Cadeia

Vendida como solução, tabela do frete ainda é só confusão

Exportadores de açúcar reclamam que perdem competitividade no exterior porque custo já subiu

Por Juliana Gontijo
Publicado em 21 de junho de 2018 | 03:00
 
 
 
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O governo avança na concessão dos pontos negociados com os caminhoneiros para dar fim à paralisação de maio, mas ainda não conseguiu resolver uma das principais reivindicações dos grevistas: o tabelamento do frete no país, adotado justamente para inibir preços abaixo do custo. Os autônomos aprovam, mas as transportadoras repudiam a medida, que já chegou ao Supremo Tribunal Federal (STF) e passará por consulta pública promovida pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT).

Na quarta-feira (20), terminou sem acordo a reunião entre caminhoneiros e empresários, em Brasília, para tratar da proposta de tabelamento do frete. O encontro foi organizado pelo ministro do STF Luiz Fux. Na semana passada, Fux suspendeu todos os processos nas instâncias inferiores da Justiça que tratavam da MP e convocou a reunião para buscar consenso. Agora, eles vão se reunir de novo no dia 28. Segundo o ministro, os grupos ficaram de trazer uma proposta intermediária.

Várias entidades do segmento produtivo são contra o tabelamento. Entre elas estão Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg), Associação das Indústrias Sucroenergéticas de Minas Gerais (Siamig), Confederação Nacional da Indústria (CNI), Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) e a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).

Na quarta-feira, durante audiência pública da Comissão de Agropecuária e Agroindústria na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), em Belo Horizonte, a analista de agronegócio Ana Carolina Alves Gomes ressaltou que a CNA protocolou uma ação direta de inconstitucionalidade. “A Faemg também é contra o tabelamento”, diz. Para ela, a medida onera ainda mais cadeia produtiva.

O presidente da Siamig, Mário Campos, afirmou que o tabelamento do frete prejudicou, principalmente, os exportadores de açúcar. “Como o preço do açúcar é internacional, qualquer aumento do frete para nós significa aumento no nosso custo, que não conseguimos passar para a frente. Isso acaba impactando nossa competitividade”, analisa.

Na semana passada, o presidente da Fiemg, Flávio Roscoe, avaliou que o tabelamento do frete desrespeita a Constituição. “Vivemos numa economia de livre concorrência, os preços são livres”, defendeu. Ele cogita ação judicial. (Com agências)

 

Setor só prevê voltar a crescer em 2020

O setor sucroenergético está estagnado há cinco anos, com a moagem de cana-de-açúcar na casa de 65 milhões de toneladas por ano, segundo o presidente da presidente da Associação das Indústrias Sucroenergéticas de Minas Gerais (Siamig), Mário Campos. Durante a audiência pública da Comissão de Agropecuária e Agroindústria na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), ele disse que, para a safra 2018/2019, é estimado manter esse mesmo patamar. “Nos últimos anos, foram fechadas 11 usinas”, diz, sobre a crise do setor.

Com a retomada de duas usinas na região do Triângulo Mineiro, prevista para 2020, a perspectiva é que o setor volte a crescer, chegando a 70 milhões de toneladas de cana-de-açúcar nos próximos a anos, especialmente a partir de 2020. Hoje, Minas Gerais conta com 34 usinas em atividade. É o segundo maior produtor de açúcar no país e ocupa o terceiro lugar na produção de cana e etanol.

 

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