Fazer um plano de saúde individual pode custar até 72% a mais do que aderir a um plano coletivo, oferecido por empresas, sindicatos, associações e operadoras de benefícios, modalidade registrada na Agência Nacional de Saúde (ANS) para administrar planos coletivos para categorias profissionais. O preço inicialmente baixo, no entanto, pode esconder armadilhas a médio e longo prazos. Hoje, 80% dos planos brasileiros são coletivos.
Na semana passada, a reportagem tentou adquirir um plano de saúde individual e constatou as dificuldades enfrentadas pelo consumidor. Algumas operadoras não trabalham mais com a modalidade, enquanto outras tentam “empurrar” o plano coletivo, mesmo trabalhando com tabelas individuais. O principal argumento é o preço: um plano com cobertura total (sem coparticipação) para a faixa etária de 35 anos custa R$ 653 para o consumidor que faça seu registro sozinho. Quem se associa coletivamente, por meio dessas associações, paga R$ 378.
“No início, parece melhor, mas os reajustes serão maiores”, alerta a coordenadora institucional da Proteste, Maria Inês Dolci. Isso porque a ANS define apenas o reajuste máximo válido para os planos individuais. Para os coletivos, vale a negociação entre as partes, que, segundo o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), normalmente é desfavorável ao usuário.
Neste ano, a ANS autorizou alta máxima de 9,65% para os planos individuais. Nos coletivos, o Idec encontrou aumentos de até 73% nos últimos 12 meses, percentual considerado abusivo. De cada cem reajustes negociados entre as partes, 91 foram acima da inflação do período e 43 foram superiores ao índice máximo fixado pela ANS para os individuais.
Regras. A advogada do Idec, Joana Cruz, diz que as operadoras praticam uma “falsa coletivização” dos planos, oferecendo opções para empresas ou associações acima de três vidas, com o objetivo de fugir da regulamentação mais rígida imposta aos planos individuais – tanto para reajustes quanto para suspensão dos serviços e cobertura de doenças.
Suspenso
Trimestral. A cada três meses, a ANS suspende a comercialização de planos de saúde que têm altos índices de reclamação. Atualmente, 123 planos, de 28 operadoras, estão nessa situação.