Ser Papai Noel faz a alegria das crianças e uma renda extra

Barba e cabelos brancos, óculos na ponta do nariz, tom de voz tranquilo e sorriso amável. Não há como olhar para o comerciante Carlos Vicari, 68, e não se lembrar do personagem emblemático do Natal. E a semelhança não é mera coincidência. Ele se prepara para viver Papai Noel pelo sexto ano consecutivo.

A aparência é o cartão de visitas para ele e outros profissionais do ramo. E mesmo com um cachê que pode chegar a R$ 2.000 por hora, dependendo da demanda, do evento e da proximidade com as festas de fim de ano, eles estão em falta no mercado.

Carlos Vicari assume o papel do Bom Velhinho em um dos maiores shoppings de Belo Horizonte, no hipercentro da capital. Mas, para dar conta da demanda nesta época do ano, ele divide a missão com outros Papais Noéis. Em Belo Horizonte, uma associação reúne profissionais com as características necessárias para assumir a função, e o presidente da entidade afirma: ainda há vagas para quem preencher os pré-requisitos.

Aspectos fundamentais. A barba natural é um dos pré-requisitos para ser um Papai Noel, na avaliação de Marcos Henrique Gomes, presidente da Associação dos Papais Noéis (Aspanoeis), que reúne 17 profissionais cadastrados. Aos 72 anos, o idoso encarna o Bom Velhinho há uma década e explica que essa é uma exigência de boa parte dos clientes, além de ser fundamental para desempenhar o papel. “Muitas crianças puxam a barba e, quando ela é falsa, acaba saindo”, explica. Já a barriga típica não é um problema, porque pode ser substituída por enchimento.

Tão importante quanto os aspectos físicos, o comportamento é fundamental para definir quem pode ou não ser um Papai Noel. É necessário preencher uma série de pré-requisitos para interpretar o papel: “Precisa ser pessoa de boa índole, gostar de crianças, ter bom relacionamento social e conhecer a magia do Natal”, diz Gomes.

Já o valor pago aos profissionais do Natal varia muito e nem sempre condiz com o que a categoria considera justo. Segundo a Aspanoeis, um Papai Noel cobra, em média, R$ 1.000 por hora para eventos em empresas privadas.

O valor pode aumentar, principalmente quando Noel vai assumir o posto na véspera de Natal, chegando a R$ 2.000. O presidente da Aspanoeis revela que, com essa renda extra, consegue pagar contas que batem à porta todo mês de janeiro, como IPTU, IPVA e até seguro.

Presença do Bom Velhinho mantém a magia

O empresário mineiro Alexandre Noronha, 48, não abre mão da presença do Bom Velhinho no Natal de sua família. “Claro que existe a questão do consumo por trás da data, mas a gente não deixa que isso seja prioridade”, afirma.

Ele diz que a chegada do Papai Noel no dia 24 de dezembro já se tornou tradição, e a expectativa toma conta tanto das crianças quanto dos adultos da família. “Meu filho já tem 10 anos e acredita piamente que o Papai Noel existe. Acho que manter essa magia e todo o processo lúdico ajuda a formar um ser humano mais criativo e melhor”.

Para Janaína Simonini, organizadora da Feira Apetrechos, no bairro Castelo, na região da Pampulha, a contratação de Papai Noel para eventos vale a pena. “Teremos o Papai Noel nos dias 24 de novembro, 1º e 22 de dezembro. É um personagem que chama atenção do público, e será uma ótima oportunidade para que os expositores aumentem as vendas”, avalia.

Ainda dá tempo. O presidente da Associação dos Papais Noéis diz que ainda é possível viver o personagem neste ano, desde que a barba do candidato já tenha crescido o suficiente. O comércio é o principal mercado.

Trabalho. No mês que antecede as festividades, muitos shoppings investem na decoração e já contam com a presença do Papai Noel, que fica à disposição para fotos, pagas ou gratuitas. Há ainda eventos gratuitos, como os organizados por prefeituras.

Contato. Se você tiver interesse em se tornar Papai Noel ainda neste ano, ou se preparar para atuar em 2019, pode entrar em contato com a Aspanoeis pelo telefone (31) 3234-2105.