Oportunidade

Minimercados: empresa de MG foca em condomínios pequenos e preços mais baixos

Fast Market prevê crescimento entre 30% e 40% neste ano; empreendimento atende residenciais a partir de 60 apartamentos

Por Shirley Pacelli
Publicado em 22 de abril de 2024 | 06:00
 
 
 
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Na contracorrente da maré de franquias, que dominam o segmento de minimercados autônomos, Thaísa Costa e Renan Lima fundaram em 2022 a Fast Market. O negócio surgiu da própria necessidade de Thaísa, que tentou, em vão, que alguma empresa instalasse o negócio onde morava. “Tentei entrar em contato com algumas franquias para aderir, mas tinha esse empecilho: no meu prédio não tem 100 apartamentos”, conta.  

Percebendo aí uma oportunidade, junto ao sócio ela elaborou o projeto, que começou a funcionar em 2022. O requisito mínimo para operar nos condomínios é de apenas 60 apartamentos e a loja é montada de acordo com o perfil dos moradores. A previsão da empresa é crescer entre 30% e 40% neste ano. “Há uma fila de espera para poder abrir”, conta Thaisa, que vê como principal desafio de expansão dos negócios hoje a resistência dos síndicos profissionais. 

A primeira unidade foi instalada na região de Justinópolis, em Ribeirão das Neves, em um prédio que já tinha um espaço apropriado e teve custo inicial de R$ 12 mil. A segunda, no bairro Cidade Industrial, em Contagem, custou R$ 35 mil, porque a empresa teve que fazer tudo do zero, num projeto de mercadinho num container.  Os bairros Gameleira, na região Oeste de BH, e Paquetá, na Pampulha, serão os próximos a ganhar uma unidade da Fast Market. 

Além de atender prédios menores, a Fast Market prioriza o atendimento personalizado dos mercadinhos. Thaísa conta que, em um deles, os moradores são mais fitness e pediram para incluir barrinhas de proteína e lácteos funcionais, já em outro, a procura maior é por alimentos do dia-a-dia mesmo, como arroz, feijão e óleo. Em todos eles, porém, se encontra um pouco de tudo, de fone de ouvido à sabão em pó e camisinha. “É para um momento de urgência, chega uma visita e não tem nada para oferecer… Você desce e compra um pão de queijo e um refrigerante gelado”, diz. 

A empresa ainda abre espaço para que mulheres empreendedoras do próprio condomínio possam expor seus produtos. “Temos hoje geladinho gourmet, pizza. salgados artesanais e marmitas fit congeladas”, conta Thaísa.  Ela lembra também que os minimercados podem ser inclusivos. “Eu tenho uma sobrinha com autismo e ela tem dificuldade para acessar o supermercado, fica agitada e não gosta”, lembra. 

Pegar, pagar e levar: unidade da Fast Market Brasil em condomínio de Contagem

Pegar, pagar e levar: unidade da Fast Market Brasil em condomínio de Contagem. Foto: Flavio Tavares/O Tempo

Preços mais baixos

Para a empreendedora, muitos minimercados franqueados fecham porque não compreendem as condições econômicas dos contratantes; os moradores ficam decepcionados com os preços. “Aí o povo para de ir e chega um ponto que tem que fechar porque não tem mais cliente”, explica Thaísa.

A empresária esclarece que a intenção da Fast Market é não sobrecarregar o bolso de ninguém. Os preços são parecidos aos dos supermercados tradicionais. “A intenção é vender muito. Tem gente fazendo a compra do mês; não sai do orçamento”, diz. 

Foi justamente este aspecto que fez o síndico interino Luiz Fernando Azevedo, de 31 anos, escolher a marca para operar em seu condomínio, em Contagem, há dois meses. “Tem leite que eu compro por R$ 4,30 e no supermercado está R$ 4,70. [...] A maioria das empresas que entrei em contato são franqueadas e tem produtos mais caros”, conta ele. 

Desde que o minimercado foi inaugurado, ele nunca mais saiu do prédio para fazer a compra do mês, especialmente porque mora numa região com poucas opções de supermercado, que demandam uso de veículo para o deslocamento.

O acesso ao minimercado é feito pelos moradores por meio do reconhecimento facial, assim como a entrada do prédio. Até o momento, não houve nenhum extravio de produto. Com duas torres e nove andares, o condomínio conta com 72 apartamentos.

Além de não ter nenhum custo de implantação ou manutenção, como outros minimercados que atuam no segmento, a Fast Market dá cashback nas compras, ou seja: o dinheiro volta para o fundo do condomínio. Segundo Thaísa, o percentual depende de cada contrato, mas é o mínimo de 2% das vendas, descontando impostos. 

Minimercados: o que diz a lei

Segundo Carolina Farkasvölgyi, advogada especialista em direito condominial, os condomínios podem exercer atividade comercial dentro dos seus espaços porque, de acordo com o Código Civil brasileiro, é autorizada a atividade comercial que não é contrária à finalidade da residência, exclusiva para moradia. Isso também pode ocorrer desde o momento da construção, quando a incorporadora especifica junto à prefeitura e ao cartório a destinação do bem (comercial ou residencial). 

Os síndicos devem considerar a vontade dos condôminos em assembleia, analisar a viabilidade do projeto e ter um espaço exclusivo para este fim. Desde 2022, com alteração do Código por meio da Lei 14.405, que prevê mudança na finalidade dos imóveis, não é preciso unanimidade dos votos, apenas dois terços do coro. 

Os condôminos só poderão ser responsabilizados por ocorrências nos minimercados, caso a responsabilidade civil por roubos, furtos, quebras e danos esteja prevista na convenção do condomínio. Não havendo, e com o respaldo contratual da empresa, não há nenhum ônus financeiro para o condomínio com a implementação do mercadinho. 

 

Feira do Padreco

A Feira do Padreco voltou. Uma vez por mês, o evento é realizado no Condomínio Santos Dumont, onde moram cerca de 5 mil pessoas, no Padre Eustáquio, na região Noroeste de BH. O evento reúne cerca de 30 expositores, especialmente de artesanato, e conta com barraquinhas de comidas e bebidas, além de brinquedos para a garotada e música ao vivo. 

Atualmente, a feira é organizada pela aposentada e artesã Marília Pereira dos Santos, de 59 anos, que mora no local desde 2006. Ela conta que o objetivo principal do evento é criar uma oportunidade para que os moradores exponham e vendam suas criações. “É muito legal a receptividade deles [artesãos]. São pessoas simples, que dão valor a isso. [...] Em nenhuma das feiras que eu organizei, eu deixei de vender”, conta. 

Cada expositor paga uma taxa para utilização do espaço, que vai de R$ 55 (1 mesa) até a R$ 105 (3 mesas). O dinheiro é utilizado para custear a despesa do evento. 

A feira é aberta ao público e acontece das 11h às 18h. No perfil no Instagram são divulgadas as datas das próximas edições. instagram.com/feira_dopadreco.

 

 

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