IBGE

Vendas do comércio apresentam maior queda em 15 anos 

Em 2015, varejo acumulou baixa de 4,3% frente ao ano anterior


Publicado em 17 de fevereiro de 2016 | 04:00
 
 
 
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RIO DE JANEIRO. Após 11 anos de crescimento ininterrupto, as vendas do comércio fecharam 2015 com uma queda de 4,3%. É o que revela a Pesquisa Mensal de Comércio (PMC) divulgada ontem pelo IBGE. O resultado anual é o pior da série iniciada em 2001 e o primeiro recuo desde 2003, quando o volume de vendas encolheu 3,7%. No acumulado em 12 meses, a taxa foi a pior desde novembro de 2003 (-4,6%).

Esse comportamento foi acompanhado por um perfil disseminado de taxas negativas entre as oito atividades que compõem o varejo, das quais sete fecharam o ano com queda no volume de vendas.

Os destaques, em termos de contribuição para o resultado global, foram: móveis e eletrodomésticos (-14,0%); hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (-2,5%); tecidos, vestuário e calçados (-8,7%) e combustíveis e lubrificantes (-6,2%). As demais atividades com desempenho negativo foram: livros, jornais, revistas e papelaria (-10,9%); equipamentos e material de escritório, informática e comunicação (-1,7%) e outros artigos de uso pessoal e doméstico (-1,3%).

Na comparação com o ano de 2014, o único setor que apresentou aumento no volume de vendas foi artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos, com 3% de avanço.alta e queda acentuada.

Com a queda de 14% na comparação entre janeiro e dezembro de 2014, o setor de móveis e eletrodomésticos registrou a redução mais acentuada da série histórica iniciada em 2001 e contribuiu com o maior impacto negativo na taxa anual do comércio varejista.

Com uma dinâmica de vendas associada à disponibilidade de crédito e à evolução da massa real de rendimentos, o resultado do setor, abaixo da média geral, foi influenciado principalmente pela elevação da taxa de juros nas operações de crédito às pessoas físicas e pela queda da renda real, entre dezembro de 2014 e dezembro de 2015. A redução das vendas desse segmento reflete também a retirada dos incentivos via redução de impostos, em especial na linha branca, fato que vinha ocorrendo nos últimos anos.

O setor de hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo, com queda de 2,5% no fechamento de 2015, teve o recuo mais acentuado desde 2003 (-4,9%) e exerceu a segunda maior influência negativa na redução do total do varejo. A redução da renda real ao longo de 2015 e o aumento de preços dos alimentos em domicílio, no mesmo período, foram os principais responsáveis pelo desempenho negativo do setor.

Crescimento

Essencial. Embora o desempenho do setor de artigos farmacêuticos e perfumaria possa ser atribuído ao caráter essencial do uso, o crescimento foi o mais baixo da série histórica do setor.


Belo Horizonte acompanha o país



Em Belo Horizonte, o desempenho do comércio acompanhou a queda no país. No acumulado do ano, as vendas do varejo da capital mineira tiveram recuo de 4,34%. Os números também foram divulgados ontem pela Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL/BH).

Para Marco Antônio Gaspar, vice-presidente da CDL-BH, a conjuntura de queda nas vendas acontece “como um todo no Brasil”. “O problema é a crise de confiança. Os empresários não têm motivo para investir no negócio porque com os juros exorbitantes que estão sendo praticados, é melhor manter o dinheiro no banco. Além disso, os impostos cada vez mais altos estão tirando o dinheiro do bolso do consumidor”, reclama o dirigente.
 
Um setor que não tem do que reclamar em 2015, a exemplo do país, é o segmento de drogarias, perfumes e cosméticos em BH que registrou crescimento de 9,2% nas vendas no ano anterior quando comparado a 2014 – acima da média nacional. 

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