Mercado

PIB de Minas recua 1,5% no segundo trimestre de 2015

A recessão, iniciada no segundo trimestre de 2014, foi agravada por um segundo ciclo de elevação da taxa de juros iniciado em outubro do ano passado

Por Juliana Gontijo
Publicado em 08 de setembro de 2015 | 15:24
 
 
 
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Sem causar surpresa, o Produto Interno Bruto (PIB) de Minas Gerais voltou a ter resultado negativo. A queda no segundo trimestre de 2015 em relação ao trimestre imediatamente anterior foi de 1,5%. Foi o quinto resultado negativo consecutivo nesse tipo de comparação. Os dados foram divulgados nesta terça pela Fundação João Pinheiro (FJP). A última vez em que o Estado registrou resultado positivo nessa análise foi no primeiro trimestre de 2014, com alta de 0,7%. Nas demais comparações, o desempenho permaneceu negativo. O resultado do segundo trimestre deste ano frente a igual período de 2014 foi ainda pior, com queda de 3,5%, bem superior ao recuo brasileiro de 2,6%.

“Se o ano terminasse hoje, o PIB do Estado teria registrado recuo de 3,3%”, disse o pesquisador da FJP Glauber Silveira ao se referir ao resultado dos últimos 12 meses. A queda mineira nesse tipo de comparação foi quase três vezes maior que a verificada no país (-1,2%). Silveira ressaltou que a fundação não faz previsões, mas diante do cenário econômico recessivo, sem nenhuma mudança expressiva, a perspectiva é que o resultado do próximo trimestre seja negativo.

Na análise do 2º trimestre de 2015 na comparação com o 1º trimestre do mesmo ano, apenas o agropecuário apresentou desempenho positivo em Minas Gerais. O PIB da atividade cresceu 3,4%, resultado melhor que o brasileiro, que teve recuo, em igual base de comparação, de 2,7%. Os demais setores ficaram no vermelho tanto no Estado como no país. A indústria teve recuo de 3% para Minas e de 4,3% para o Brasil. Serviços registraram recuo de 1,3% no Estado ante queda de 0, 7% no país.

O comércio teve queda em todos os tipos de análise, o que já era esperado pelo vice-presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL-BH), Marco Antônio Gaspar. “Não temos perspectivas de melhora neste ano. A previsão é de recuo no faturamento do varejo da capital de 0,5% a 1% em 2015”, diz.

Para o professor de economia da Universidade Fumec Fernando Nogueira, não teria como o resultado de Minas ser diferente. “O cenário macroeconômico é ruim. E ainda tem a questão do perfil da economia mineira baseada em commodities, que estão com preços baixos”, diz.

Nogueira afirma que o PIB de 2015 do país deverá ter recuo de 3%. “Minas deve ter um recuo ainda maior”, observa.

O presidente do conselho de política econômica e industrial da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), Lincoln Gonçalves Fernandes, não ficou surpreso com o recuo do PIB da indústria. Levantamento da entidade mostra queda de 14,6% no faturamento real no ano até julho de 2015 em relação ao mesmo período do ano passado. “O único setor com possibilidades de melhoria é o extrativo-mineral, favorecido pelo câmbio e que está em busca de novos mercados para exportar”, diz.

FOTO: Editoria de arte
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Agronegócio é o ponto positivo

Os resultados positivos do PIB do setor agropecuário no Estado em diversas bases de comparação, divulgados nesta terça pela FJP, não surpreenderam a coordenadora da assistência técnica da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg), Aline Veloso. “A nossa perspectiva é que o resultado final de 2015 seja positivo. Afinal, a atividade trabalha com alimentos, que são essenciais”, diz.

No segundo trimestre de 2015 na comparação com o primeiro trimestre, conforme a FJP, o crescimento foi de 3,4%, influenciado pela base de comparação fraca por causa da estiagem. O café foi o produto que mais influenciou no desempenho. O produto representa um terço da pauta agrícola. No primeiro semestre de 2015 ante o mesmo intervalo de 2014, a alta foi de 0,1%. A única comparação negativa para o PIB do setor em Minas foi no acumulado dos últimos 12 meses, com recuo de 2,8%.

Mercado projeta o pior PIB em 25 anos

SÃO PAULO
. Economistas consultados pelo Banco Central (BC) ampliaram a expectativa de queda do PIB para 2,44% em 2015. Se confirmado, será o pior resultado no país em 25 anos, ou seja, desde 1990, quando foi registrada uma queda de 4,35%. Na semana passada, esperava-se queda de 2,26%.

Para 2016, a expectativa dos economistas é que o PIB encolha 0,5%. Há uma semana, esperava-se 0,4%. As estimativas fazem parte da pesquisa Focus, realizada semanalmente pelo BC com economistas e instituições financeiras. A previsão também é de uma desvalorização maior do câmbio, que deve ir a R$ 3,60 no fechamento de 2015. A previsão se segue a uma semana de altas da moeda, que fechou em R$ 3,859, o maior valor desde outubro de 2012.

A inflação deve fechar o ano em 9,29%. Há uma semana, esperava-se alta de 9,28%. Para 2016, a expectativa foi ampliada para 5,58% ante 5,51%.

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