Crise

Paralisação de comércio e indústria fazem Minas fechar vagas formais em abril

Estado perdeu 88.298 postos de trabalho, ficando atrás apenas de São Paulo

Por Queila Ariadne
Publicado em 08 de junho de 2020 | 22:37
 
 
 
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Minas Gerais saiu dos primeiros colocados no ranking nacional de geração de vagas para o segundo pior saldo de empregos no mês de abril. Segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), as vagas fechadas no Estado superaram as abertas em 88.298, perdendo apenas para São Paulo, onde foram 260.902 postos foram fechados.

Gerente do Sebrae Minas, Felipe Brandão explica o crescimento do desemprego em Minas como resultado de um impacto simultâneo nas duas atividades do Estado que mais geram empregos e foram paralisadas devido à pandemia.

“A indústria ficou sem perspectivas de crescimento. Já o setor de comércio e serviços teve o faturamento reduzido com as medidas de isolamento. Isso afetou o nível de emprego no Estado como um todo”, explica Brandão.

Sócios em uma loja de acessórios de veículos em Brumadinho, na região metropolitana de Belo Horizonte, os irmãos Alderley e Aldnei Pereira Sobrinho viram o faturamento cair pela metade em abril. A única saída foi demitir.

“Tínhamos sete funcionários e tivemos que mandar três deles embora. Escolhemos aqueles que teriam direito ao seguro-desemprego. Quando tudo passar, nossa expectativa é recontratar essas pessoas”, explica Alderley.

De todas as cidades do Estado, Belo Horizonte teve o pior resultado, com saldo negativo de 20.991 vagas.

Em seguida, veio Nova Serrana, na região Centro-Oeste.

Com a economia voltada para a indústria calçadista, a cidade perdeu 3.800 vagas só no mês de abril. Juntando com março, foram 5.000 demissões, um total de 25% do que o setor emprega.

“As lojas de calçados só voltaram a abrir ontem em Belo Horizonte. Não tem como as indústrias ficarem paradas tanto tempo sem demitir. O pico foi em abril, mas, no fim de maio e agora em junho, as recontratações começaram. Eu acredito que, até outubro, já teremos retomado os níveis anteriores”, afirma o presidente do Sindicato Intermunicipal das Indústrias de Calçados de Nova Serrana (Sindinova), Ronaldo Andrade Lacerda.

Uberlândia, no Triângulo Mineiro; Contagem, na região metropolitana; e Juiz de Fora, na Zona da Mata, completam a lista dos cinco municípios que mais demitiram em Minas. “Todas têm forte presença da indústria”, explica Brandão, gerente do Sebrae Minas. 

Agricultura

Já entre as que conseguiram manter resultados positivos, os melhores desempenhos foram em Paracatu e João Pinheiro, no Noroeste, e Monte Belo, no Sul do Estado.

Todas têm economia mais voltada para a agricultura.

“Ainda temos no Estado muitas pequenas propriedades agrícolas, que são menos mecanizadas e dependem mais de mão de obra. Por isso, quando tem uma crise, demoram mais a demitir, diferentemente da indústria e do comércio”, avalia Brandão.

Segundo o Sebrae, as empresas mineiras foram responsáveis por 10% do saldo negativo do país, que, em abril, perdeu 860,5 mil empregos.

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