Impacto no bolso

Queda na expectativa de produção de grãos vai elevar preço dos alimentos

Redução da colheita principalmente do milho no Brasil vai afetar cadeia produtiva. Carne e leite são os mais impactados.

Por Rômulo Almeida
Publicado em 11 de junho de 2021 | 20:06
 
 
 
normal

A queda da estimativa de produção de grãos no Brasil vai impactar o preço de produtos alimentícios para o consumidor final nos próximos meses. A redução da expectativa se deu principalmente pela baixa na colheita do milho causada pela baixa ocorrência de chuvas a partir de abril.

Em maio, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) previa que seriam colhidas 106,4 milhões de milho na temporada 2020/2021, mas em junho a projeção foi revisada para 96,39 milhões de toneladas.

No total, a safra de grãos deve render 262,13 milhões de toneladas no período 2020/2021. Apesar da redução da estimativa, esse valor é 2% ou 5,11 milhões de toneladas acima da safra de 2019/20.

A baixa na produção do cereal atinge a cadeia produtiva e eleva o preço de vários produtos, como explica o analista de agronegócios da Faemg (Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais), Caio Coimbra. 

"A economia tem precificado essa quebra da safra, a gente já consegue observar sob alguns pontos que o preço dos alimentos já tem subido. Em Minas, a primeira safra de milho foi boa, produziu 5 milhões de toneladas. A previsão para a segunda sagra era de 3,7 milhões de toneladas, mas veio a seca, e essa previsão passou para 2,7 milhões", analisa. 

Um dos itens que tende a ter o preço reajustado é a carne de boi, já que o animal se alimenta basicamente do milho. "Estão sendo impactados todos os alimentos relativos à carne, inclusive ovos. O consumo da carne de boi é o principal do brasileiro, e para alimentar o gado, a principal fonte é o milho, para fazer a ração, o farelo. Como o insumo está alto e a demanda do exterior está elevada, os preços internos vão subir", alerta. 

Laticínios. 

Além da carne, produtos que dependem do leite também devem seguir a tendência de alta nos preços. Além do aumento do preço do insumo para manter o gado, outros fatores interferem na precificação dos derivados, como explica o diretor-executivo do Sindicato das Indústrias de Laticínios de Minas Gerais (Silemg), Celso Costa Moreira.

"A alta no preço dos grãos em razão do dólar e da demanda externa são as principais causas. Por outro lado, há a dificuldade do consumidor de remunerar os derivados do leite. De modo geral, as indústrias têm colocado tabelas com reajustes em relação ao varejo de maneira geral", afirma. 

Além desses fatores, Celso alerta para a falta de matéria prima para produção de embalagens de plástico, vidro e alumínio, o que também colabora para aumentar os preços dos laticínios e dos alimentos em geral. "Os preços estão sendo elevados a níveis inimagináveis", conclui o diretor.

Notícias exclusivas e ilimitadas

O TEMPO reforça o compromisso com o jornalismo profissional e de qualidade.

Nossa redação produz diariamente informação responsável e que você pode confiar. Fique bem informado!