Encerrado pelo governo do Estado em junho deste ano por não ser viável financeiramente, o programa Voe Minas, que oferecia voos entre Belo Horizonte e cidades do interior, será retomado com verba inteiramente privada e gerido pela companhia aérea mato-grossense Asta. O retorno do projeto ainda está em fase de negociação e, por isso, não há destinos ou prazos estabelecidos para que aconteça, mas a empresa afirmou, em nota à reportagem, que há “boas expectativas” para fechar um acordo ainda neste mês.
A Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Estado de Minas Gerais informou que os voos, que antes saíam do aeroporto da Pampulha, partirão do Aeroporto Internacional de Belo Horizonte, em Confins. As viagens vão complementar a atuação da Azul Linhas Aéreas, que já atende nove destinos no interior de Minas e afirma estar estudando uma proposta de itinerário para apresentar ao governo.
A Asta deve operar nos moldes da parceria já firmada com a Azul no Mato Grosso, na qual clientes podem adquirir passagens para destinos regionais no Estado em qualquer uma das empresas. Com isso, conexões são determinadas entre elas para que o passageiro chegue ao destino escolhido.
Em nota, a secretaria explicou que o Voe Minas faz parte do planejamento estratégico do governo, que pretende fomentar o crescimento econômico do Estado. “Um protocolo de intenções está sendo desenvolvido para propor rotas complementares de voos regionais. O objetivo é atender aos diversos municípios, gerando conectividade com a capital”, diz o texto. Na última terça-feira, o secretário-adjunto de Desenvolvimento Econômico, Adriano Magalhães Chaves, antecipou, sem revelar a empresa responsável, que o projeto seria retomado.
Em atuação há 24 anos, a companhia aérea Asta, que se define como “as asas do agronegócio”, é especializada em aeronaves pequenas, usadas para transporte de passageiros e encomendas. Os veículos comportam até nove passageiros e dois tripulantes. A empresa conta, atualmente, com nove destinos, e faz 11 voos por dia. Procurada, a BH Airport, concessionária que administra o aeroporto de Confins, afirmou que está “à disposição do governo do Estado” para o ampliar suas conexões.
Criado em 2016, o Voe Minas era subsidiado pela Companhia de Desenvolvimento de Minas Gerais (Codemge). Durante os três anos que funcionou, em parceria com a companhia aérea paulista Two Flex, o projeto demandou R$ 18 milhões em subsídios do governo mineiro e transportou mais de 37,4 mil passageiros em 9.761 voos.
Regiões que ficaram sem opção comemoram volta da iniciativa
Prefeituras e empresários do interior do Estado estão animados com a volta do Voe Minas. Daniel Sucupira, prefeito de Teófilo Otoni, cidade do Vale do Mucuri que era atendida pelo programa, afirma que os municípios estavam buscando alternativas. “A notícia é muito boa e impacto será na economia, no desenvolvimento, na geração de renda e empregos”, afirma o prefeito.
Por outro lado, José Balbino, vice-presidente regional da Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg) no Vale do Jequitinhonha, espera “preços competitivos” do novo programa de aviação regional. “Transportar-se por Minas hoje demora uma eternidade, e isso está sendo uma perda enorme. Mas qual foi o problema? Falta de passageiros ou era muito caro?”, questiona.