Depois de dez anos trabalhando embarcado, em projetos de plataformas da Petrobras, Wagner Aguiar, 38, perdeu o emprego em 2016. Ele trabalhava na marinha mercante e, diante da operação Lava Jato e da queda nos preços do barril de petróleo, os contratos pararam de aparecer. Das megaplataformas, ele partiu para uma microfranquia, solução encontrada para investir suas economias. Segundo a Associação Brasileira de Franchising (ABF), apenas no terceiro trimestre de 2017 o setor movimentou R$ 41,8 bilhões, alta de 8% em relação ao mesmo período de 2016, oferecendo muitas opções que exigem baixo investimento de capital.
Os números positivos, em meio ao alto índice de desemprego no país, ajudaram na decisão de Aguiar, que só veio depois de muita pesquisa. Ele investiu dinheiro e cinco meses na elaboração de um plano de negócios para fornecer camarões e frutos do mar para consumidores de Minas Gerais. Porém, no fim de tudo, abriu mesmo foi uma microfranquia da “Só Multas”, especializada em defender motoristas que perderam pontos na carteira de habilitação.
“Percebi que era um negócio muito promissor e que não tinha nada parecido em Juiz de Fora (Zona da Mata). Quando fui fechar o negócio, disse que só tinha aquela ‘bala na agulha’ e não poderia perder meu investimento de jeito nenhum. Hoje, já penso em abrir outras em Minas ou até mesmo em outro Estado”, diz.
Os sócios Júnior Seixas, 26, e Clayton Vitor, 29, fundaram a “Só Multas” em 2015. “Começamos com uma empresa em Belo Horizonte e depois percebemos o potencial de franquear. O interesse é grande. Por dia, recebemos cerca de seis consultas. Já temos seis unidades e pretendemos dobrar de tamanho em 2018”, afirma Seixas.
O investimento inicial é de R$ 49.500. E o valor inclui desde a assessoria até a compra do mobiliário. O retorno previsto é em 12 meses, média esperada para uma microfranquia, segundo a ABF.
O especialista Rodrigo Campelo, autor da coluna Negócio e Franquia, destaca que uma das principais vantagens do modelo de negócio é o fato de ele já ter sido testado e provado que é lucrativo. “Por se tratar de uma rede, a franqueadora passará ao franqueado treinamento, material e todo suporte necessário para a execução da microfranquia”, ressalta Campelo.
Uma microfranquia exige investimento de até R$ 90 mil. No site da ABF é possível encontrar várias opções, inclusive com investimentos bem menores, a partir de R$ 1.200.
BH no topo. Com 1.966 unidades, a capital mineira é a quarta cidade do Brasil com maior número de franquias. Segundo a ABF, está atrás apenas de São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília.
Minas é o 4º Estado com mais franqueadoras
Minas Gerais é o quarto Estado em número de empresas franqueadoras e o terceiro em unidades de franquias em operação. Só perde para São Paulo e Rio de Janeiro. De acordo com balanço da Associação Brasileira de Franchising (ABF), só no terceiro trimestre o setor faturou R$ 3,1 bilhões em Minas, o correspondente a 7,5% da receita nacional.
“Mesmo com toda a instabilidade econômica do país, esses números refletem a força do mercado mineiro. As empresas do setor na região têm trabalhado duro para manter e expandir seus negócios com a certeza de que há espaço e boas oportunidades de crescimento. Podemos dizer que estamos numa curva ascendente de desenvolvimento”, diz a diretora regional da ABF Minas, Danyelle Van Straten.