O rio das Velhas, responsável pelo abastecimento de água de 70% da população de Belo Horizonte e 41% dos moradores da região metropolitana, está quase sendo rebaixado à categoria de riacho em alguns municípios, como em Sabará, por causa da estiagem.
O alerta é do diretor-presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas (CBH Rio das Velhas), Marcus Vinícius Polignano, que fez um apelo à população que depende do curso d'água para que haja um consumo consciente.
Segundo Polignano, a Copasa já está praticamente "sugando" toda a água do rio para abastecer a capital.
Além do problema da estiagem, segundo ele, o rio das Velhas está extremamente sacrificado por causa do rompimento da barragem em Brumadinho.
"Se já estávamos ruins, ficamos piores ainda com o rio Paraopeba l fora de combate. Você está tirando uma vazão ao máximo do Velhas. Estamos numa insegurança hídrica muito grande no rio das Velhas", alertou Polignano.
Veja mais fotos do rio das Velhas, feitas na manhã de hoje (Crédito: Alex de Jesus)
No limite
Segundo o diretor-presidente do CBH Rio das Velhas, ao contrário do rio Paraopeba, que tem reservatório de água, a captação do sistema Bela Fama, que abastece BH e região, é feita na calha do rio das Velhas.
Nova Lima, Raposos, Sabará e Santa Luzia também dependem totalmente do rio das Velhas, segundo Polignano. "A vazão do Bela Fama vem caindo gradativamente desde agosto, para abaixo de 10 metros cúbicos por segundo, quando o mínimo para o rio das Velhas cumprir o limite é de 10,25 metros cúbicos por segundo", alertou. Em agosto, esse limite chegou a 9,7 metros cúbicos por segundo e, em setembro, atingiu 9,6 metros cúbicos por segundo.
"A Copasa está tirando quase 7 metros cúbicos por segundo, praticamente sugando o rio", reagiu Polignano. "O rio das Velhas está abaixo do mínimo esperado. Há restrição de uso da água a montante de Santo Hipólito", reforçou.
Ele também chama atenção sobre a qualidade da água, que recebe todo o esgoto da capital e de cidades ribeirinhas. "Há perda da qualidade do rio que o torna utilizável para diversos usos", ressaltou, lembrando o alto índice de mortandade de peixes, principalmente em Sabará, onde o rio das Velhas está quase sendo rebaixado à categoria de riacho, segundo Polignano.
"Em Santana de Pirapama, o assoreamento do rio é preocupante", disse. "Daqui a pouco, o rio pode ficar intermitente. Acredito que é a pior situação da história", comentou.
Decreto
Para a irrigação, o volume diário de captação é de 25%, e de 30% para o consumo industrial e agroindustrial. Para as demais finalidades, a captação de água do rio das Velhas foi diminuída em 50%.
As restrições são da nascente do Velhas, em Ouro Preto, na região Central, até Santo Hipólito, também na região Central, justamente para garantir água a partir de Santo Hipólito até a foz do rio, que deságua no São Francisco, na região de Pirapora, no Norte de Minas.
Perigo
Outro desafio que se coloca, segundo o presidente do CBH Rio das Velhas, Marcus Vinícius Polignano, é o risco de rompimento de três barragens de mineradoras nas regiões de Ouro Preto e Nova Lima (Forquilha, B1 e B2, Mar Azul). "Estamos em alerta máximo. Não podemos nem imaginar as consequências de um rompimento", disse ele, cobrando das mineradoras a garantia de segurança.