Mercado

O que as escolhas de produto de beleza contam sobre cada geração de brasileiros

Pesquisa mapeia hábitos de consumo de adolescentes a idosos no Brasil


Publicado em 18 de dezembro de 2023 | 13:48
 
 
 
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Atravessando a pandemia, o faturamento do mercado de produtos de beleza teve um boom de 46,1% no Brasil, com um salto de faturamento de R$ 26 milhões para R$ 38 milhões entre 2019 e 2023, de acordo com a multinacional de inteligência de mercado Kantar. Além de movimentar a economia, esta indústria também revela particularidades de diferentes gerações. 

A pesquisa, que ouviu uma amostra de 15,3 mil famílias brasileiras, mapeou os hábitos de consumo desde os baby boomers (nascidos entre 1946 e 1964) até a geração alpha (nascidos a partir de 2011). Algumas variações de consumo revelam transformações culturais no Brasil, avalia o gerente de novos negócios da Kantar, Matheus Macedo. 

“Observamos um ciclo de vida muito claro. A alpha é a geração que mais usa modelador de cachos. A geração X (nascidos entre 1965 e 1980) usa mais chapinha. Creio que isto diz muito a respeito das evoluções do mercado capilar que vimos nos últimos anos no Brasil, de sair de um momento de cabelo liso. O movimento é, cada vez mais, ter menos química no cabelo”, avalia.

A geração mais jovem também se destaca pelo consumo do segmento styling (estilização), descreve Macedo. “É um momento em que ela está buscando diferenciação e, cada vez mais, individualização, identificação de sua personalidade. Com um tíquete médio mais reduzido, ela busca justamente pelo segmento do cabelo, que tem um tíquete médio mais baixo”.

“Já a geração millennial chega na fase de 30 anos, está com maior estabilidade e começa a formar a família. Ela tem uma busca maior por estabilidade. Entram novos produtos na cesta e, consequentemente, ela passa a buscar cada vez mais preço. É interessante falar sobre eles porque são um híbrido entre as gerações alpha e Z versus X e boomers, começando sempre a jornada de compras na internet, mas optando em realizar essa compra em um canal físico”, continua Macedo.

“Por fim, nas gerações X e dos baby boomers, a vida está mais estabilizada, as pessoas estão com um poder de compra maior e, a partir daí, mais incremento para a cesta, com um gasto maior comprando mais produtos”, diz. a Geração X, entre 40 e 60 anos, é a que comprou mais itens de beleza entre janeiro e setembro deste ano, 69 unidades, em média.

A curiosidade do setor pelas diferenças geracionais é questão de mercado, explica Macedo: “É muito importante, em um momento em que a economia está mais estagnada em um contexto mundial, apostar cada vez mais em individualizar os produtos. Antes, era mais tranquilo lançar um produto que pegasse todas as classes e estivesse 100% na rotina das famílias. Hoje, preciso diferenciar os produtos. O que posso trazer de novo para a minha marca de acordo com cada geração? Estamos acostumados ao consumo massivo e, agora, precisamos nos diferenciar”.

Além de estar atentas às gerações, as marcas também precisam se adaptar a outras diferenças sociais, sublinha ele. “Podemos falar sobre a questão da etnia, por exemplo. Vemos uma evolução muito grande do segmento de cabelo para pessoas com cabelos cacheados ou crespos. Hoje, vemos algumas marcas lançando produtos exclusivos para a pele negra, que tem necessidades muito diferentes de uma pele branca. Este movimento de diferenciação é o que mais vem mudando no mercado”, conclui.

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