Qualidade de vida

Região metropolitana de BH vira refúgio e vive boom imobiliário

Necessidade de passar mais tempo em casa muda prioridades para comprar imóvel; e home office traz liberdade para morar mais longe do local de trabalho

Por Queila Ariadne
Publicado em 04 de janeiro de 2021 | 03:00
 
 
 
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Quanto mais o tempo ia passando, menor o apartamento da publicitária Márcia Fantini, 33, ficava. É que com o isolamento forçado da pandemia, os 70 m² ficaram pequenos demais para ela e o marido, ambos em home office, a pequena Laura, 3, e Chico, o cachorro da família. A solução foi buscar um imóvel maior. Mas como a demanda pressionou muito os preços em Belo Horizonte, Márcia escolheu morar em Nova Lima. Já o consultor financeiro Bruno Mundim, 33, e a bancária Juliana Lopes, 29, escolherem Lagoa Santa. Com a necessidade de ficar muito mais tempo em casa, a busca por mais espaço e qualidade de vida tem feito a região metropolitana viver um boom imobiliário.

A presidente da Câmara do Mercado Imobiliário e Sindicato das Empresas do Mercado Imobiliário (CMI/Secovi-MG ), Cássia Ximenes, afirma que a pandemia mudou muito o perfil dos imóveis procurados. “A prática do home office, por exemplo, deu mais liberdade para as pessoas morarem mais regiões mais longe do trabalho”, explica Cássia. 


Márcia até procurou opções em Belo Horizonte, mas, como muita gente também pensou o mesmo e os preços acabaram subindo, a publicitária optou por um condomínio em Nova Lima. “Com uma criança cheia de energia presa em casa, tinha dia que meu marido trabalhava dentro do banheiro. Antes, estávamos dispostos a morar em um lugar menor, mais perto. Com a pandemia, a prioridade passou a ser qualidade de vida, espaço para Laura correr. E ainda estamos perto de Belo Horizonte”, afirma. 


Márcia, que se mudou há quatro meses e conta que não foi fácil encontrar uma casa nova. “Olhei uns 100 imóveis nos sites, mas eles sumiam rápido”, conta. Quando Bruno e Juliana decidiram trocar o Sagrada Família, na região Leste, por Lagoa Santa, tiveram a mesma dificuldade.

“Eu estava ficando doido trabalhando dentro de uma apartamento pequeno com cachorros. Em Belo Horizonte, as casas que eu achava eram o dobro do preço. Começamos a olhar imóveis e, quando a gente gostava de um, ele desaparecia. Quando achamos essa casa em um condomínio, já fechamos o negócio. Hoje, ao invés de barulho de carros, eu ouço passarinhos”, comemora Bruno.

Em Belo Horizonte, a demanda também está superaquecida. “Em outubro, as vendas cresceram 17,02%”, ressalta Cássia. O presidente da Netimóveis, Ronaldo Starling, afirma que 2020 é melhor resultado desde 2013. “Antes as pessoas achavam que a vida era ‘out’. Com a necessidade de passar mais tempo em casa, ela está cada vez mais ‘in’. Além de buscar imóveis para morar, também estão investindo”, diz.

 

Procura já supera a oferta de imóveis em Lagoa Santa

Em Lagoa Santa, a demanda por imóveis já supera a oferta e as imobiliárias já enfrentam dificuldade para oferecer o que os compradores buscam. “Sem o costume de passar tanto tempo em casa, as pessoas começaram a sentir falta de área verde, área de lazer, para se sentirem mais livre. E muita gente começou a procurar Lagoa Santa pelo o que a cidade oferece em relação à segurança, tranquilidade, mobilidade urbana e logística. A venda está aquecida tanto para imóveis mais baratos, na faixa de R$ 230 mil, com para unidades entre R$ 1,2 milhão e R$ 1,4 milhão e, em condomínios. Está faltando imóvel e os construtores estão correndo”, conta Pedro Lucca, da Bela Vista Imóveis. 


A demanda por Lagoa Santa está tão aquecida, que o empresário Luís Lara Rezende, que já atuava em Belo Horizonte com a Patrimonial, resolveu abrir uma imobiliária na cidade a Liv, inaugurada em outubro. “Eu moro em Lagoa Santa e já tinha esse plano para o ano que vem. Mas com a demanda aquecida, eu resolvi antecipar. Nos dois primeiros meses da pandemia, o mercado imobiliário ficou praticamente renegociando contratos de aluguel. Agora, nossa dificuldade maior está na captação de imóveis, porque está faltando produto”, explica Rezende. 

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