélgica brasileira”, em referência ao país europeu conhecido pela qualidade de suas cervejas.
Entre as 41 empresas do segmento com fábricas em atividade no Estado, ganha destaque a Backer, não só pela maior produção artesanal do setor (cerca de 240 mil litros/mês), mas, principalmente, devido à qualidade de seus 20 rótulos.
Não à toa, a cervejaria foi laureada 35 vezes somente nos dois últimos anos. Para o sócio e mestre cervejeiro da Backer, Hayan Lebbos, o sucesso da empresa está diretamente relacionado à busca por qualidade, aliada à variedade. “Hoje, temos 20 rótulos e vamos lançar mais cinco somente neste ano. Nossa ideia é proporcionar ao público novas experiências, mostrando a diferença de cada estilo e de cada país, sem deixar de focar a qualidade”, explica.
Diretora de marketing e sócia da Backer, Paula Lebbos reforça a ideia do setor de que a qualidade precisa prevalecer a quantidade. “Queremos, continuamente, ampliar nossa capacidade de ter novas receitas, mostrando a todos que é melhor beber menos, mas com mais qualidade”, completa.
Crescimento
Em alta. Segundo o Sindicato das Indústrias de Cerveja e Bebidas em Geral do Estado de Minas Gerais (SindBebidas), a previsão é que o setor cresça 14% em Minas neste ano.