Em alta

Norte é a única região mineira com crescimento industrial

Produção da indústria local aumentou 26,8% neste ano; queda média no Estado foi de 16,5%

Por Juliana Gontijo
Publicado em 27 de maio de 2016 | 03:00
 
 
 
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As indústrias da região Norte do Estado foram as únicas que conseguiram registrar resultado positivo neste ano, segundo o levantamento Indicadores Industriais (Index) feito pela Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg). O faturamento no primeiro trimestre teve alta de 26,8% na comparação com igual período de 2015, enquanto que a média mineira registrou recuo de 16,5%.

Para o presidente da regional da Fiemg no Norte de Minas, Adauto Marques Batista, o incremento da receita no trimestre e também na comparação de março contra igual mês do ano passado, com alta de 38,8%, é resultado de vários fatores. Entre eles, a maturação dos negócios de investimentos feitos nos últimos anos. “Em Montes Claros foi inaugurada a fábrica da Nestlé no fim do ano passado”, diz.

Ele também ressalta que, na mesma cidade, a Três Corações – joint venture entre a israelense Strauss e a brasileira São Miguel Holding – vai erguer uma unidade produtora de cápsulas. “E a Hipolabor deve inaugurar a primeira etapa do investimento em dois meses. Os investimentos movimentam a economia”, analisa.

Para o dirigente, o fato de a região estar na área da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) contribui de forma expressiva para a atração dos investimentos, já que são oferecidas vantagens fiscais. “É de fato um diferencial nosso”, frisa.

Apesar da atração de diversos investimentos nos últimos anos, Batista diz que o atual momento político e econômico, ainda marcado pelas incertezas, tem segurado mais aportes.

Além do faturamento, as horas de produção mostraram elevação em todos os períodos analisados. No acumulado dos três primeiros meses do ano, a alta foi de 28,7%, e nos últimos 12 meses, a expansão foi de 0,4%. Em março de 2016, contra igual mês do ano passado, o indicador teve elevação de 6,3%.

A economista da Fiemg Annelise Fonseca observa que o crescimento do faturamento e das horas trabalhadas na região Norte foi reflexo do retorno da produção de uma grande empresa do segmento de metalurgia que se encontrava paralisada em 2015. “Essa indústria paralisou as atividades por causa do alto preço da energia. Afinal, é um setor que utiliza a energia de forma intensiva”, analisa. Ela frisa que, no acumulado dos últimos 12 meses, o faturamento na região teve recuo de 21,9%, o que mostra os efeitos da crise nas indústrias.

Para ela, a crise está atingindo todas as regiões do Estado, e, logo, um bom resultado não significa tendência, diante do atual cenário ainda marcado pela instabilidade e pela falta de confiança. “Ainda não há sinais de retomada”, diz.

O coordenador do curso de Ciências Econômicas da Newton Paiva, Leonardo Bastos Ávila, afirma que a atual crise atinge todos os setores e regiões do Estado, mesmo que a intensidade não seja a mesma.

Em elevação

Capacidade. O uso da capacidade instalada das indústrias no Norte de Minas passou de 64, 7% no primeiro trimestre de 2015 para 73,3% em igual período deste ano, segundo.

Centro-Oeste tem o pior índice

Na análise do primeiro trimestre das demais regiões, o Centro-Oeste mineiro se destacou negativamente, já que registrou o maior recuo no faturamento em relação ao mesmo intervalo de 2015, segundo a pesquisa Indicadores Industriais (Index) da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg).

Na região Centro-Oeste, na cidade de Divinópolis, está localizado um importante polo de produção têxtil. Esse segmento teve recuo de 18,9% no faturamento do primeiro trimestre do ano. Outro importante setor na região, a metalurgia, teve queda de 12,1% nesse período.

O presidente da regional Centro-Oeste da Fiemg, Afonso Gonzaga, conta que, dos 18 altos-fornos localizados na região, apenas três estão funcionando. “É fato que o setor metalúrgico está passando por uma crise, assim como a maioria das indústrias do país”, ressaltou o industrial.

Ele conta que o segundo maior polo do Estado vem passando por dificuldades desde 2014, e elas se foram se agravando.

O dirigente afirma que, para mudar a situação da indústria no Brasil, é necessário implementar uma política industrial no país. “A participação da indústria no Produto Interno Bruto, o PIB, no Brasil não chega a 10%. O setor já representou em torno de 30% do PIB. Isso mostra que o país está passando por uma desindustrialização, o que é preocupante”, reclama. (JG)
 

No 1º trimestre

18,9%, queda da receita do setor têxtil do Centro-Oeste.

7,2% foi o aumento da receita do setor químico no Triângulo.

14,8%, recuo da receita de celulose e papel na Zona da Mata.

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