Em BH

Um consumidor em cada três admite comprar por impulso

Pesquisa mostra que apenas 25% de quem faz planejamento financeiro conseguem segui-lo à risca

Por Ludmila Pizarro
Publicado em 18 de janeiro de 2018 | 03:00
 
 
 
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Os belo-horizontinos estão baixando a guarda diante das tentações do consumo. Uma pesquisa realizada em dezembro de 2017 pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo de Minas Gerais (Fecomércio-MG) mostrou que pelo menos um em cada três consumidores (34,4%) da capital admite que faz compras por impulso. O índice subiu frente o ano anterior. Em dezembro de 2016 ele era de 31,1%. “Quando vejo uma coisa muito bonita, acabo comprando por impulso”, admite a advogada Marta Fanny Madeira, 34. Ela diz que sua “perdição” são os sapatos.

O número de pessoas que fazem um planejamento financeiro também subiu. Passou de 62,2% em dezembro de 2016 para 69,6% no mesmo mês do ano passado. O problema, segundo o economista da entidade, Guilherme Almeida, é colocar o que está no papel em prática. “Quando abrimos esse dado das pessoas que fazem o planejamento, observamos que apenas 25% delas seguem o planejado à risca. Também chama a atenção que mais de 10% delas planejam e não seguem, e 33,4% executam parcialmente o que planejaram”, diz o economista. Marta Madeira é uma que planeja, mas nem sempre segue. “Faço planejamento no início do ano, mas com o passar do tempo vou perdendo o controle. Quando vejo que comprei mais do que devia por impulso em um mês, dou uma ‘freada’ nos gastos no mês seguinte”, diz.

Almeida afirma que quem faz e segue o planejamento financeiro está menos propenso à impulsividade. É o caso da pedagoga aposentada Regina Estela Zavelinski, 57. “Nunca compro por impulso. Quando vou ao shopping para passear saio de lá sem nenhuma sacola. Agora mesmo entrei na loja de sapatos e vi vários lindos, mas não encontrei o que precisava e não comprei”, ensina. Regina diz que faz uma planilha com os gastos mensais e segue seus planejamentos.

O economista e consultor do site de educação financeira do Mercantil do Brasil, Carlos Eduardo Costa, lembra que as compras por impulso podem levar à inadimplência. “Quando a compra não foi planejada, pode faltar dinheiro para as despesas mensais, e o consumidor tem que buscar um crédito e pagar juros”, diz.

“Para fugir do impulso, a pessoa deve se perguntar: Preciso? Tenho dinheiro? E tem que ser agora?”, aconselha Costa. O advogado João Viana, 34, conta que parou de ir ao supermercado com fome para evitar o consumo excessivo. “Voltava com o carrinho cheio quando ia ao supermercado com fome”, diz. Já o médico Carlaile Franco, 31, aponta as baladas como os momentos em que gasta quase sem controle. “Na noite, acabamos gastando mais do que gostaríamos. Fazemos um planejamento de gastar 100, e a conta vem R$ 200”, afirma.

Poupança

Melhor. O número de pessoas que conseguem guardar dinheiro no mês cresceu, diz o estudo da Fecomércio-SP. Passou de 45,4% em dezembro de 2016, para 51,4% no mesmo mês de 2017.

 

Intenção de consumo sobe 2,3%

SÃO PAULO. As famílias brasileiras começaram o ano mais propensas a gastar, conforme o indicador Intenção de Consumo das Famílias (ICF), apurado pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). O ICF registrou 83,6 pontos em janeiro de 2018, alta de 9,7% em relação a igual período do ano passado, informou nesta quarta-feira (17) a CNC. Na comparação com dezembro de 2017, a alta chegou a de 2,3%.

Apesar do avanço, a CNC destacou em nota que a leitura do ICF ainda se encontra abaixo da “zona de indiferença”, de 100 pontos. O resultado abaixo dos 100 pontos ainda indica uma recuperação lenta do otimismo das famílias.

“Os consumidores seguem melhorando suas avaliações sobre a economia, mas o nível de endividamento das famílias, principalmente o daquelas com menor poder aquisitivo, leva à cautela nos gastos, atuando como um fator restritivo ao consumo”, diz, no comunicado nota, a assessora econômica da entidade, Juliana Serapio.

 

Promoção pode valer a pena

As promoções podem ser uma boa oportunidade de compra, segundo o consultor Financeiro Carlos Eduardo Costa, desde que o produto seja necessário. “Também é importante fazer uma pesquisa e conferir se o preço realmente baixou, ou se é apenas propaganda ”, afirma Costa.

Economista da Fecomércio-MG, Guilherme Almeida lembra que as compras por impulso, quando recorrentes, são prejudiciais até para o comércio. “Ao longo do tempo esse hábito gera inadimplência, o que é ruim também para o varejo”, afirma Almeida.

FOTO: Léo Fontes
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De vez em quando

“Raramente compro por impulso. Tento seguir o orçamento familiar, e se não tenho dinheiro, não compro. Dívida por causa de consumo não faço de jeito nenhum”

Terezinha D’Almeida, 59

gerente aposentada

FOTO: Léo Fontes
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Sem economia

Já aconteceu algumas vezes (comprar por impulso). Uma vez comprei uma máquina fotográfica digital e nunca usei. Com isso, deixo de economizar.”

João Viana, 34

Advogado

 

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