Comércio exterior

Protecionismo preocupa OCDE

Para dirigente da entidade internacional, o que se vê é muito discurso e poucas ações


Publicado em 16 de março de 2018 | 23:50
 
 
 
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SÃO PAULO. O chefe da unidade da América Latina e do Caribe da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), Ángel Melguizo, afirmou nessa sexta-feira (16), durante evento em São Paulo, que o protecionismo é um risco para a região. “Desde 2010, tem havido mais medidas protecionistas nos países desenvolvidos. Até agora, foram muitas palavras, muitos discursos, mas muito poucas ações”, disse ele. Algumas das medidas protecionistas, caso se concretizem, vão afetar a América Latina, alertou.

As declarações foram dadas após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciar tarifas à importação de aço (25%) e alumínio (10%), que podem afetar principalmente o Brasil. O governo americano, no entanto, admite isenções à alguns países e produtos, mas não está claro como isso será feito. Enquanto isso, algumas nações ameaçam retaliar, o que gera em alguns o temor de uma guerra comercial global.

Neste contexto, Melguizo defendeu que os países da América Latina enfrentem uma “agenda de reformas estruturais que segue pendente”. Porém, ele admitiu dificuldades, uma vez que a região passa por um momento de recuperação econômica, ajudada pelo quadro global, com maior crescimento nos Estados Unidos e na Europa.

O dirigente da OCDE lembrou que os norte-americanos e europeus caminham para endurecer suas condições financeiras, o que pode afetar as regiões que necessitam de fluxo de capital, como é o caso do Brasil.

Produtividade. Outra preocupação apontada pela entidade foi em relação à produtividade. Segundo Melguizo, é crucial que a América Latina consiga avançar nesse ponto. No que diz respeito à cotação das matérias-primas, ele disse que houve uma recuperação após a queda registrada em anos recentes, mas ressaltou que os países latino-americanos não podem ficar na dependência da recuperação dos preços.

Melguizo comentou ainda o momento de reestruturação da economia chinesa, com menor peso gradual da indústria e maior do setor de serviços. Segundo ele, isso preocupa pouco. “Confiamos no processo que ocorre na China”, disse.

Tarifas. A porta-voz da Casa Branca, Sarah Sanders, afirmou nessa sexta-feira (16) que o governo do presidente Donald Trump tem “certa flexibilidade” nas tarifas impostas à importação de aço e alumínio.

Cenário requer cautela, diz BID

O gerente do departamento de integração e comércio do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Antoni Estevadeordal, afirmou nessa sexta-feira (16), durante evento em São Paulo, que o quadro no comércio internacional sugere certa cautela. Para ele, porém, não se pode falar em uma guerra comercial aberta. “Ainda não é o caso de se falar em guerra comercial, mas obviamente é um ambiente preocupante”, avaliou o dirigente.

A autoridade do BID também citou outros riscos ao comércio global, como as incertezas trazidas pela saída do Reino Unido da União Europeia e a saída dos Estados Unidos da Parceria Transpacífico. Para o BID, há incertezas sobre como será a arquitetura comercial global no futuro.

Nesse quadro, Estevadeordal defendeu que os países busquem aprofundar acordos comerciais e citou o caso da Aliança do Pacífico. Para ele, um acordo entre a Aliança e o Mercosul proporcionaria uma circulação ainda maior desses insumos.

Sobre o Brasil, Estevadeordal lembrou que o país tem ainda acordos importantes pendentes. Na região, ele destacou o fato de que o Brasil não possui acordo comercial com o México, que poderia ser um grande parceiro. Ele comentou ainda os casos da América Central e do Caribe, que apesar da proximidade geográfica mantêm trocas comerciais modestas com a América do Sul.

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