TECNOLOGIA

Recém regulamentada, telemedicina já tem até serviço de assinatura em BH

Modelo virtual de atendimento também já contempla clínicas veterinárias, já que a prática também foi regulamentada para os animais

Por Simon Nascimento
Publicado em 11 de julho de 2022 | 09:00
 
 
 
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Pouco mais de dois meses após o Conselho Federal de Medicina (CFM) regulamentar a telemedicina no Brasil, o mercado já começa a se movimentar para explorar o segmento. Em Belo Horizonte, já há, inclusive uma startup oferecendo um serviço de assinatura, inicialmente apenas a empresas, para que funcionários tenham acesso a consultas virtuais, receituário médico e pedidos de exames. 

O CEO da Renovi, Gabriel Torres, explica que a proposta se difere de um plano de saúde. A ideia é justamente abarcar o público que não tem condições de arcar com o valor cobrado pelas operadoras, mas que também não quer depender exclusivamente do Sistema Único de Saúde (SUS). Ao assinar o serviço, a empresa pagará cerca de R$ 60 mensalmente para cada funcionário.

O colaborador também contribui com R$ 39,90. “Hoje a gente vive em um mundo com só duas opções: ou você tem plano de saúde que vai te garantir atendimento em hospital particular, ou você é dependente do SUS. Não existe esse meio termo”, explica Torres. A plataforma garante, segundo ele, atendimento ilimitado com especialidades médicas. As consultas são feitas por videochamadas e todo o histórico do paciente fica registrado em um aplicativo

Para quem assina, a startup ainda entrega um kit com um oxímetro e medidores de pressão e glicose. Os equipamentos são acompanhados de uma cartilha orientativa e conectados, via bluetooth, ao aplicativo para que os resultados estejam disponíveis aos médicos. “É uma central de monitorização que será continuamente atualizada. Nós vamos iniciar com esses aparelhos, que são homologados pela Anvisa, e vamos incorporar outras tecnologias à medida que surgirem”, ressalta o diretor-médico, Marcell Temponi. 

No futuro, a empresa planeja entregar também relógios digitais que vão colher informações cardíacas dos pacientes. “O que a gente quer é aproximar o médico e a telemedicina dos pacientes que estão sendo examinados mesmo que à distância”, acrescenta Temponi. Mas se para muitos a telemedicina é vista como futuro, entidades médicas e profissionais da área garantem que o serviço será complementar aos procedimentos presenciais. 

Diretor de Defesa do Exercício Profissional da Associação Médica de Minas Gerais, Marcelo Versiani Tavares ressalta que o padrão ouro da consulta presencial vai ser mantido. Para ele, o atendimento virtual vai ser útil para trazer acesso à saúde para pacientes que precisam percorrer longas distâncias até hospitais e em que há escassez de profissionais, por exemplo. 

Tavares lembra que a telemedicina precisa seguir os mesmos padrões éticos de quem atende presencial. “A primeira consulta pode ser até virtual, mas a subsequente tem que ser no presencial. Patologias crônicas, por exemplo, devem ter um controle obrigatório em intervalos de até 180 dias”, detalha o médico sobre o acompanhamento presencial. Na avaliação de Marcelo, o salto da telemedicina no Brasil ocorreu sob pressão da pandemia, mas já era previsto desde 2002 no Brasil. 

“O que houve agora foi uma ampliação da sua aplicação para permitir a assistência médica preservando o distanciamento para reduzir os impactos à saúde”, assinala Marcelo Versiani. O representante da associação ainda lembra que as empresas que oferecem atendimento virtual precisam se regularizar junto à Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), no Conselho Regional de Medicina (CRM), além de ter assinatura de responsável técnico. 

O modelo atual regulamentado pelo CFM, pondera o médico, ainda deve receber novas regras para dar mais segurança às consultas. “O adicional aparelhos como os medidores de pressão pode ser uma ferramenta mercadológica, buscando diferencial. Mas que na prática nem sempre vai se traduzir em um ganho real. Traz algum benefício, mas não traz a substituição completa dos exames e consultas presenciais”, complementou. 

Telemedicina exige atenção especial nas faculdades 

Se na prática a telemedicina é tratada como opção complementar ao consultório presencial, nas salas de aula das universidades e faculdades, o assunto ainda está distante. Pesquisador em telessaúde e professor do curso de medicina do UniBH, Marcelo Martins afirma que os estudantes devem ser orientados a realizar consultas virtuais e a ter estratégias de telemonitorização. 

Ele afirma que a instituição já iniciou uma introdução do tipo a quem está matriculado. “A literatura não foi voltada para a telemedicina. A gente precisa envolver conhecimento específico: o que perguntar em teleconsulta, quais informações consigo obter quando descoladas de exame físico, como ter vigilância em transmissão de dados à distância”, sugere o professor. 

Martins acredita que até a estabilização no mercado, a telemedicina vai esbarrar em obstáculos. Ele também espera normas para direcionar a atuação virtual “Muitos médicos não estão tão à vontade assim para o exercício da medicina virtual, e os pacientes em partes têm preconceitos e hesitações que são justificáveis e naturais. No início toda implementação gera dificuldades, precisamos de tempo e vivência”, opina. 

Teleatendimento chega também às clínicas veterinárias 

A telemedicina também foi regulamentada pelo Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV) no Brasil em 1º de julho. A resolução nº 1.465 permite a teleconsulta, telemonitoramento, teletriagem, telediagnóstico, telemonitoramento e teleinterconsulta, que é a troca de informações e opiniões entre veterinários, além da prescrição digital de medicamentos. A medida, no entanto, só pode ser aplicada por profissionais com inscrição ativa no órgão da classe e não é válida para casos de urgência e emergência, exceto em situações de desastre.

A CEO da Guiavet, um marketplace voltado à saúde e bem-estar dos pets, Gabi Mendes, explica que a funcionalidade ajuda na atuação preventiva. “Agora, é possível acompanhar melhor os pacientes crônicos e tratamentos longos, oferecer suporte online aos animais que vivem em áreas remotas e de difícil acesso e ainda melhorar a viabilidade econômica dos serviços na clínica”, indica. 

Na Plamev Pet, o teleatendimento está disponível 24 horas por dia. O serviço funciona, conforme a empresa, para tirar dúvidas e ser a primeira ponte até que os tutores consigam se deslocar com cães e gatos até uma clínica. ”O mercado pet é um mercado que está em alta! E com o acesso ao teleatendimento os assuntos correlacionados ao cuidado à saúde dos pets ficará ainda mais acessível à população em geral disseminando a cultura da prevenção e ampliando a vida dos nossos pets”, afirma Pedro Svacina , CEO da Plamev Pet.

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