O antigo telefone comprado a prestação entre 1975 e 1995 ainda pode valer dinheiro. Muita gente não sabe, mas ao adquirir a linha no antigo Sistema Telebrás, levou também ações das empresas controladas pela holding (em Minas, a extinta Telemig). O tempo passou, a Telebrás foi pulverizada em 12 empresas que foram privatizadas em 1998, mas o direito às ações permanece.

Em valores de hoje, quem comprou uma linha direto da empresa de telefonia tem, em média, de R$ 1.000 e R$ 2.000 a receber. Quem comprou a linha de particulares, provavelmente não tem direito às ações, mas também pode procurar informações.

Para reaver as ações é preciso ter a documentação da época, como o carnê ou a cautela das ações, e ir até o banco depositário ou à companhia. Existem também empresas que fazem o rastreamento das ações e dos acionistas.

Uma delas é a Petra Corretora de Valores. O diretor da empresa, Gustavo Deodato, diz que a maioria das pessoas ficavam satisfeitas apenas em receber o telefone. "Na cabeça do comprador ele estava pagando por uma linha, mas, na verdade, estava investindo em uma empresa de capital aberto que estava ampliando sua cobertura ", afirma. O plano de expansão foi criado para financiar a expansão da telefonia fixa no Brasil.

Ele explica que na maioria dos casos as ações ainda têm validade, mas é como se fossem dinheiro guardado embaixo do colchão. No tempo em que estão fora da Bolsa de Valores (Bovespa) os papéis não têm valorização e o acionista não recebe dividendos. Além de achar ações das pessoas que procuram a empresa, a Petra faz também o caminho inverso: localiza ações perdidas e sai em busca do proprietário.

Foi o que aconteceu com o empresário Ricardo Moreira de Souza. Há cerca de quatro meses ele ficou sabendo que tinha ações da Telebrás. "No início eu fiquei com o pé atrás, depois, chequei a documentação, pedi referências e no fim das contas coloquei R$ 14 mil no bolso", conta. Ele diz ainda que esperou um bom momento na Bovespa para vender os papéis e engordar o dinheiro inesperado.

Souza lembra que na década de 1980 comprou algumas linhas de telefone, mas nunca soube que tinha se tornado sócio das empresas do sistema Telebrás.

A corretora não cobra pela localização das ações. Depois do depósito na Bovespa, a pessoa paga R$ 10 ao mês como taxa de custódia, se optar por ficar com as ações, ou uma taxa que varia de 1% a 5% do valor total no caso de vender os papéis.