Programa de pontos

Para driblar falta de dinheiro no caixa, farmácias buscam alternativa para troco

Pague Menos e Extrafarma oferecem programa de vantagens que transforma troco em pontos


Publicado em 17 de dezembro de 2023 | 07:00
 
 
 
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Para muitos brasileiros, o papel moeda ainda é o único meio de pagamento em lojas físicas. No entanto, com o aumento no uso de meios eletrônicos, como Pix e cartão de crédito, e consequente redução de dinheiro em espécie nos caixas, comerciantes têm enfrentado frequentes faltas de troco.

De acordo com o Banco Central, com a criação do Pix, em 2020, mudanças durante a pandemia da Covid-19 e aumento das transações com cartões, os brasileiros usam cada vez menos dinheiro em espécie. Para se ter uma ideia, em 2019, os saques em caixas eletrônicos e agências somaram R$ 3 trilhões. Em 2020, o total caiu para R$ 2,5 trilhões e para R$ 2,1 trilhões, em 2021 e 2022.

Para driblar essa situação, as farmácias Pague Menos e Extrafarma fizeram uma parceria para oferecer uma alternativa ao troco: um programa que converte o dinheiro e oferece vantagens ao cliente. Em parceria com a empresa Super Troco, o cliente pode usar o valor que receberia para converter em pontos, que podem ser resgatados em futuras compras, doações ou benefícios junto aos parceiros da rede.

Trata-se de uma venda de pontos com o dinheiro do troco. O cliente pode, inclusive, comprar mais pontos além daqueles adquiridos com o troco que receberia. De acordo com as empresas, dentro de uma proposta ESG (governança ambiental, social e corporativa), a Pague Menos e a Extrafarma vão destinar 100% da comissão com a venda de pontos Super Troco (líquidos de impostos e taxas incidentes) para instituições beneficentes.

Além das trocas em parceiros ou doação, a cada cupom de pontos Super Troco recebido, os clientes também ganham um número da sorte para concorrer a prêmios em dinheiro, segundo a empresa. 

A apuração dos números da sorte é baseada no resultado da extração da Loteria Federal dos sábados, e as regras da premiação são respaldadas em títulos de capitalização da modalidade incentivo, emitidos pela Icatu Capitalização S/A.

Idec alerta para alternativas ao troco

Apesar de ser uma saída viável, a substituição do troco por produtos ou vantagens precisa seguir algumas regras dentro do Código de Defesa do Consumidor (CDC). De acordo com a economista e coordenadora do programa de Serviços Financeiros do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), Ione Amorim, a falta de dinheiro no caixa não pode ser um impeditivo para que o cliente receba seu troco. As soluções, como o programa de pontos, precisam ser apenas opções sugeridas ao cliente, sem induzi-lo a adquiri-las.

Vale lembrar que a prática de oferecer troco em bala por falta de moedas, por exemplo, muito comum antigamente, é considerada abusiva, segundo o CDC. “Menos dinheiro em espécie em circulação não quer dizer menos recursos nos bancos. Então, o que tem que ser feito para esse comércio que ainda tem alta exposição ao uso de dinheiro em espécie é recorrer ao banco e providenciar o recurso para garantir, dentro da sua movimentação, o troco para esse consumidor”, diz Ione.

Outro ponto observado pelo Idec é que, no caso do Super Troco, é necessário que fique claro ao cliente que ele está comprando um produto: os pontos do programa. “O seu troco, que deveria ser um recurso voltado para você imediatamente, não vai voltar, e você ainda vai ter que acumular esses pontos para chegar num nível específico. Então, quer dizer, esse dinheiro está sendo gerenciado pela empresa”, diz.

Em resposta às observações do Idec, a empresa Super Troco diz que os pontos “não são uma substituição ao dinheiro em frações nos caixas. Apenas é apresentada ao consumidor uma opção de adquirir os pontos, aproveitar seus benefícios e ainda participar dos sorteios”.

“Quando classificamos que um dos benefícios da Super Troco é uma solução ao troco se deve ao fato de, quando o consumidor adquire os pontos, ele se beneficia com a experiência, a participação nos sorteios e a troca dos pontos por produtos e serviços, e o varejista também tem o benefício de movimento de menor quantidade de dinheiro em frações, que é um processo de alto custo para o setor”, diz a empresa, em nota.

A Super Troco também afirma que a comunicação segue a regulamentação e todos os procedimentos previstos nas legislações pertinentes, “desde a autorização para tal até a informação clara ao consumidor de como funcionam os benefícios dos pontos e os sorteios”. A empresa ainda frisa: “o cliente sempre tem o direito de ter o seu troco exato garantido por lei o que é respeitado por todos os nossos parceiros.” 

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