Consumo

Shoppings querem se elitizar e lojas de rua se popularizam  

Enquanto promoções tomam comércio nos bairros da capital, malls investem em marcas de luxo

Por Ludmila Pizarro
Publicado em 21 de setembro de 2016 | 03:00
 
 
 
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Shoppings e lojas de rua de Belo Horizonte estão com estratégias diferentes para garantir suas vendas. Enquanto as ruas apostam em promoções e fixar preços máximos na vitrine, shoppings buscam marcas conhecidas para atrair o comprador com maior poder de compra. “Isso é qualificação do mix, tiramos marcas menores e trazemos outras de destaque nacional e internacional, voltado para um público com maior poder aquisitivo. O objetivo é aumentar o tíquete médio”, diz o gerente de marketing do Boulevard Shopping, Paulo Ceratti. O Boulevard inaugurou em 2016 lojas das marcas Granado, Pizza Hut, La Coste e vai inaugurar até o fim do ano uma loja da Zara. O Pátio Savassi inaugurou mês passado uma loja cristais Swarovski e a loja de sapatos Jorge Bischoff.

Por outro lado, as lojas de rua buscam conquistar o público mais permeável à crise econômica baixando e fixando os preços. “A crise econômica tem um impacto diferente nas classe C, D e E do que tem nas classe A e B, por isso, as estratégias são diferentes”, avalia a economista da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL-BH), Ana Paula Bastos. A empresária Luciana Cristina do Carmo aumentou em mais de dez vezes o seu faturamento mensal, passou de R$ 7.000, em janeiro de 2015, para R$ 80 mil em agosto de 2016, adotando o preço máximo da sua loja de roupas em R$ 20. “Estava disposta a vender a loja, mas olhamos a concorrência que estava vendendo tudo a R$ 20 e resolvemos fazer o mesmo, foi a salvação”, conta Luciana que hoje tem três lojas com preços fixos, R$ 30, R$ 25 e R$ 20, no bairro Floresta, região Leste da capital.

Nas últimas pesquisas de intenção de compras realizadas pela CDL-BH foi percebida, segundo Ana Paula Bastos, uma preferência pelas compras nas lojas de rua. No levantamento sobre o Dia dos Pais, em agosto, 51,9% dos consumidores pretendiam comprar um presente em lojas de rua e 30,8% nos shoppings. No estudo feito sobre o Dia dos Namorados, em junho deste ano, 58,9% dos entrevistados pretendiam comprar um presente no comércio de rua e 27,9% nos shoppings.

Passeio. Para Ana Paula, os shoppings tornaram-se uma opção de lazer para o consumidor médio. “Ele prefere comprar na rua e vai ao shopping para se divertir, comer no restaurante”, diz.

A professora Jacqueline de Paula, 48, se encaixa nesse perfil. “Eu prefiro comprar nas lojas da rua, porque o preço é melhor. Tem muito tempo que eu não compro em shopping, porque na Floresta, no Centro é mais barato. Shopping eu vou só para passear”, conta.

Novidades

Marcas. O Boulevard Shopping está negociando para trazes novas marcas para a cidade. O gerente de marketing Paulo Ceratti conta que negociam a marca Mr. Cat e a carioca Via Mia.

Mercado

Opção pelo comércio próprio

Os lojistas de rua que apostam no preço fixo para chamar clientes saíram dos shoppings. Luciana Cristina do Carmo, que tem três lojas com preços máximos de R$ 20, R$ 25 e R$ 30, no bairro Floresta, fechou duas unidades no Shopping Paragem, no bairro Buritis. “Não quero voltar. Na loja, vendo o que quero. No final do ano, até pano de prato coloquei para vender aqui. No shopping tem regra”, diz.

Cláudio Reis, da loja Linhas e Cores, fechou lojas nos shoppings Minas e Del Rey e mantém duas unidades nos bairros Floresta e Ipiranga. Na Floresta, seu preço máximo é R$ 20. “Não volto para shopping por causa dos custos. Quando fechei no shopping, meu custo mensal era de R$ 20 mil”, conta. (LP)

Empresário deve procurar o local onde está seu público

Na hora de optar por uma loja em shopping ou na rua, o empresário deve buscar o local onde vai encontrar seu público. “Não adianta ir para o shopping se não tem potencial de venda. Se o público para quem ele vende vai ao shopping para passear, não adianta investir”, avalia a sócia-diretora da consultoria em inteligência estratégica Vecchi Ancona, Ana Vecchi.

Da mesma forma, Vecchi aconselha buscar o ponto ideal para uma loja de rua. “Se o ponto ideal está a 30 metros, ou na rua paralela, o local disponível pode até ser mais barato, mas a loja vai quebrar, não vale a pena”, diz.

Outra dica da especialista é ficar atento ao concorrente. “Concorrentes próximos ajudam a vender e chamar público. Por essa razão, ruas especializadas costumam funcionar bem”, ensina. (LP)

Boa estratégia

“Compro nessas lojas de preço até R$ 20 sim e acho uma boa estratégia, chama a atenção. Não é uma qualidade excelente, uma roupa para usar numa festa, mas para o dia a dia, funciona muito bem. E o preço ajuda, é muito melhor do que achamos nos shoppings”. Jacqueline de Paula, 48, professora

FOTO: Denilton Dias
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Jacqueline de Paula aprova as promoções para atrair clientes

 

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