Agropecuária

Tecnologia que traça ‘digital’ do leite promete facilitar vida do produtor rural

Sensor feito com fibra ótica desenvolvido na UFJF consegue, de forma rápida e mais barata, apontar qualquer alteração no leite e auxiliar produtores rurais


Publicado em 14 de julho de 2023 | 07:00
 
 
 
normal

Pesquisadores do Laboratório de Instrumentação e Telemetria (LiTel) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) estão em busca da patente de um equipamento, desenvolvido na universidade, capaz de analisar a qualidade do leite com tecnologia pioneira no mercado. Trata-se de um sensor de fibra óptica que, de forma rápida, consegue apontar qualquer alteração no leite. A solução promete auxiliar os diversos produtores de leite do estado e do país.

Uma das principais facilidades que o equipamento traz é que, diferente de como é feito atualmente, o produtor não precisa levar amostras do leite para um laboratório - logística mais demorada e mais cara, que demanda uso de reagentes e análises laboratoriais. O equipamento cabe em uma caixa e pode ser instalado diretamente na fazenda. “Não sei quantos dias demora para o produtor obter o resultado dessa análise em laboratório. Com o sensor, ele pode colocar o equipamento no curral, no chão da fazenda”, exemplifica o coordenador do LiTel, Alexandre Bessa dos Santos.

Como funciona?

O sistema funciona por meio de uma sonda, desenvolvida com fibra óptica, que é mergulhada em um recipiente com leite. Na fibra óptica são feitas algumas alterações para que ela tenha uma interação com o meio externo e emita ondas que serão captadas por um interrogador, que converte a informação recebida e a envia para um computador. O que é lido nesses sinais são os comprimentos de onda, as curvas geradas pela sonda. Tudo que fugir do esperado aponta uma alteração.

Atualmente, as tecnologias existentes permitem avaliar componentes como cálcio, gordura e água. Com a tecnologia desenvolvida na UFJF, é possível ir além e identificar todas as características do leite. A proposta é “analisar o leite como um todo, ou seja, ter uma digital do leite e obter a característica completa”, explica. “Com essa digital, você pode fazer várias análises, desde a alimentação do gado até o processo de transporte do leite. Ou mesmo o armazenamento, para ver se ele está deteriorando, em quanto tempo ele se deteriora”, diz.

Para traçar as curvas, o grupo analisou as características de diversos tipos de leite. “A gente pegou diversas amostras de leite: tipo A, de bezerro novo, de bezerro velho, leite misturado, leite mais antigo, tirado há três dias, ou seja, vários tipos de leite de gado. Com o sensor e o interrogador, a gente conseguiu identificar cada um deles”, conta o coordenador. De acordo com Alexandre, a solução pode ainda ajudar o produtor a se resguardar de qualquer adulteração no leite produzido na fazenda.

Auxílio ao produtor de leite

A tecnologia pode ajudar, futuramente, o produtor a pensar a alimentação do bovino e como ela pode influenciar na qualidade do leite. “Se a gente tem as curvas padrões de um leite com maior cálcio com menor acidez, conseguimos visualizar se a alimentação está sendo boa. A gente consegue ver se o produtor pode melhorá-la, por exemplo, com mais vitaminas”, explica. Essa possibilidade ainda está sendo estudada pelo grupo. Outra possibilidade de uso do sensor é nos derivados lácteos.

Notícias exclusivas e ilimitadas

O TEMPO reforça o compromisso com o jornalismo profissional e de qualidade.

Nossa redação produz diariamente informação responsável e que você pode confiar. Fique bem informado!