Acusações

Opositora bielorrussa Svetlana Tikhanovskaya na lista de 'procurados' da Rússia

Líder fugiu de Belarus para a Lituânia depois de receber ameaças das autoridades, dias após a eleição presidencial de 9 de agosto, que ela afirma ter ganhado

Por AFP
Publicado em 08 de outubro de 2020 | 16:30
 
 
 
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A líder opositora bielorrussa Svetlana Tikhanovskaya está na lista de "procurados" da Rússia por acusações criminais, informou o Ministério do Interior russo na quarta-feira (7). 

Ela pode ser presa e levada para Belarus se viajar para a Rússia. 

A mulher de 38 anos que se refugiou na Lituânia, membro da UE, após reivindicar a vitória nas eleições bielorrussas de agosto, é "procurada por uma acusação criminosa", afirmou o Ministério do Interior de Moscou em resposta a um pedido da AFP, confirmando afirmações da imprensa.

A adversária do presidente bielorrusso Alexandre Lukashenko está nesta base de dados russa disponível online por uma "infração ao código penal", de acordo com sua ficha. 

A agência Ria Novosti destacou que essa acusação diz respeito a processos iniciados em Belarus por "incentivos a ações que afetam a segurança nacional", crime passível de penas de três a cinco anos de prisão.

Na medida em que Belarus a procura e que Moscou e Minsk estão relacionados por um tratado de união, a Rússia também a declarou como procurada.

A ficha não especifica, no entanto, desde quando ela está nessa lista.

Tikhanovskaya fugiu de Belarus para a Lituânia depois de receber ameaças das autoridades, dias após a eleição presidencial de 9 de agosto, que ela afirma ter ganhado.

Esta eleição e a reeleição de Lukashenko causaram uma onda de protestos sem precedentes no país, que não pararam até o momento.

As manifestações reúnem há dois meses todos os domingos cerca de 100.000 pessoas em Minsk, apesar da repressão que levou à prisão e ao exílio de quase todas as figuras da oposição.

A Rússia deu todo o seu apoio ao chefe de Estado bielorrusso, apesar dos apelos de Tikhanovskaya para que a Rússia favoreça uma transição de poder e um diálogo com a oposição. 

Pedido de ajuda

Nos últimos dias, a líder foi recebida pelo presidente francês Emmanuel Macron e pela chanceler alemã Angela Merkel. 

"Ajudem o povo bielorrusso, ajudem a evitar a violência e o conflito civil! Ajudem a sair desta crise com dignidade, ajudem-nos a realizar eleições livres e igualitárias!", pediu a opositora nesta quarta-feira em videoconferência com a comissão de Relações Exteriores da Assembleia Nacional francesa.

O porta-voz da presidência russa, Dmitri Peskov, disse que "Tikhanovskaya não está em Belarus. Não pode mais dizer que participa na vida política bielorrussa", e destacou "que não há contrato previsto" entre ela e Vladimir Putin.

Tikhanovskaya disse à imprensa na Câmara Baixa do parlamento alemão que "nós não queremos dizer que Putin deve decidir como resolver nossos problemas. É nosso problema interno. Nós apenas queremos convidá-lo para ser um mediador", afirmou.

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